No campo dos estudos e pesquisas filosófico-espiritualistas a que nos dedicamos através dos ensinamentos do Racionalismo Cristão, é preciso que se diga desde já que não existem diferenças ou nuances entre a atitude proativa e elevada que o ser humano deve buscar constantemente e os mais distintos recortes temporais que este vivencia ao longo de sua trajetória. O que se espera é que, em todos os momentos da vida, por mais difíceis que sejam, o ser humano busque realizar-se por meio de seu aperfeiçoamento intelectual, moral e, sobretudo, espiritual, aliando-se às disciplinas construtivas, que exteriorizam a valorização do bem comum.
Há que ter em mente que a verdadeira esperança de que oportunidades melhores surgirão no porvir guarda estreita ligação com nosso empenho, concentração e disciplina para criá-las. A convicção de que reunimos em nós os talentos e as potencialidades necessárias para construir nosso futuro ilumina nossos passos, representando o fundamento da estabilidade emocional. Contudo, tal proposição leva o leitor a duas ponderações: a primeira, de caráter teórico, está circunscrita ao reconhecimento da autenticidade desse enunciado, mas sem que se busque aplicar na vida prática tais princípios; a segunda – e mais importante – consiste na absorção desse conteúdo teórico e sua consequente aplicação na vida cotidiana, o que acaba por ensejar responsabilidade e compromisso com a felicidade própria e coletiva.
Às indagações de como proceder no futuro, bem como às perguntas acerca dos aspectos da personalidade que devem ser melhorados, é a consciência de cada um que deve responder. Daí a necessidade de constante reexame e autoanálise, conforme vimos mencionando, em todos os nossos escritos. Há que reconhecer que a dramaticidade do momento histórico que ora vivenciamos sufoca o entusiasmo de muitas pessoas, gerando um inadequado sentimento de desânimo. Temos, contudo, de seguir adiante, com a consciência de que o triunfo pessoal não depende exclusivamente das circunstâncias exteriores, mas da confiança que temos em nós mesmos.
Se penetrarmos no estudo das realizações humanas, se analisarmos os pontos divergentes que existem entre as pessoas que obtêm êxito nos mais variados campos da vida e as que, infelizmente, não avançam em seus projetos, veremos que o principal fator que as distingue é a força do pensamento, ou melhor, o uso que fazem dela. Se descerrarmos os bastidores da vida dos vencedores, constataremos que eles são mestres na arte de pensar e concretizar seus ideais.
Pensemos com vigor em nossos projetos, trabalhemos incansável e honestamente para realizá-los; assim seremos felizes. A força do pensamento é uma realidade sempre atual, e com muita razão devemos dela nos valer sempre.
Ao afirmarmos que a mera mudança do calendário não consiste efetivamente em uma transformação, isto é, que a chegada de um novo ano não implica necessariamente a renovação da vida, mencionamos mais uma vez à responsabilidade de cada um em discernir o que é melhor para si, com base nos valores que já citamos. A transição de um ano para outro não configura, em si mesmo, valor algum. Ora, o verdadeiro valor consiste na transformação pessoal, no abandono de hábitos inadequados – sobretudo aqueles que mesclam vaidade e banalidade –, na revisão de atitudes contraproducentes e na disposição sincera de edificar uma nova fase da vida.
De que o final de ano é propício para este tipo de reflexão e que ele nos leva a repensar várias questões existenciais, não temos dúvida. Debatemos alegremente o tema com a sincera aspiração de que as perspectivas e possibilidades suscitadas possam realmente sedimentar os sentimentos mais nobres naqueles que já procuram seguir um caminho virtuoso, além de equipar aqueles que sentem a necessidade de mudança no estilo de vida.
Concluímos com a certeza de que o maior desafio que enfrentamos na elaboração desta reflexão não foi o de propor atitudes positivas ou o de estimular novas ações no ano vindouro, mas o de demonstrar que nenhuma solução, nenhum projeto, nenhuma busca por aprimoramento pode fugir a uma relação pessoal e comprometida com nós mesmos e com o próximo. Ora, é dessa relação, interpenetrada com os valores racionalistas cristãos, que nos enchem de incomensurável confiança e inabalável esperança, que depende a construção de um mundo melhor. Não esperemos, portanto, pelo próximo ano: iniciemos agora mesmo esta belíssima empreitada!
Muito Obrigado!