Desafio da interpretação

Desafio da interpretação correta
Há sempre um bom desafio pela frente quando nos esforçamos para entender os efeitos positivos que podemos esperar das relações entre sentimentos, emoções, atributos e valores. Neste artigo vamos apresentar uma síncrese (conjuntamente e simultaneamente) para captarmos o sentido básico, o significado conceitual e a aplicação correta dessas palavras, sob qualquer ponto de vista – seja fisiológico, filosófico, religioso e espiritual.
1. Sentimentos São processos mentais dos quais todas as pessoas são dotadas, independentemente do grau de cultura ou categoria socioeconômica em que vivem. Eles são percepções de natureza essencialmente consciente, associadas ao modo de pensar de cada um. Sentimentos e pensamentos frequentemente andam de mãos dadas uns com os outros. É muito difícil dizer se os sentimentos geram os pensamentos ou vice-versa; compete-nos perceber que geralmente estão associados uns com os outros.
Podemos, também, perceber que os sentimentos são mais conscientes que as emoções, embora possam, em certas circunstâncias, interagir entre si, da mesma forma que o nosso consciente e inconsciente o fazem. Outro aspecto, fácil de perceber é que os sentimentos expressam algum juízo e racionalidade, enquanto as emoções são mais próximas das reações instintivas das pessoas. Por isso mesmo, os pensamentos positivos sempre devem vir em socorro das pessoas quando as emoções se exacerbam.
2. Emoções Embora muitas pessoas confundam sentimentos e emoções como se fossem sinônimos, podemos afirmar que há profundas e radicais diferenças no significado dessas duas palavras, no que elas de fato envolvem. Na verdade, as emoções são relacionadas ao grau de excitação de natureza neurofisiológica, processada pelas amígdalas do nosso sistema límbico, conforme apresentamos no nosso livro Valor dos sentimentos (2012) no seu primeiro capítulo, com o tema Sentimentos e Emoções, com ênfase nestas últimas.
Neste mesmo tema, citamos ali, de passagem, o neurologista António R. Damásio, um dos grandes próceres mundiais nessa área de atividades que, em sua obra O erro de Descartes distingue três tipos de emoções com base nos pressupostos neurológicos, a saber:
• Emoções primárias são comuns a todas as pessoas de qualquer nível sociocultural, sendo consideradas inatas ou reflexas, como, por exemplo, a alegria, a tristeza, a raiva, a surpresa e a principal delas, o medo.
• Emoções secundárias ou sociais são estritamente dependentes de fatores e condições socioculturais. São exemplos deste tipo a culpa, a vergonha, a inveja, o desprezo, o orgulho etc.
• Emoções de fundo estas estão relacionadas com o bem-estar ou com o mal-estar interno e são induzidas por estímulos internos. Elas são originárias de processos físicos ou mentais e levam o organismo a um estado de tensão, causando fadiga, ou a um estado de relaxamento. Elas produzem alterações neuromusculares que, por sua vez, se propagam em variações na postura e nos movimentos.
Assim, sob a ótica materialista, é fora de dúvida que a emoção é um conjunto de respostas químicas e neurais que ocorre toda vez que se altera consciente ou inconscientemente o padrão típico e habitual de qualquer pessoa. Ela é desencadeada quando se quebra o equilíbrio neurofisiológico do funcionamento normal do cérebro, mediante certos tipos de estímulos.
Nos tempos atuais, desde a última década do século passado, em 1995, Daniel Goleman introduziu o termo Inteligência Emocional (título de seu livro), como remédio para conhecermos nossas aptidões sensitivas. Um farto material para conhecermos melhor nossos sentimentos e emoções. Com esse novo conhecimento, novas luzes foram trazidas às pessoas e ao mundo corporativo, cujos dirigentes passaram a se preocupar com o treinamento de líderes voltados para o relacionamento humano, sem abandonar os conhecimentos de liderança tradicionais até então praticados.
As emoções fazem parte de nosso mundo interior, isto é, constituem uma experiência subjetiva. Daí que elas variam de acordo com o grau de espiritualidade de cada um, constituindo o seu perfil de comportamento. Elas variam até mesmo na mesma pessoa de acordo com o momento e o ambiente onde esteja. Ou seja, alterando-se o ambiente e seus interlocutores, altera-se o humor para o bem-estar ou para o mal-estar, criando-se, assim, uma nova perspectiva de relacionamento. No trabalho, quando isso ocorre, altera-se a motivação e a consequência pode tornar-se desastrosa para a pessoa.
3. Atributos No nosso livro A harmonia universal e a evolução espiritual (2006), no capítulo 9 – A primazia do espírito, página 167, nós tratamos dos principais atributos do espírito. É fácil compreender que os atributos do espírito são suas faculdades e “ferramentas” e constituem seus predicados. E mais: os atributos são inerentes ao próprio espírito.
São incontáveis os atributos do espírito. Porém, para fins didáticos, o livro Racionalismo Cristão, em sua última edição, apresenta, nas páginas 40 e seguintes, os dez mais importantes, que são: inteligência, raciocínio, vontade, consciência de si mesmo, domínio próprio, equilíbrio psíquico, lógica, percepção, sensibilidade e capacidade de concepção. O conhecimento e a prática desses atributos contínua e perseverantemente são essenciais para a evolução do espírito durante suas inumeráveis passagens pelo mundo Terra, individualizado na condição de ser humano encarnado.
4. Valores Os valores são qualidades de ordem moral e ética em termos de regras de conduta que os atributos trazem no seu bojo, norteando as pessoas a praticarem boas ações no seu cotidiano. Aqui, também, as pessoas precisam se ajustar de acordo com o ambiente onde atuam. Os valores são nossas crenças no entendimento do que seja o verdadeiro sentido da vida. A regra geral é sempre sermos amorosos, flexíveis e tolerantes.
Caruso Samel
(O autor é militante na Filial Butantã – SP)