Como afirmamos reiteradas vezes, a função precípua de nossos estudos em torno da espiritualidade defendida pelo Racionalismo Cristão é ampliar horizontes, e é nessa perspectiva que conduziremos esta reflexão. Tal função é extremamente importante, na medida em que a espiritualidade dá validade a todos os fatos e acontecimentos que vivenciamos. Para pesquisar seu verdadeiro alcance e meditar sobre sua abrangência, impõe-se a todos, como regra geral, o cultivo de uma importantíssima virtude: a humildade. É sobre ela que conversaremos neste encontro.
Afirmamos convictamente que a humildade e a conduta ética compõem o veículo privilegiado do discernimento, devendo ocupar posição de destaque em nossa vida. Ao esclarecer-se acerca da transcendência e conduzir-se, consequentemente, de modo digno e respeitoso, desenvolvendo a acuidade, o senso crítico, o raciocínio e a inteligência, o ser humano saberá tomar boas decisões na vida e dosar habilmente a confiança e a precaução necessárias nas relações pessoais.
Desfrutaremos de tranquilidade se estreitarmos laços de amizade e consideração com pessoas cuja consciência sã e cujo histórico de vida exteriorizam a estruturação de um belo caráter, ao mesmo tempo que ajudamos, com humildade e sinceridade, munidos de uma disposição férrea – sem abrir mão, porém, da força de nosso exemplo –, aqueles que, pela soberba e vaidade, permanecem indefinidamente na infância da vida, ou aqueles que não têm quanto ao verdadeiro e ao falso senão uma ideia vaga, confusa e fantasiosa, que os torna vítimas de si mesmos e de seus instintos grosseiros, pendentes à materialidade e à mentira.
Uma experiência exitosa, sadia, afetuosa, produtiva e nobre deve encontrar sua forma normal de expressão nos valores contidos no campo da espiritualidade. Nesse processo de intensificação do conhecimento da realidade transcendente, surgem espontâneas várias virtudes que servirão como instrumentos de orientação para o ser humano ao longo de sua trajetória. É o que ocorre com a humildade.
A humildade é uma virtude que permite ao ser humano reconhecer os próprios limites e o próprio potencial, facilitando a interação entre os membros de uma comunidade. Essa importante qualidade, ao mesmo tempo que serve de expressão para os sentimentos mais elevados e as ideias mais profundas, permite o exercício da reflexão e torna a vida mais simples, fazendo com que a pessoa, abstendo-se de superficialidades e aspirações vãs, tenha cada vez mais apreço pela qualidade de seus arquivos mentais, que, a bem da verdade, ensejarão consequências diretas em seu organismo.
A verdadeira humildade, produto do amadurecimento espiritual, representa um componente fundamental das relações harmônicas entre corpo, mente e espírito, produzindo efeitos potencialmente benéficos e contribuindo de forma inequívoca para a eliminação de conflitos internos e para o crescimento do ser humano em todas as fases da vida.
Em vista do aprimoramento, deve o ser humano buscar, sempre com humildade, constância e determinação, a meta de um criterioso equilíbrio entre os pensamentos sediados na mente, cujo propulsor é o espírito, e a ação concreta e efetiva, que é demonstrada por sua conduta. Nesse alinhamento reside o fundamento da saúde integral. Vejam a importante relação que se estabelece entre a atitude humilde e uma vida saudável.
Sem dúvida, o esclarecimento a respeito da própria essência e dos mecanismos que integram a vida em toda sua magnitude e pujança será tão mais intenso quanto maior for a humildade. Alimentemos nossas mentes com pensamentos elevados e aspirações sublimes, religando-nos à fonte da vida e do bem: a Inteligência Universal. Assim colheremos, no transcurso de nossa existência, os frutos desse modo de proceder. A reflexão acurada, intensa e contínua sobre a importância de agir com humildade, o empenho em acertar e a vontade de praticar o bem promana da mente esclarecida, que se esforça diuturnamente para responder com coerência e ética às mais diversas demandas da atualidade, como nos ensina o Racionalismo Cristão.
Muito Obrigado!