Nossas duas mentes – II

 Uma teoria espiritual para explicar a mente

No artigo do mês passado, intitulado Nossas duas mentes, dissemos que a expansão da mente ou poder mental ocorre através dos campos mentais (semelhantes aos campos eletromagnéticos de um imã) e operam como verdadeiros campos fluídicos. E dissemos mais que esses campos operam sob o comando das vibrações dos pensamentos, sentimentos e emoções do espírito num processo simbiótico e extremamente rápido da ordem de milésimos de segundos. Ou seja, nós não temos limitações para atuar com todo o potencial do espírito, desde que respeitemos as leis naturais e imutáveis do Universo. Em continuação, vamos estender esse entendimento mais além das percepções dos nossos sentidos físicos, criados para operar no mundo físico.

O conhecimento espiritual que o Racionalismo Cristão proporciona nos permite fazer esse mergulho profundo. Para isso, vamos procurar transcender do que é cotidiano e nos enxergarmos como parte do Todo Universal e suas leis evolutivas. Vamos tratar de uma realidade muito maior que o nosso complexo viver aqui na Terra.

Vamos começar dizendo, como o fez Luiz de Mattos, que nas vastidões do Universo tudo é Força e Matéria, a primeira atuando sobre a última em todos os campos de sua manifestação com o objetivo de fazer cumprir a sua lei maior – a Evolução da Força. Dando um gigantesco salto no espaço e no tempo, na Terra a evolução culminou com o aparecimento do ser humano, um ser integrado nas condições ambientais do planeta, cuja Força, parcela da Inteligência Universal, tem o nome de espírito. A evolução do espírito, que na Terra se dá através das encarnações, é uma realidade incontestável para todos aqueles cuja espiritualidade já alcançou um nível de conhecimento de si mesmo inabalável. Aprendemos também, nos ensinamentos desta Filosofia, que o espírito tem vida eterna e encarna proveniente de seu mundo de origem, trazendo consigo o seu corpo fluídico que, como ele, também é invisível aos olhares humanos.

Daí concluir-se que, nos seus mundos de origem, os seres espirituais são compostos de Força e Matéria, ou seja, espírito e corpo fluídico, já que o espírito precisa desse tipo de matéria para manifestar-se. Fácil fica, então, entender que o corpo fluídico não se destrói quando encarna, assim como, não se destrói quando desencarna. Mas, aqui está o complemento dessa informação: o corpo fluídico não se destrói, não se desintegra, porém se transforma na medida em que o espírito evolui. Já a matéria física (corpo físico) se desintegra quando o espírito com seu corpo fluídico simplesmente a deixa. Ou seja, na sequência das encarnações e desencarnações, sejam elas quantas forem necessárias, o espírito alcança maior evolução e vai diafanizando o seu corpo fluídico para adequá-lo à intensidade de suas vibrações que é função de seu grau de espiritualidade.

Antes, porém, para entender o processo mental, segundo nossa teoria, precisamos antes dar uma noção do que seja um sensor e um transdutor em eletrônica. Um sensor é um dispositivo eletrônico ou órgão biológico que detecta ou sente um sinal ou uma determinada condição física, química, bioquímica ou iônica. Um transdutor é um dispositivo completo, utilizado para transformar uma grandeza qualquer em outra que pode efetivamente ser utilizada pelos dispositivos de controle (um computador, um robô programável, etc.). Dito de outra forma, os transdutores transformam uma grandeza física (vibrações ondulatórias, temperatura, pressão etc.) num sinal de tensão ou corrente que pode ser facilmente interpretado por um sistema de controle, neste caso o nosso cérebro. Neste sentido, podemos considerar um transdutor como uma interface entre o sensor e o circuito de controle ou eventualmente entre o controle e o atuador (motor, lâmpada, LED, campainha etc.). Portanto, o transdutor, normalmente elétrico, eletrônico ou iônico, converte uma forma de energia para efeitos de medição ou transferência de informação. Os sensores podem ser geradores de energia ou atuadores e receptores de energias, respectivamente.

Com esses conhecimentos valiosíssimos, voltemos, então, à nossa teoria da mente e do processo mental que expusemos ao terminarmos o artigo anterior e iniciarmos o presente artigo.

Assim, à semelhança do que foi exposto para um transdutor eletroeletrônico, na nossa teoria, o espírito, através do campo fluídico gerado pela sua energia atuando no seu corpo fluídico, age como atuador de energia (energia espiritual) e o cérebro como receptor de energia, dando-se ao conjunto e ao processo que nele se realiza a denominação de mente ou processo mental de transferência de informação. Concluindo: a mente funciona como um transdutor das vibrações dos pensamentos, sentimentos e emoções geradas e inseridas através dela no cérebro pelo espírito. Este decodifica essas informações para as diversas operações e efeitos que a criatura deseja realizar aqui na Terra.

É por isso que o Racionalismo Cristão recomenda que pensemos positivamente e tenhamos uma mente não só espiritual, mas também carregada de atitudes voltadas para o bem próprio e de nossos semelhantes. Essa é uma inclinação altruística, pois mente não significa apenas uma natureza mental, mas também, polarizada de atitudes, ou seja, o espírito plasma ou molda uma configuração que subentende a existência do binômio mente-atitude.

É essa configuração fluídica que o cérebro recebe através do corpo fluídico – o equivalente do transdutor físico e decodifica para atender aos ditames da vontade humana expressa nos pensamentos, sentimentos e emoções. Quem assim proceder, com vontade firme e poderosa voltada para o bem, carrega consigo uma mente verdadeiramente espiritual, que traz alegria e felicidade, fazendo a lei de atração funcionar em seu benefício e da coletividade.  Tudo o que precisamos para isso é mantermos a nossa mente pura, ligada aos campos superiores da espiritualidade, recebendo deles a energia fluídica que se irradia por todo o Universo, provinda da fonte única de todos e de tudo, enfim, da Inteligência Universal!

      Longe de nós desprezarmos os avanços neurológicos conduzidos pelos neurocientistas António Damásio, Richard Dawkins e Daniel Dennett, os mais proeminentes dentre muitos que procuram e afirmam a priori que a mente é um processo e produto do cérebro.  Suas respostas continuam sendo incompletas e sujeitas a muitas críticas por cultuarem apenas a matéria, desprezando os conhecimentos espiritualistas. Uma coisa é dizer que uma determinada região do cérebro é ativada mediante um estímulo ou durante uma EQM (Experiências de Quase-Morte) ou uma EMER (Experiências Místicas e/ou Espirituais Religiosas); é claro que isso é algo substancialmente diverso de dizer que uma mesma região do cérebro é a responsável exclusiva pelos fenômenos observados. Daí, podermos dizer que a abordagem espiritualista fornece respostas muito mais completas e explicações não forçadas e mais palatáveis ao bom senso. Seria humanamente hilário admitir que um amontoado de neurônios seja capaz de produzir as mais imortais obras literárias, esculturais, musicais e artísticas, bem como, as maiores descobertas feitas pelos cientistas de todos os tempos, só para citar alguns campos da engenhosidade criativa dos homens.

      Alguns cientistas pensam diferentemente dos três citados neurocientistas, como é o caso de Mario Beauregard, neurocientista canadense da Universidade de Montreal, autor do livro O cérebro espiritual – uma explicação neurocientífica para a existência da alma, publicado pela Editora Best Seller em 2010. Ele, também, foi palestrante no I Simpósio Internacional intitulado “Explorando as Fronteiras da Relação Mente-Cérebro”, ocorrido na cidade de São Paulo, entre os dias 24 e 26 de setembro de 2017. Mario Beauregard mencionou dois experimentos conduzidos por neurocientistas que falharam: um, a tentativa de cruzar o homem com chimpanzé para formar o “humanzé”, que falhou por causa de apenas dois cromossomos a mais em favor do chimpanzé; outro, a construção de um capacete, o “capacete de Deus”, elaborado pelo neurocientista norte-americano Michael Persinger, com a intenção de dar descargas eletromagnéticas suaves na região do lobo temporal  – perto das costeletas – e com isso produzir experiências espirituais e provar sua origem cerebral. Testado o capacete no próprio Dawkins, não funcionou! A cada falha, Persinger culpava o voluntário da ocasião. E pasmem! Apesar dos insucessos, o capacete começou a ser fabricado para venda, mostrando que o papel de certos cientistas é lamentável e condenável.

     É por causa de tais fatos que resolvi escrever este artigo e elaborar uma teoria eminentemente espiritualista, sujeita, é claro, como todas as teorias, à comprovação espiritualista ou até mesmo científica.