Um dos objetivos fundamentais dos estudos espiritualistas que o Racionalismo Cristão nos proporciona é o de estimular o uso da razão e do bom senso em todos os atos da vida. Treinar a razão significa ampliar a cada dia o entendimento da realidade à nossa volta, e para tanto é fundamental que o ser humano busque conhecer cada vez mais a si próprio e o mundo no qual está inserido. Dessa forma, procuraremos demonstrar, no presente artigo, que a abertura ao conhecimento é a força motriz do processo evolutivo.
A abertura a novos conhecimentos, o diálogo multicultural e a visão multidisciplinar são sempre bem-vindos e úteis ao desenvolvimento humano quando potencializados pelo esclarecimento espiritual, na medida em que evitam saltos e sobressaltos desnecessários ao longo do itinerário de aprimoramento no qual indistintamente todos os seres humanos estão inseridos.
Fechado em si mesmo e refratário ao dinamismo da vida, o ser humano não consegue livrar-se de comportamentos e paradigmas obsoletos e inadequados, de informações supérfluas e conteúdos ineficazes, de ideias desarticuladas e confusas que servem apenas àqueles que, por assim dizer, malgastam o tempo construindo castelos no ar.
Aperfeiçoar a capacidade de análise e de reflexão sobre as realidades e fenômenos próprios da atualidade e manter-se receptivo à diversidade de saberes e culturas presentes na sociedade propicia ao ser humano uma visão abrangente, que lhe permite decidir com maior acerto e acolher com singular gratidão as inúmeras oportunidades de crescimento espiritual que a vida lhe proporciona.
Dever. No que se refere ao estudioso da espiritualidade proposta pelo Racionalismo Cristão, a abertura ao conhecimento de várias disciplinas é um dever, pois ele deve expandir não apenas o conhecimento relacionado a sua área de atuação, mas todo conhecimento, habilidade e percepção necessários à ampliação dos atributos e faculdades espirituais que lhe são próprios.
A vida apresenta conceitos novos a todo momento. Somos, em verdade, eternos alunos. Quando, além de receptivos às inovações e atualidades, buscamos tudo interpretar à luz da espiritualidade, sentimos a cada novo aprendizado um entusiasmo semelhante ao de uma criança que se surpreende e vibra de alegria com algo inédito que para ela faz toda a diferença.
Confiança. A confiança que nossos parentes, amigos e colegas de trabalho depositam em nós será reforçada se nos empenharmos em ter um saber profundo e diversificado, que vai do conhecimento teórico dos princípios transcendentes de alto valor que alicerçam uma vida ética e construtiva até a exteriorização de condutas que facilitam e estimulam o cultivo de importantes virtudes. Importa igualmente desenvolver habilidades pessoais, como a que nos habilita a bem administrar a própria vida e a nos relacionar adequadamente, com sensibilidade e tolerância, com as pessoas com as quais lidamos e convivemos no dia a dia.
Cabe ressalvar que o aprendizado constante – estimulado em nossas reuniões e encontros e em nosso escritos – objetiva entendimento cada vez mais dilatado da vida e das responsabilidades que todos têm consigo mesmos, com os semelhantes e com a natureza em sua diversidade de ecossistemas. Quando uma pessoa acumula leituras, títulos e conhecimentos com o único propósito de se engrandecer e de ostentar, retendo saberes e aprendizados nas malhas de sua vaidade com receio de que os outros saibam tanto ou mais que ela, acaba por fazer de si uma obscura e triste caricatura.
O tema abordado neste artigo, além de estimular a ampliação de conhecimentos com vistas a uma ampla interpretação do cotidiano e da vida como um todo, guarda estreita ligação com a virtude da solidariedade. E por que afirmamos isso? Porque conhecimento é fluxo, ou seja, não pode ser retido; ao contrário, deve ser difundido e comunicado. O conhecimento considerado à luz da espiritualidade defendida pelo Racionalismo Cristão ultrapassa o aprendizado acadêmico e, por essa razão, contraria a lógica materialista da acumulação improdutiva. Por essa razão, quanto mais ensinamos, mais aprendemos; quanto mais distribuímos saberes, mais enriquecemos nosso cabedal de conhecimentos e nosso acervo espiritual; enfim, quanto mais nos tornamos receptivos ao conhecimento, mais evoluímos.