O antídoto da frustração e o motor da felicidade

Dizer a uma pessoa que ela deve exercer a vontade de maneira positiva e vigorosa pouco significa em termos práticos, se junto a este conselho ou orientação não vier uma explicação racional e clara de que é a partir do bom direcionamento da vontade que advém a felicidade. A fim de ampliar o conhecimento acerca do uso adequado da vontade e eliminar confusões sobre seu conceito, nós a analisaremos, na presente reflexão, à luz da espiritualidade proposta pelo Racionalismo Cristão.

A vontade é um atributo do espírito comum a todos os seres humanos. Quando conscientemente articulada, proporciona, de maneira eficaz e satisfatória, o planejamento, a execução e o alcance de metas e objetivos.

É a vontade exercitada positivamente que permite às pessoas o desenvolvimento da importantíssima habilidade de invalidar e sobrepujar não apenas sentimentos sabotadores, mas também impulsos inadequados e pensamentos negativos que impedem a realização dos mais nobres ideais.

No campo de nossos estudos filosófico-espiritualistas, não concordamos com a ideia reducionista de que o vocábulo “força” seja um termo exclusivo da física, pois sua carga semântica transcende enormemente o estudo desta matéria. Por essa razão, denominamos a vontade direcionada à superação dos obstáculos e dificuldades internas e externas de força de vontade.

A força de vontade, além dos benefícios já mencionados nesta reflexão, permite o desenvolvimento da abnegação, da tolerância e da capacidade de completar uma tarefa ou projeto iniciado. É ela que impede que o ser humano pare a meio do caminho nas iniciativas de longo prazo que busca realizar. Assim, a força de vontade é o antídoto da frustração e o motor da felicidade. À medida que a pessoa se empenha em visualizar a vida pelo prisma ampliador da espiritualidade, tal realidade se torna para ela cada vez mais evidente.

Há uma circunstância particular pertencente ao estudo da força de vontade que chama a atenção e reforça sua importância: qualquer pessoa pode entender o valor da vontade vigorosa. Todavia, o estudioso da espiritualidade tem consciência de que a vontade assume a plenitude de sua significação quando se dirige ao aperfeiçoamento ético-moral e ao crescimento espiritual do ser humano, e não à conquista de bens materiais ou de posições de destaque. Não que a pessoa espiritualizada deva sentir repugnância pelas conquistas materiais; não se trata disso. Na verdade, ele sabe muito bem da importância de tais conquistas, mas tampouco desconhece que elas são efêmeras. O autêntico aperfeiçoamento espiritual, oriundo da força de vontade voltada para a prática do bem, se agrega ao patrimônio espiritual de maneira irreversível e perpétua, e por essa razão deve ser priorizado.

Cabe salientar que, se a legítima aquisição dos bens materiais, necessários à vida e à dignidade humana, exige boa disposição de ânimo, disciplina e amor ao trabalho, com muito mais razão as conquistas espirituais reclamam, por ser muito mais grandiosas e excelsas, ainda maior energia, firmeza e força de vontade.

A harmonia interior depende do feliz encontro do querer com o realizar, o que na realidade somente se alcança com uma vontade sólida e forte fundamentada em pensamentos positivos e em atitudes de valor.

O conhecimento transcendente da vontade, quando traduzido pela ação vigorosa e constantemente dirigida à prática desinteressada do bem, predispõe o ser humano a se identificar com um conjunto de valores, elevados e sublimes, que o fortalecem sobremaneira, abrindo espaço para uma experiência de vida inteiramente renovada e produtiva.

Muitos reconhecem o valor da força de vontade, mas têm dificuldade em exercitá-la e em mantê-la diante das dificuldades da vida. Quase sempre se deixam vacilar quando confrontados pelos desafios. Contudo, este panorama poderá se alterar desde que se lhes demonstre o nexo existente entre a força de vontade e a conquista da felicidade. Foi justamente este o nosso objetivo ao elaborar a presente reflexão. Esperamos tê-lo alcançado.