Se, do ponto de vista do conteúdo, os conhecimentos acerca da espiritualidade superam em profundidade e significação os conhecimentos materialistas e formais, do prisma da expressão humana eles se integram, uma vez que os seres humanos são compostos de Força e Matéria e todos os atos humanos são, em última análise, originários do primeiro elemento. Assim, abordaremos na presente reflexão dois importantíssimos atributos do espírito, quais sejam, o raciocínio e a inteligência.
Os estudos que vimos empreendendo ao longo dos últimos anos, a par de sua relevância e abrangência, exibem em um característico estilo expositivo a suma relevância da compreensão e utilização do raciocínio e inteligência na arte de bem viver. Apesar de não nos ocuparmos exclusivamente desses temas, são esses dois atributos espirituais que, quando bem desenvolvidos, permitem ao ser humano adquirir o vigor moral que permeia uma existência digna, valorosa e produtiva.
Quer pela diversidade de entendimentos existentes na sociedade, quer pela pluralidade conceitual implícita nos termos, quer, ainda, pela exiguidade de textos que tratam do assunto pelo prisma da espiritualidade, a compreensão da dinâmica dos atributos espirituais mostra-se uma tarefa não muito simples. Todavia, é o exercício apurado do raciocínio e da inteligência no sentido de renunciar aos impulsos materializados, às atitudes remissas e às satisfações inoportunas dos sentidos que potencializam a reflexão íntima e sobretudo os valores do espírito.
Viver é fazer escolhas, e estas são mais felizes quando principiam pelos pensamentos racionais e inteligentemente formulados. Fazemo-las bem quando renunciamos ao que é mesquinho, inferior e baixo, buscando o que é grandioso, superior e elevado. Não temos o costume de fazer afirmações radicais e taxativas em nossas reflexões, mas cumpre-nos asseverar que é, de fato, impossível aprimorar os valores espirituais, absolutos e inefáveis sem o uso adequado do raciocínio e da inteligência.
Seria demasiado insensato admitir que alguém que despreza a necessidade de autocontrole diante dos desafios que o mundo constantemente apresenta possa, de alguma forma, realizar-se positivamente na vida. As atitudes equilibradas refletem o bom uso do raciocínio e da inteligência, o cumprimento das normas de moralidade, decoro e educação para com o próximo e para com a sociedade.
A vivência da espiritualidade explanada pelo Racionalismo Cristão permite ao raciocínio e à inteligência humana a imediata percepção da importância de uma conduta lapidar, da virtude de empregar a palavra de forma amena e oportuna, de um estilo de vida reflexivo e ao mesmo tempo dinâmico, otimista e digno, capaz de valorizar o trabalho, a disciplina e a amizade, exaltando a fraternidade não apenas com palavras, mas também com atitudes efetivas.
Para concluir, queremos ressaltar que, ao esclarecer-se acerca da transcendência da vida, reconhecendo o valor da própria essência, e conduzir-se de modo digno e respeitoso, desenvolvendo a acuidade e o senso crítico, o raciocínio e a inteligência, saberá o ser humano dosar habilmente suas ações. Reconhecendo seu valor e, ao mesmo tempo, sua necessidade de constante aprimoramento, a pessoa se põe receptiva às lições que a vida não cessa de lhe oferecer, de modo que, incorporando-as, possa ampliar cada vez mais sua capacidade de raciocínio e a própria inteligência.
Muito Obrigado!