O pacificador contemporâneo

O país segue rumo à pacificação política, que já poderia estar consolidada, não fosse a paranóia acusatória da Polícia Federal ao presidente da República. As instituições estão firmes e respeitadas, os poderes mantêm sua independência e o discurso presidencial enfatiza a certeza de que assim será até as eleições previstas para 2018. Em resumo, não há crise política e a crise na economia vai afastando-se.  Aparentemente não haverá recaída, e é bom que assim seja, porque o povo não suportaria uma reviravolta.

As perguntas da Polícia Federal ao presidente da República em função de delação de um empresário que sempre terá problemas para justificar o crescimento de seu conglomerado empresarial, formado a partir de um galinheiro com duas frangas e um galo capão, jamais poderão levar à cassação do mandato de alguém, nem mesmo de síndico de prédio do Minha casa minha vida. ”Se liga, gente!” O que poderia criar dificuldades a Michel Temer seria a denúncia do procurador geral da República, Rodrigo Janot, mas 171 votos na Câmara dos Deputados para livrar-se da  pressão o presidente consegue com facilidade. A certeza de vitória em Plenário se fortalece com a concordância do PSDB em manter o apoio ao presidente (a que preço ainda veremos), tornando mais próxima a pacificação. Há, ainda, um trololó da Polícia Federal, que acusa Temer de corrupção passiva, mas nada prova.

A quem devemos esta expectativa de tranquilidade? Estamos diante de um pacificador contemporâneo, homem que soube aplicar sua capacidade de decisão em favor do bem-estar dos brasileiros e alívio para a economia do País: ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal. Com seu magistral voto contrário à cassação da chapa da coligação PT-PMDB à Presidência da República em 2014, abafou essa moderna balaiada que assanhava alguns ingênuos. Era o que a quase totalidade dos brasileiros esperava, porque essa seria a forma de amainar o frisson da oposição, que tinha a pretensão de se alçar ao poder sem eleição, sem voto, sem escrúpulo e sem vergonha.
O que se espera? Que as empresas se recuperem e absorvam mão de obra, que as vendas cresçam, que o índice BV retorne aos níveis que ostentava em seus melhores dias.