Não há como negar o valor e a importância da conduta moralmente elevada na edificação de uma existência harmônica e saudável, não apenas na perspectiva física, mas sobretudo no aspecto psíquico. As atitudes morais fortalecem os vínculos afetivos e sociais, auxiliam a solução de controvérsias pela via da diplomacia e fomentam o respeito e a dignidade. Precisamente por se tratar de um tema relevante e complexo, solicitamos aos nossos leitores atenção especial a esta reflexão.
No contexto filosófico-espiritualista que permeiam os ensinamentos racionalistas cristãos, o ato moral consiste na ação racional que busca resguardar a dignidade humana. Assim sendo, não concebemos que as atitudes que diminuem o ser humano e ofendem seus direitos possam ser consideradas moralmente válidas. Não alimentamos a visão reducionista e preconceituosa que relaciona moral com sexualidade ou coisa que o valha. A moral, à luz da espiritualidade, é um conceito amplo e ao mesmo tempo simples de ser compreendido e praticado.
O dever moral se concretiza por meio de atos que, acima de qualquer coisa, são fundamentados e coordenados pela razão. Dessa forma, os atos morais encontram sua plenitude no instante em que transcendem às imposições legais e aos costumes sociais, alcançando o equilíbrio e a sabedoria que emanam dos princípios da espiritualidade. Age bem quem o faz não por receio da lei ou da opinião pública, mas por respeito à dignidade da própria consciência.
A razão desempenha, sem dúvida, uma função de grande importância no que concerne à execução dos atos humanos e às articulações no campo da moral, assim como na análise dos pensamentos e das irradiações emitidas. Dizia o filósofo Espinosa: “Os homens, enquanto vivem sob a conduta da Razão, são o que há de mais útil ao [próprio] homem” (Ética, 1677).
Os seres humanos, uma vez que são dotados de raciocínio e livre-arbítrio, guardam em seu interior a consciência do que significa agir bem, agir com moral. Há grupos – e não são poucos – que relativizam o conceito de moral. Contudo, sabemos que, nas mais distintas épocas e culturas, desde as mais primitivas sociedades, atitudes imorais, como a subtração de bens alheios, sempre foram mal vistas e reprimidas, ao passo que atitudes honestas, como dizer a verdade, sempre foram ensinadas e enaltecidas.
Os seres humanos podem desconsiderar e até desprezar os ditames da razão. Isso se dá mormente quando não se busca iluminá-los com o brilho do esclarecimento espiritual obtido com o estudo do Racionalismo Cristão. Nesse diapasão, salta aos olhos a associação direta que existe entre os atos morais e o esclarecimento espiritual. Na verdade, é este último que faz do ser humano um autêntico intérprete da vida e da realidade – não da realidade sensorial, mas de uma realidade ampliada, integradora e inclusiva.
O conhecimento relacionado ao estudo da espiritualidade proporciona o crescimento humano, quer no campo intelectual, quer no campo moral. Tal estudo elimina o tormento da incerteza e fomenta o discernimento, ambos valores imprescindíveis na atualidade. Quebradas as linhas rígidas do materialismo obscurantista e iluminada a mente com os preceitos da espiritualidade explanados pelo Racionalismo Cristão, todos estarão em condições de praticar atos de que jamais se arrependerão, ou seja, atos autenticamente morais.
Muito Obrigado!