O tema da liberdade – desnecessário seria dizê-lo – é um dos mais importantes no âmbito de estudos dos ensinamentos do Racionalismo Cristão. A verdadeira compreensão do sentido de liberdade opera grandes transformações na vida dos seres humanos, fomenta o bom uso do livre-arbítrio e ilumina a razão. Não intentamos, na presente reflexão, definir essa faculdade espiritual, mas suscitar análises sobre certas atitudes pessoais e experiências sociais em que a liberdade assume excepcional relevo.
Tendo-se em conta que tudo está interconectado, que todos os atos e fenômenos produzem efeitos e que esses efeitos repercutem de maneira ampla, somos levados a crer que os grandes problemas por que passa a humanidade representam, muitas vezes, consequências do modo equivocado como alguns setores da sociedade entendem o conceito de liberdade. Cabe-nos ressaltar que, pelo estudo dos ensinamentos do Racionalismo Cristão, aprendemos que liberdade impõe responsabilidade: eis um princípio que responde a uma imensa soma de interrogações.
Inúmeras pessoas falam em liberdade a todo momento – o que é legítimo e louvável –; contudo, não sabem ser autenticamente livres, pois não se preocupam com o teor de seus pensamentos nem selecionam os ambientes que transitam ou as companhias com que dividem o tempo. Assumem compromissos e tomam decisões – o que não é menos grave – sem meditar sobre suas consequências e desdobramentos. Ora, não basta fazer apologia da liberdade ou ovacioná-la; é preciso integrá-la à própria vida, por meio da superação da vaidade e do cultivo da humildade, dentre outras virtudes.
O progressivo distanciamento de ideias preconcebidas, agressivas, separatistas e injustas, que atentam contra a dignidade espiritual dos seres humanos e dificultam seu aperfeiçoamento ético e moral, deve ser estimulado a todo momento por aqueles que experimentam na vivência cotidiana os autênticos valores da liberdade e da espontaneidade. Tal iniciativa representa e sintetiza o real exercício da espiritualidade. Com certeza, a atitude voltada para a prática do bem e para a valorização do próximo representa consistência de caráter e destacado senso de responsabilidade.
Olhar o mundo, as pessoas e as ideias de maneira contextualizada e integradora para, a partir da observação e da experiência histórica, tomar decisões coerentes e fundamentadas é atitude reveladora de maturidade espiritual, estado que amplia o sentimento de liberdade e evoca profunda serenidade e harmonia interior. Não nos esqueçamos: as ações impetuosas e irrefletidas retêm o indivíduo no campo da mesquinhez, impedindo-o de vivenciar momentos de plenitude e descontração.
Quando abordamos o tema da liberdade, temos de ter claro que a percepção de uma pessoa materialista, imediatista, que dá realce exclusivamente à expansão de seus impulsos e realizações efêmeras, será sempre diametralmente oposta à percepção de uma pessoa que vivencia os valores da espiritualidade divulgados pelo Racionalismo Cristão, cuja visão panorâmica está lastreada pela transcendentalidade. Para esta, o anseio por liberdade não pode, de forma alguma, ofender sua dignidade ou obliterar sua capacidade analítica.
Nesta conclusão, gostaríamos de ressaltar que não conquistam a liberdade os que não se esclarecem espiritualmente. Com certeza, a liberdade não pode ser defendida de maneira particular ou abstraída do conjunto dos valores transcendentes que a fundamentam. Por essa razão, deve ela ser integrada harmonicamente com o senso de responsabilidade, com a força de vontade e com a capacidade de emitir pensamentos de valor. Tal constatação é a mais importante defesa da unidade indissociável dos elementos que sustentam uma vida saudável, produtiva e verdadeiramente livre.
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