A sinceridade é uma das expressões mais sublimes da pessoa que compreende a vida pelo seu aspecto transcendente, razão pela qual tem de ser ressaltada e referenciada de forma eloquente. Urge, ainda, que se combata internamente toda e qualquer tentativa de ofuscar seu brilho, pois o desrespeito à sinceridade representa vil ofensa à dignidade humana, conforme procuraremos demonstrar ao longo da presente reflexão.
Não obstante as transformações por que passa o mundo fomentarem incerteza e insegurança, torna-se imperioso para o ser humano que busca o amadurecimento espiritual reconhecer que os desafios atuais, embora assumam outras terminologias e aparências, representam, na verdade, problemas antigos, fundamentados no preconceito, na intolerância, na vaidade e na prepotência. O reconhecimento a que nos referimos não pode ser superficial e sem consequências práticas; deve, antes, fundamentar-se na sinceridade autêntica, aquela que deriva diretamente da humildade.
O ser humano não precisa participar de grandes eventos ou frequentar cursos especializados para desenvolver a inteligência e a sensibilidade, a honestidade e a criatividade. Tampouco necessita ocupar cargos importantes para forjar seu caráter. É a vida cotidiana que lhe oferece as mais propícias ocasiões para, com sinceridade de propósitos, registrar sua história, de maneira tão mais elevada quanto mais verdadeiro ele for em seus relacionamentos.
A sinceridade faz com que as pessoas reconheçam suas limitações e desenvolvam, por via de consequência, a consciência de que estão inseridas em um processo de erros e acertos. Buscar a si mesmo com sinceridade, a fim de encontrar-se para, assim, interpretar seu próprio papel neste mundo: eis em poucas palavras a missão de quem aprendeu que a vida representa uma oportunidade de amadurecimento e crescimento moral, intelectual e espiritual, como ensina o Racionalismo Cristão.
O ser humano deve, antes de tudo, ser sincero consigo mesmo, com seus momentos, com sua história existencial. É preciso que essa sinceridade seja de tal modo singular e efetiva, que ele não tema a contradição, nem tenha vergonha de mudar de opinião, nem deixe de reconhecer equívocos, nem se oponha, por fim, a adotar novas posturas e opiniões.
Não haja dúvida: quando respeitamos nosso semelhante como a nós mesmos, respeitamos, por extensão, o mundo a nossa volta. Para tanto, é preciso evocar a serenidade, a firmeza de caráter, a opção pelo bem, a consideração, a harmonia interior e sobretudo a sinceridade – valores indispensáveis para a construção de relacionamentos fecundos e duradouros, fundamentados na verdade e na justiça.
Uma vivência sincera não representa apenas a exteriorização de conceitos verdadeiros. Na verdade, trata-se de muito mais que isso: representa a inseparabilidade consciente dos magnos valores do espírito destacados pelo Racionalismo Cristão, que cooperam para a elevação do ser humano e da sociedade, com destaque para a honestidade e a humildade. Buscamos, ao longo desta reflexão, enaltecer tanto quanto possível o valor da autêntica sinceridade, para nós uma virtude preciosa, mas extremamente escassa em nossos dias, joia rara em uma sociedade superficial que valoriza a aparência em detrimento da essência.
Muito Obrigado!