Uma parte considerável da população mundial padece, nos dias atuais, das consequências de um estilo de vida marcado por uma profunda inquietação emocional, que desencadeia, por seu turno, uma série de distúrbios psíquicos. Estes não somente dificultam a concretização de projetos de longo prazo, mas sobretudo impedem a conquista e a manutenção da saúde integral. Na presente reflexão, analisaremos as raízes da inquietação e as formas de superá-la, tema que guarda estreita ligação com a espiritualidade divulgada pelo Racionalismo Cristão e, ao mesmo tempo, tem uma relevante dimensão social.
As pessoas, ao longo da vida, fazem importantes escolhas, que definem os contornos de sua existência: há quem opte por colocar-se receptivo ao aprendizado, à ética, à transformação positiva oriunda da abertura à espiritualidade; há também, por outro lado, quem se deixe conduzir pelos apelos da matéria, sem critério e sem razoabilidade, alimentando constantes e dolorosas divisões e incidindo em uma desvalorização progressiva da própria vida, marcada por profundas e cáusticas inquietações. Poderão porventura as duas opções equivaler-se e oferecer ao ser humano oportunidades de estabilidade emocional e qualidade de vida? Evidentemente não.
Na verdade, a inquietação emocional se enraíza no mau uso do livre-arbítrio e é, na maioria das vezes, consequência de opções irrefletidas. Todavia, sempre é tempo de rever escolhas e aprimorar a conduta. Nesse sentido, há que ressaltar que a vivência dos valores da espiritualidade proposta pelo Racionalismo Cristão confere ao ser humano uma peculiar capacidade de decidir com acerto e dignidade, permitindo-lhe vencer as desestabilizadoras inquietações.
Tendo em conta que a inquietação emocional está, em muitos casos, vinculada ao apego ao poder e ao inadequado desejo de possuir um número cada vez maior de bens materiais, convém reafirmar o grande valor contido no provérbio que assinala que mais vale ter o suficiente para sobreviver condignamente e com a consciência tranquila do que buscar o excesso e o supérfluo, que inquietam a mente e perturbam o espírito.
Logo, a consciência tranquila e a quietude de alma constituem verdadeiro escudo contra toda forma de exploração e desequilíbrio psíquico.
A pessoa esclarecida espiritualmente através dos ensinamentos racionalistas cristãos conserva puros e elevados seus pensamentos, pois sabe que a calma e a serenidade que advêm de tal atitude lhe permitem vislumbrar a realidade de forma mais clara e decidir com maior apuro e racionalidade. Em sentido contrário, o comportamento da pessoa impetuosa e desatenta à necessidade de manter o equilíbrio em todas as situações da vida é grandemente lastimável, levando-a quase sempre a decidir de afogadilho e atabalhoadamente, em prejuízo de si mesma e de seus projetos.
O estudioso da espiritualidade segue conscientemente o caminho de uma reflexão raciocinada, atendo-se fielmente aos conceitos e princípios com os quais se identifica; ademais, sua vida é marcada pelo bom senso e pela vontade constante de aprimorar o caráter, o que suscita entre aqueles que admiram sua conduta uma expressiva análise sobre temas antes ignorados.
O espiritualista acredita em si mesmo e no bom uso que é capaz de fazer de seus atributos e potencialidades. A única forma de inquietação que admite é a que o convida a manter-se sempre vigilante e atento ao dinamismo da vida e à multiplicidade de circunstâncias que constantemente o envolvem.
Não é ilegítimo ao estudioso da transcendência refletir e opinar sobre questões políticas e geopolíticas, ou até mesmo atuar, com prudência e moderação, de acordo com seu conhecimento e instrução, na solução de problemas dessa ordem. O que não é desejável para ninguém é alimentar uma inquietação tão inadequada quanto ao futuro político de seu país e do mundo que o leve a negligenciar os compromissos atuais em relação a si mesmo, a seu desenvolvimento e a seu aperfeiçoamento espiritual.
Sem dúvida, amigos, tanto mais se fortalece e se estabiliza emocionalmente quem tanto mais se esclarece a respeito de sua própria essência e dos mecanismos que integram a vida. Nessa perspectiva, a capacidade de fazer opções que gerem estabilidade emocional e, ao mesmo tempo, dissolvam eventuais inquietudes é resultado do autoconhecimento e da experiência cotidiana dos princípios espiritualistas do bom senso, da racionalidade, do discernimento, da consciência da transitoriedade da matéria e da perenidade do espírito. Tais princípios, divulgados e defendidos pelo Racionalismo Cristão, apontam o caminho seguro que conduz o ser humano à identificação de seus valores intrínsecos e, como consequência, à harmonia psíquica, que está na base da felicidade pessoal e da prosperidade coletiva, constituindo o alicerce da saúde física e psíquica.