A ansiedade é um estado marcado por um profundo sentimento de insegurança, muito semelhante à angústia, capaz de provocar no ser humano intensas reações emotivas e condutas inadequadas. Esse fato explica a importância que o tema exerce no contexto atual, caracterizado por sérios dramas e por transformações cada vez mais aceleradas. Defendemos a ideia de que os ensinamentos espiritualistas oferecidos pelo Racionalismo Cristão devem ser aplicados no concretismo da vida humana, como um veículo eficaz na solução de conflitos internos e externos.
Apresentadas essas considerações, à luz de uma concepção abrangente e consciente apoiada em valores ético-morais, procuraremos estabelecer aqui um referencial seguro para as reflexões acerca da importância do gerenciamento dos pensamentos e emoções no combate à ansiedade.
Entre os desafios vivenciados pelo ser humano na agitada sociedade contemporânea, a ansiedade se destaca como um sentimento capaz de anular as manifestações de espontaneidade e criatividade, bem como a possibilidade de construção de uma vida harmônica. É nesse contexto que o autoconhecimento assume excepcional importância, incitando cada um a proceder com ponderação, no sentido de gerir seus sentimentos, aprimorar o senso crítico da realidade e evitar a superestimação dos problemas que compõem o viver neste planeta.
A ponderação a que nos referimos é fundamental, visto que, uma vez desprezada, os valores da liberdade e espontaneidade excluir-se-iam reciprocamente. Com certeza, quando ponderadas racionalmente, as preocupações tendem a se reduzir, possibilitando o livre desenvolvimento da personalidade e a sustentabilidade das relações afetivas.
A ansiedade, reiteramos, caracteriza-se pela insegurança ou pelo medo, que aqui podem ser tomados como sinônimos. Guarda muitas semelhanças com a angústia, distinguindo-se desta por alterações fisiológicas mais intensas, tais como sensação de sufocamento, forte tensão muscular, suor excessivo e aceleração cardíaca.
Muitos ramos da psicologia tentam explicar a origem da ansiedade segundos suas posições doutrinais. Para alguns teóricos, esse estado adviria de uma tendência adquirida por meio de estímulos recebidos do meio. Há, no entanto, psicanalistas que defendem o oposto, concebendo-a como consequência de frustrações afetivas e bloqueios da personalidade. Visto que são muitas as hipóteses que engendram a ansiedade, não nos ocuparemos em explicar-lhe a origem, mas trataremos de apontar-lhe os fundamentos e as formas de combatê-la através dos conhecimentos proporcionados pelo Racionalismo Cristão.
A sociedade deve encarar a ansiedade com a máxima preocupação e seriedade, pois, quando exacerbada, possui inúmeros pontos de contato com a depressão. Ambas, que causam enormes prejuízos psíquicos à humanidade, têm o medo como raiz comum. Este, por seu turno, reflete o desconhecimento da vida em sua mais vasta expressão.
A partir do momento em que o ser humano compreende que sua essência é única e eterna, dando-se conta de que jamais está sozinho, experimenta uma profunda sensação de paz, afastando de si, naturalmente, a tensão e a ansiedade, a insegurança e o medo. Não há, portanto, segredo algum para lutar contra a ansiedade – o que há é a necessidade premente de autoconhecimento e abertura para o transcendente, exteriorizados no amor próprio e ao próximo, na gratidão pela vida, na disposição de trabalhar e ajudar a quem precisa e na força de vontade dirigida para a prática do bem. Com isso, todos podem despertar a consciência sobre seus traços espirituais e suas múltiplas possibilidades de superação. É necessária a exaltação e a vivência de um humanismo saudável, que busque converter a vida em uma elevada e digna oportunidade de crescimento ético e objetivo, sem retirar-lhe a beleza e a poesia de que resultam sua significação e legitimidade.
Uma vez que o futuro se estabelece de acordo com ações realizadas no presente, devemos cada vez mais concentrar nossa atenção nos fatos concretos que fazem parte do aqui e do agora, e não canalizar nossas energias contra expectativas e especulações.
A percepção dos valores que realmente produzem bem-estar e tranquilidade, assim como o desenvolvimento da confiança em nós mesmos e nos processos que regulam a vida com vistas a seu aperfeiçoamento e plenitude, retira-nos de um estado paralisante de alerta que nos impede de entrar em contato com nós mesmos, permitindo-nos rever posicionamentos e ajustar comportamentos.
A certeza de que existe uma realidade espiritual, como nos ensina o Racionalismo Cristão, que tudo sustenta e interpenetra, imprime um relevante impulso ao compromisso de cada ser humano com sua própria felicidade e com a construção de um mundo melhor, mais fraterno e solidário, em que possa perceber seus semelhantes como uma extensão de si mesmo, e não como concorrentes ou algozes.
As sociedades modernas estão fundamentadas em complexos processos organizacionais que não nos cabe aqui mencionar, mas cuja nota principal é a rapidez das transformações. O ritmo acelerado passou a ser uma característica tão normal da vida que a maioria das pessoas não se dá conta de sua relevância na estruturação de suas próprias personalidades ansiosas.
No ambiente muitas vezes inseguro, competitivo e imediatista em que vivemos, é preciso que aprendamos a nos controlar e a fixar nosso olhar nos aspectos positivos da vida, nas pessoas que amamos, em nossa saúde integral, em nossos atributos e faculdades; devemos procurar absorver os estímulos mais importantes do atual momento histórico e incorporar as lições que ele traz consigo. Caso contrário, adoeceremos, asfixiados pela angústia e pela ansiedade.
O autocontrole é, sem dúvida, importante para avançarmos nessa questão, mas o principal objetivo a ser buscado é o autoconhecimento. É ele que nos liberta das amarras situacionais, fortalecendo-nos e impulsionando-nos positivamente em toda a nossa trajetória.
Muito Obrigado!