Em 2015 tivemos a oportunidade de preparar uma palestra para uma grande empresa paulista sobre o uso de celulares nas empresas. Na época, por uma questão de estratégia do empresário, a palestra foi adiada e nunca foi realizada. Agora, por insistência de alguns leitores de A Razão, o assunto voltou à baila e não pude declinar de atendê-los, dada a relevância que o uso de celulares assumiu nas sociedades modernas.
O uso excessivo e prolongado de celulares por crianças e adolescentes não escapa aos olhares de qualquer pessoa nas sociedades atuais e o Brasil não constitui exceção.
Os impactos negativos são observados por toda parte. Vamos abordar, nesse artigo, alguns impactos e apontar soluções estratégicas e práticas para os pais e educadores em geral controlarem o tempo e o conteúdo para crianças e jovens diante das telinhas. O artigo apresenta, ainda, a importância do desenvolvimento humano e social no uso das novas tecnologias digitais por essa faixa etária e os seus efeitos danosos e benéficos. Por fim, o conteúdo desse artigo pretende, principalmente, alertar os pais com sugestões para a boa educação e formação do caráter de seus filhos e filhas.
Os problemas. É inegável que o uso dos celulares faz parte de nossa vida diária atual, facilitando nosso viver com os benefícios que proporcionam aos usuários disciplinados. Então, por que limitar o seu uso por parte de crianças e jovens? Para complementar o desenvolvimento cultural e social dessas faixas etárias e prevenir seus efeitos danosos na saúde mental e física, quando usados sem limites de tempo e conteúdo. Não podemos fechar os olhos ao avanço das tecnologias digitais dando acesso sadio às crianças e jovens. É preciso alcançar um ponto de equilíbrio nesse propósito e proporcionar aos nossos filhos uma educação salutar. Esse é o impacto que se pretende dar ao conteúdo desse artigo.
A necessidade de disciplinar o uso de celulares. Não é preciso ter um olhar muito observador para notar que a tecnologia dos celulares veio para ficar, impactando nossas vidas como nunca se viu antes. Com o celular em nossas mãos, temos um aparelho para aprendizagem, diversão e conexão com qualquer pessoa cadastrada em qualquer lugar do mundo. Com ele, acessamos fontes de dados poderosas como o Google, Facebook e Youtube, essa última para vídeos abrangendo mais de uma dezena de áreas de interesse educacional. Sem dúvida, essa ferramenta oferece grande quantidade de recursos, como, por exemplo, jogos online, vídeos, artigos filosóficos e científicos, podcasts, músicas para todos os gostos, shows, entrevistas políticas e sociais e por aí vai. Assim, não resta a menor dúvida de que o alcance dessa ferramenta é poderoso, multifuncional e inquestionável. Contudo, é preciso moderar o uso para que não fiquemos na sua dependência, gastando horas e horas de nosso precioso tempo. Daí, a necessidade de disciplinarmos o seu uso para não cairmos nesse terrível vício. Então, torna-se necessário priorizarmos a vida saudável fora das telinhas. É o que queremos para nossos filhos.
O papel dos pais e dos educadores. Todos os pais, professores e educadores sabem muito bem que é na infância e na adolescência que ocorre o desenvolvimento emocional e social de seus filhos e alunos. Vimos, no item anterior, que é nessa fase que se define o seu caráter para a continuidade de suas vidas em família e na sociedade quando adultos. Subtrair ou reduzir a vida de relação com a família e os amigos mediante o uso excessivo de celulares é sumamente prejudicial, pois é nessa fase que se deve dar prioridade às atividades ao ar livre, as brincadeiras, piqueniques e tudo o mais que serve para desenvolver as atividades físicas em geral, fazer amigos, reconhecer os valores da vida, como amizade, amor, humildade, paciência, empatia e tantos outros sentimentos e virtudes valorativas do bom caráter. É necessário reconhecer que essas habilidades são essenciais à vida. Portanto, não permitamos que o uso excessivo de celulares por nossos filhos e filhas venha limitar drasticamente essas manifestações naturais da vida.
Aspectos médicos e consequências. Os cérebros são moldados conforme a passagem do tempo. Os estudos da ciência médica em seus consultórios e neurologistas em seus laboratórios, através de seus pesquisadores, comprovaram que o amadurecimento do cérebro humano, principalmente do lobo pré-frontal, acompanha crianças e jovens até a idade de 25-30 anos. Os estímulos rápidos e sucessivos das telas dos celulares durante longo tempo de exposição causam efeitos nocivos ao ser humano. Longa exposição às telinhas ativa a liberação de dopamina, o hormônio do prazer e satisfação que causa dependência e vicia. Ocorre, por isso, grande aumento na impulsividade que, por sua vez, causa efeitos nocivos mentais e físicos. Isso afeta profundamente o raciocínio e a concentração no processo de aprendizagem. Defeitos visuais são muito comuns. Os consultórios de psicólogos e psiquiatras estão repletos de casos complicados devido ao aumento excessivo da impulsividade. Existe na Internet vasta literatura médica sobre esse tormentoso assunto os quais recomendamos consultar mediante pesquisa com o título desse artigo para mais detalhes.
Conclusão. Para o bom observador, o que ficou dito neste artigo é mais que óbvio. Pais e educadores precisam fazer a sua parte aplicando regras disciplinares aos seus filhos e alunos para o uso correto de tecnologias digitais, especialmente no que diz respeito aos celulares. Administrar o conteúdo e o tempo fora das telinhas virou um desafio que precisa ser enfrentado sem prejudicar o crescimento físico, educacional e mental das crianças e jovens. Façam isso sem imposição e com muito amor, que esse desafio será alcançado para o bem de todos.