Novo ciclo que se aproxima

O fim de ano inegavelmente representa um tempo propício para balancearmos as ideias, revermos as posições que vimos assumindo no transcurso dos últimos meses e avaliarmos as consequências de nossas decisões. Também é ocasião de projetarmos metas e estabelecermos prioridades para o novo ciclo que se avizinha. Nesse contexto, julgamos válido ressaltar, na presente reflexão, o valor do raciocínio lúcido como instrumento proporcionador de inúmeras e benfazejas realizações.

Raciocinar, no contexto dos estudos racionalistas cristãos a que nos dedicamos, significa estabelecer nexos de causalidade, ou seja, analisar circunstâncias e possibilidades por meio do estabelecimento de relações de causa e efeito. Quando insistimos que as pessoas raciocinem, queremos que elas meditem sobre suas ações, prevendo as possíveis consequências e desdobramentos de seus atos, a fim de que se empenhem em agir de tal maneira que colham sempre que possível resultados benéficos, úteis e produtivos.

Aqueles que costumam dar o devido valor ao raciocínio e se preocupam com as consequências de seus atos, ao olhar para o ano que caminha para o final, podem reconhecer, sem leviandades, que, a despeito dos muitos desafios e lutas que tiveram de encarar, conseguiram levar a bom termo seus compromissos e responsabilidades e, por essa razão, devem se considerar felizes e revigorados. Ninguém está livre de dissabores e decepções, mas não há dúvida de que, quando se raciocina com acerto e discernimento, os contratempos são compensados pela consciência do dever cumprido. Aliás, no que se refere à consciência do dever cumprido, é importante esclarecer, para a ampliação de nossos conceitos, que ela é ao mesmo tempo causa e efeito: é, por um lado, a causa da felicidade e, por outro, o efeito do raciocínio lúcido.

É notório que o mundo tem passado, nos últimos meses, por profundas transformações, não apenas nos campos científico e social, mas também ético. A realidade de que somos interdependentes e de que estamos interconectados, perceptível há muito pelo estudo do Racionalismo Cristão, tem se mostrado inexorável e indiscutível. Se a humanidade se empenhar em compreender a profundidade e o sentido de tal realidade, certamente poderemos esperar um futuro mais fraterno e solidário.

Não se deve esquecer que a experiência espiritualista, que diuturnamente buscamos empreender por meio do desenvolvimento dos atributos espirituais, tem como consequência direta o empenho em agir com correção, responsabilidade e benevolência, visando não apenas benefícios pessoais, mas também coletivos. Por essa razão, estamos sempre a repetir que a conduta ética e espiritualizada ultrapassa em muito o dever de legalidade, ou seja, o dever de adequar a conduta à norma legal. A vivência fundamentada nos valores do espírito exige mais que o cumprimento das regras: impõe integridade, boa-fé, empatia e amor ao próximo. Nesse sentido, devemos nos preocupar não apenas com objetivos pessoais, criando metas e estabelecendo propósitos individuais, mas sobretudo com o bem-estar da coletividade que integramos e que nossos descendentes integrarão.

Procuramos, no transcurso da presente reflexão, enfatizar o atributo do raciocínio e estimular o seu bom uso. É perfeitamente oportuno, se não imperioso, que, em uma época de incertezas e projeções como a atual, abordemos o tema da racionalidade mesclando-o com o discernimento e a lucidez.

Cumpre ressaltar – e isto é da maior importância – que não deixa de ser um ato de refinada racionalidade o cuidado e a consideração que devemos ter com quem nos é próximo. Devemos valorizar nossos entes queridos e amigos sinceros, estreitar e consolidar laços afetivos e ser gratos, sim, pelo que temos, mas acima de tudo pelo que somos. Feliz Ano Novo e até breve!