Novo ano

A história da humanidade nos mostra que somente sob a égide da paz, da justiça, da liberdade, do trabalho construtivo, da concórdia e da colaboração mútua os povos têm conseguido sobreviver, acionando o progresso para o seu próprio bem-estar.

Quão bom seria se os homens procurassem viver sempre dentro da harmonia e da verdade, confraternizando-se não apenas no primeiro dia de cada ano, mas em todos os dias de todos os anos!

No primeiro de janeiro, em que a maioria dos povos comemora alegremente a efeméride da confraternização universal, compartilhamos também desse anseio geral de congraçamento familiar, que se expande por toda parte com augúrios de felicidade para todos.

Pelo evento do Novo Ano almejamos dias mais bonançosos para a nossa querida pátria, tranquilidade e trabalho para o nosso povo e maior bem-estar para toda a humanidade, porque somente o Bem pode aproximar os homens para a grande luta de combate ao mal, que se oculta na discórdia, no egoísmo, na indisciplina, no ódio, no orgulho, na corrupção, na intolerância, no fanatismo e em todos os sentimentos inferiores.

No dia de Ano Bom, como em todos os dias, elevemos ao Alto as irradiações dos nossos pensamentos de paz e o enlevo das nossas almas numa vibração uníssona pela grandeza e prosperidade do Brasil e pelo bem comum de todos os povos deste mundo, ainda conturbado pela falta de certos conhecimentos.

Por ocasião do novo ano as pessoas amigas e os próprios governantes das nações trocam mensagens com votos de paz e felicidade, e isso é uma demonstração de que já despertamos para uma nova era de mais espiritualidade e de mais compreensão, porque a verdade tarda, mas não falha…

Já é tempo de as nações banirem suas discórdias e empreenderem uma ação conjugada para acabar definitivamente com o espectro sombrio e horrendo da fome e da guerra.

A população mundial cresce muito e a produção de gêneros alimentícios aumenta pouco, por conseguinte os governos de todos os países precisam encarar o futuro com mais realismo, objetividade e decisão, para que as gerações futuras não maldigam a nossa imprevidência e o nosso egoísmo, legando-lhes um mundo de pobreza e de misérias morais. Segundo as estatísticas, o mundo conta atualmente com 3,3 bilhões de habitantes; só o Brasil aumenta a sua população ao dobro em cada 23 anos. Assim, teremos uma população de 160 milhões em 1987.

Será um crime de lesa-humanidade se não lutarmos corajosamente, desde  já, para melhorar as condições materiais e morais do nosso viver aqui na Terra, visando sempre a transmitir aos vindouros ensinamentos verdadeiros e cristãos, que os elevem e os orientem, racionalmente, na trajetória de suas vidas, porque um povo, não obstante ter o seu próprio livre-arbítrio, tem a tendência de procurar seguir, talvez por atavismo, as pegadas dos seus antepassados.

Além de registrarmos, aqui, a efeméride do Ano Novo, queremos, também, assinalar uma data magna,  o dia 3 de janeiro, que é bem cara aos que amam o Bem e a Verdade.  Nessa data comemoramos, com respeito e gratidão, o aniversário natalício do saudoso e insigne Mestre Luiz de Mattos, o fundador de A Razão e um dos maiores benfeitores da humanidade, pois foi incansável lutador pelo esclarecimento e pela confraternização dos povos. A sua obra grandiosa de espiritualidade – Racionalismo Cristão – já está sendo difundida por toda parte, como um farol a iluminar as trevas da obscuridade humana.

Publicado em 20 de dezembro de 1964