Descendo a ladeira

Indicadores econômicos revelam recuperação em alguns setores, a começar pela produção agrícola, cresce a venda de automóveis e a Bovespa negocia maiores volumes com a valorização de empresas. Muito bonito no papel e na mídia, mas tais resultados vão demorar a chegar aos contracheques e à mesa do cidadão comum. Se a economia começa a reerguer-se, tal circunstância não se dá no social, mas a esperança não morre, apesar de medidas alardeadas e que caem por terra por inviabilidade de execução ou por atuação de forças adversas.

Os brasileiros apelam a chavões que repercutiram por todo o país, com grande aceitação pelas mensagens que embutiam. Perguntam, então: “Que país é este?” Já se avolumam sussurros de cidadãos cansados de assistir à decadência moral de autoridades que trazem de volta outro, de sucesso na nossa MPB: “Lá vai o Brasil descendo a ladeira”.

Das necessidades básicas de uma população para o bom funcionamento e desenvolvimento das cidades, destacamos a seguir três. Haverá certamente oportunidade para tratar das demais.

Primeiro um requiém para a saúde. Por favor, parem de dizer que “a saúde pública no Brasil está no CTI”. Para os que ainda não perceberam, os aparelhos que lhe davam sobrevida foram desligados, ela já morreu, embora ainda insepulta assombre os milhões de sem-plano de saúde que imploram à porta de hospitais, centros de saúde e clínicas da família uma consulta médica, o aviamento de uma receita para tentar na Farmácia Popular o medicamento prescrito, um exame laboratorial, um curativo, uma palavra amiga, ai menos um olhar caridoso… antes do “descansem em paz, irmãos”.

Ah, a segurança pública! O que dizer sobre ela, se tomarmos por foco o Estado do Rio de Janeiro, mais precisamente a capital e sua periferia? Policiais são mortos, alguns em serviço, mas não é pequeno o número dos que são flagrados em transgressão. E sem a presença das Forças Armadas, que ameaçam não voltar às ruas.

Por fim, falamos da mobilidade urbana. São estarrecedores as informações que vêm bombardeando e tonteando, por exemplo, a população do Rio de Janeiro. Esse povo que trabalha ou estuda e para se locomover utiliza os ônibus ficou sabendo recentemente que pagava tarifas escorchantes porque era forçado a contribuir com uma caixinha milionária que beneficiava meia dúzia de ladrões.