Como definir a atitude de quem, em meio à dor e ao sofrimento, encontra forças para ajudar o semelhante? Essa é uma indagação que nos ocorre quando analisamos as tragédias que historicamente se desenrolam mundo afora e constatamos que a violência e o terror não são capazes de sufocar a vontade que aflora espontânea em um sem-número de pessoas de prestar auxílio ao próximo. Debruçamo-nos sobre essa temática na presente reflexão.
Poderíamos definir a atitude de ajudar o semelhante como uma ação elevada e espiritualizada, que mescla harmonicamente a solidariedade com a empatia. Ambas são virtudes valiosas, capazes de impulsionar o aperfeiçoamento ético-moral do gênero humano.
Os atos de solidariedade e empatia confirmam integralmente a inevitável inclinação de todas as pessoas à espiritualidade. Quer admitamos quer não, todos a temos, já que todos somos formados de corpo e espírito, sendo o último o elemento que anima o primeiro.
Sem dúvida, o estudo dos ensinamentos filosófico-espiritualistas defendidos pelo Racionalismo Cristão vem ao encontro dos mais legítimos anseios humanos de desenvolvimento e aperfeiçoamento, representando uma exigência imperiosa para o desenvolvimento consciente e simultâneo dos atributos do espírito. É, assim, por meio de tal estudo que encontramos respostas sólidas não apenas para a pergunta suscitada no início desta reflexão, mas para inúmeros questionamentos análogos e fundamentais.
Algumas correntes ditas de emancipação intelectual, que, tendo surgido a partir da Idade Moderna, se expandem até a contemporaneidade, pretendem incutir na sociedade a falsa ideia de que o homem é um ser unicamente biológico, destituído de uma essência espiritual e imorredoura. Tais correntes, contudo, não conseguem explicar, de maneira racional e satisfatória, manifestações sublimes e elevadas, empáticas e solidárias como as que apontamos no início deste texto. Daí resulta a inconsistência de toda linha de pensamento materialista e reducionista. Aliás, como explicaremos a força do amor se desconsiderarmos a força do espírito e suas manifestações?
Qualquer gesto de solidariedade e empatia dirigido a quem se encontra abalado moral e psiquicamente espelha a essência espiritual comum a todo ser humano. Há que ressaltar que a autêntica solidariedade não se presta a escamotear ambições ilícitas nem reclama aplausos ou reconhecimentos, mas é exercida sem vaidade, arrogância e aborrecimento, de maneira harmônica, serena e espontânea.
Hoje, mais do que nunca, as circunstâncias trágicas recebem maior atenção, têm maior densidade e causam maior impacto na sociedade, o que se deve à força do desenvolvimento tecnológico da imprensa e das mídias como um todo. Todavia, os grupos detentores do poder nem sempre se sensibilizam com o drama alheio, mantendo-se negligentes em muitos aspectos. Para que tal panorama se modifique positivamente é imperioso que a consciência da espiritualidade e do máximo valor de seus princípios se expanda e alcance todos os setores da sociedade. Seguiremos juntos trabalhando nesse propósito.
Alguns escritos e notícias promovem angústia e desassossego. Outros há que restituem a harmonia e fortalecem as pessoas para seguir adiante pelo caminho do bem, da virtude e do autoaperfeiçoamento. Empenhamo-nos para estar no segundo caso. Por essa razão, nunca deixaremos de lembrar a sociedade que é no campo da espiritualidade que estão os sólidos fundamentos para a edificação de uma vida produtiva e feliz, geradora de saúde integral, tanto no âmbito particular quanto na esfera coletiva.
Como definir a atitude de quem, em meio à dor e ao sofrimento, encontra forças para ajudar o semelhante? Eis a pergunta que inaugura esta reflexão. Estamos convictos de que aqueles que acompanham e vivenciam os valores transcendentes propostos constantemente pelo Racionalismo Cristão não terão a mínima dificuldade em responder a ela.