Fichte, destacado pensador do idealismo transcendental

Johann Gottlieb Fichte (1762-1814), um dos primeiros e mais destacados pensadores da corrente filosófica alemã denominada idealismo transcendental, fundada por Kant, nasceu na cidade de Rammenau, Alemanha, e faleceu em Berlim. Estudou no Colégio de Pforta e, ainda muito jovem, foi induzido a fazer um curso de teologia. Estudou também nas universidades de Iena, Wittenberg e Leipzig.

Em 1791, já amigo e aluno de Immanuel Kant (1724-1804), Fichte pediu ao mestre que lesse o manuscrito de sua primeira obra, inteiramente dentro do espírito kantiano, intitulada Tentativa de uma crítica de toda a revelação. Nomeado, em 1794, professor da Universidade de Iena, aí permaneceria até 1799. Seria nesse período que escreveria suas obras mais importantes e originais.

Fichte participou da resistência nacional durante a guerra da França contra a Prússia, foi reitor da Universidade de Berlim, onde liderou o movimento nacionalista dos estudantes, e fez propaganda patriótica durante os ataques de Napoleão Bonaparte à Alemanha. Mas Fichte tornou-se ateu e por isso foi demitido da Universidade de Iena. Porém depois passaria a dar mais importância à ideia de que a fé religiosa supera a “razão da moral”. Ademais, desenvolveria um idealismo também de ordem moral, fundamentado na crença em um absoluto infinito e transcendente, e identificaria Deus com a ordem moral do Universo.

Segundo um historiador da filosofia, não há dúvida de que Fichte foi influenciado também por Baruch Espinosa (1632-1677) e outros pensadores, mas nota-se que a influência de Kant em sua obra é mais evidente.

Fichte contribuiu para a filosofia com ideias sobre a consciência, a liberdade, a ética, a filosofia moral, a filosofia social e a filosofia da ciência. 

Consciência – Segundo ele, essa faculdade mental do ser humano, a consciência, não precisa de outro fundamento além de si mesma – o conhecimento parte do sujeito, não do fenômeno. “A auto-referência prática é a base de toda a filosofia.” 

Liberdade – A ação no mundo, defende ele, é necessária para afirmar a liberdade, “e a educação deve ser guiada pela vontade humana de auto-realizar a liberdade”. 

Ética – A exposição da identidade normativa de pessoas é anterior a qualquer fundamento de uma ética específica. O pior vício é a preguiça, e todos os outros decorrem dele.

Filosofia moral – O ponto de vista social-político de Fichte – uma mistura de opiniões do direito natural com uma concepção de Estado “todo organizado e organizador” – conduz finalmente a uma espécie de socialismo racional.

Filosofia social – Existir é confrontar os obstáculos da vida, pois assim pode-se predicar o Eu.

Filosofia da ciência – Fichte considerava que o saber gera sua relação teórica e prática com o mundo e consigo mesmo espontaneamente.