O verdadeiro papel da família

A família é a base das sociedades bem constituídas. Pode ser composta por membros de diferentes graus de espiritualidade, sendo núcleo de aperfeiçoamento moral e campo de desenvolvimento psíquico, onde devem ser exercitadas as virtudes do afeto, da lealdade, da fidelidade, da tolerância, do desprendimento, da renúncia e da comunhão de sentimentos. Por mais que no mundo sejam observados hábitos e culturas diferentes, as sociedades bem constituídas são coincidentes ao destacar a importância dos seus núcleos de formação moral, que são sempre os mesmos: as famílias. A manutenção dessa realidade é necessária ao desenvolvimento do ser humano e é por eles organizada.

A harmonia nos lares depende do bom relacionamento conjugal. Entendimento, respeito e tolerância são pressupostos que devem ser adotados pelos cônjuges, sabedores de que os direitos individuais são equivalentes e complementares à estabilidade e ao desenvolvimento do núcleo familiar. Portanto, cumpre ao casal o dever de honrar a família com exemplos dignificantes. O relacionamento entre os cônjuges começa com o comprometimento de serem francos e leais entre si. Desse pressuposto nasce a confiança, que une, dignifica, traz bons frutos e dá exemplos para os familiares.

Os deveres dos pais em relação aos filhos estão registrados na consciência e a fecundidade dos laços afetivos deve ultrapassar o instinto procriador. Firmando-se nos princípios racionalistas cristãos, os pais estarão preparados para cumprir seus objetivos com dignidade. Entre outros aspectos, compreenderão a responsabilidade na formação do ambiente familiar do ponto de vista fluídico, a fim de que haja harmonia e, sobretudo, segurança para o desenvolvimento e a educação dos filhos.

Os filhos têm nos pais seu porto seguro, até que se tornem independentes. Dessa forma, os pais, como fonte de autoridade moral, devem empenhar-se no sentido de dar exemplos dignificantes. As atuais abordagens psicológicas e metodológicas podem contribuir para o êxito do processo educativo. Todavia, o amor que se exterioriza no convívio virtuoso é insubstituível.

Responsabilidades

As relações familiares exigem afinidades de sentimentos e interesses afetivos. Assim, os pais são os principais responsáveis pela educação dos filhos. Atestam senso de responsabilidade quando constroem um lar no qual respeito, fidelidade, ternura, compreensão e disciplina são qualidades espirituais básicas, que proporcionam a aprendizagem da abnegação, a identificação com um reto juízo e o exercício do domínio próprio – condições essenciais para a expressão da autêntica liberdade. Na origem e difusão do flagelo das drogas e dos demais vícios, e dos desregramentos sexuais, grande parcela de responsabilidade pode caber aos pais, na medida em que, negligenciando a educação moral, seja por exposição enganosa da virtude e da ética ou por deficiência em sua vida moral e social, mais escondem que manifestam a elevada missão a que estão ligados.

A criança possui estrutura fluídica em fase de consolidação até mais ou menos os sete anos de idade, circunstância que facilita a tarefa educativa dos pais, no sentido de produzirem impressões e exemplos que serão facilmente assimilados por ela e ensejarão, no momento próprio, o desenvolvimento da sua consciência moral, para que interprete fatos e formule opiniões seguindo a razão. A verdadeira educação, baseada em princípios espiritualistas e ensinamentos virtuosos, preserva ou liberta a criança do medo, do egoísmo, do orgulho e dos complexos de culpa e de inferioridade.

O Racionalismo Cristão, com sua natureza evolucionista, amplia progressivamente o paradigma educacional. Ao contemplarem o aspecto espiritualista da Doutrina, pais e educadores têm um panorama vasto da educação. Nesse contexto, pode-se afirmar que o processo educativo principia na vida intrauterina. Entretanto, é no período infanto-juvenil que os pais precisam estimular, em tom apropriado, justo e prudente, o despertar das potencialidades latentes nas meninas e nos meninos, nas moças e nos moços, corrigindo suas condutas inadequadas.

Autocontrole

Eis o que ensina a doutrina racionalista cristã: ativar nas crianças e nos jovens os atributos e as faculdades espirituais que possuem latentes, auxiliando seu desenvolvimento por meio de vivências elevadas e progressistas. A família é a primeira experiência de socialização da criança. Dessa forma, o autocontrole dos pais é indispensável na construção dos vínculos de uma contínua amizade familiar, onde repousa a melhor garantia para sua perene felicidade. O equilíbrio emocional dos pais é indispensável para o êxito na educação dos filhos, condição que irá repercutir positivamente na sociedade.

Responsáveis pela estruturação do caráter dos filhos, os pais devem observar suas expressões de imaturidade moral, que se apresentam já na fase infanto-juvenil, admoestando-os com segurança, interesse e, sobretudo, amor fraternal ao apurar os argumentos e analisar as circunstâncias formadores da personalidade. Auxiliar os filhos na superação de falhas abrirá campo para seu desenvolvimento pleno e digno. Irão esforçar-se para melhorar a cada dia.

A boa educação dos filhos exige equilíbrio e exemplos dignos dos pais, de modo a evitar a supressão do respeito, que é indispensável ao bom relacionamento e à harmonia familiar. Portanto, os pais devem ser comedidos ao admoestarem os filhos, não se deixando influenciar por comportamentos adversos ou vibrações fluídicas estranhas ao ambiente do lar. De todo modo, os procedimentos dos pais contribuem diretamente para a formação dos laços de confiança dos filhos e auxiliam na formação da sua maturidade, necessária na futura tomada de decisões.

A bagagem espiritual do ser humano é adquirida ao longo de inúmeras existências, refletindo o aprendizado alcançado e o caráter já formado. Aos pais cabe auxiliar os filhos a se despojar de tendências negativas persistentes, que dificultam a evolução durante a existência. Os genitores, ao exercerem sua ação educadora, sem nunca abandonar as expressões de bem-querer e o diálogo franco, demonstram compreensão e respeito, estimulando nos filhos o desenvolvimento dos atributos e das faculdades do espírito. Isso evita revoltas e contestações, tornando as restrições bem compreendidas e aceitas.

A família é moldada sob os sentimentos de amor, dedicação e renúncia dos pais, que colocam acima dos próprios interesses o bem-estar e a subsistência dos filhos, formando laços afetivos fortíssimos, que marcam profundamente o espírito, despertando nele o sentimento da gratidão. Os filhos, portanto, devem ser gratos a tudo que aprenderam com os pais, por todo amor que deles receberam, por seu apoio nos momentos difíceis, pelos conselhos úteis, pelo provimento das necessidades básicas, pelos cuidados diretos com sua saúde e higiene, pela própria vida, enfim.