História do racionalismo – 139
Conhecido por sua busca pela reconciliação entre natureza e espírito, e pela Filosofia da Identidade, que busca a unidade do Absoluto, o filósofo alemão Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling é também um dos principais representantes do Idealismo, movimento filosófico que floresceu na Alemanha entre o final do século XVIII e a metade do XIX.
Schelling nasceu em 27 de janeiro de 1775, em Leonberg, então ainda uma pequena cidade de um dos grandes estados da Alemanha – o Baden-Württemberg; e morreu em 20 de agosto de 1854, em Bad Ragaz, um distrito da Suíça.
Ele licenciou-se em filosofia aos 15 anos; aos 16 ingressou no seminário protestante de Tübingen, onde foi condiscípulo e amigo de outros dois jovens — Hölderlin (futuro poeta) e Hegel (futuro filósofo do Idealismo); aos 18 editou sua primeira obra; aos 20 licenciou-se também em teologia; dos 21 aos 23 estudou matemática e ciências naturais em Leipzig, frequentou os cursos de filosofia de Fichte, em Iena, e dedicou-se a estudar a obra filosófica de Immanuel Kant e a do próprio Fichte, ambos já referenciados nesta história do racionalismo.
Ao escrever seus livros Ideias para uma filosofia da natureza e Da alma do mundo, também aos 23 anos, Schelling conquistou a admiração e amizade do maior e mais famoso poeta alemão, Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), que o indicou para a cátedra de filosofia na Universidade de Iena.
Em 1803, transferiu-se para a Universidade de Würzburg e em 1806 mudou-se para Munique, cidade em que permaneceria durante muitos anos.
Em 1820, Schelling lecionou em Erlangen e em 1827 retornou a Munique, em cuja universidade lecionou até 1831, mesmo ano em que Hegel morreu, o que propiciou a Schelling ser chamado para ocupar, na Universidade Humboldt, de Berlim, a cadeira de filosofia desse seu ex-colega. Ali lecionaria para nomes como Søren Kierkegaard, Friedrich Engels, Bakunin e Alexander Humboldt. Em 1847, Schelling deixaria de lecionar, e sete anos depois morreria, aos 79 anos.
Filosofia da Identidade. Embora diferentes na essência, diz Schelling, natureza e espírito formam um todo. E a esse todo o filósofo daria o nome de Absoluto, “a unidade infinita geradora da existência”.
Schelling busca demonstrar, em sua Filosofia da Identidade, que a natureza e o espírito (o real e o ideal) são manifestações de uma única realidade absoluta, transcendendo a dicotomia sujeito-objeto, e que a compreensão da realidade está em sua unidade indiferenciada. O filósofo postula que existe uma realidade fundamental, um Absoluto, que é tanto natureza quanto espírito, dependendo da perspectiva com que o observamos.
A natureza, diz Schelling, é um organismo vivo, e não um mecanismo morto. O espírito e a natureza, sustenta ainda ele, não são duas substâncias separadas, mas sim aspectos de uma única realidade.
Estética. Em sua obra filosófica Schelling salienta também a grande importância da estética e considera a arte um ponto de encontro entre a natureza e o espírito, encontro no qual a verdade absoluta pode ser percebida.
Influências. Observa-se na obra de Schelling notória influência de Fichte, mas ele foi influenciado também por figuras de destaque do Romantismo, como os irmãos Schlegel, Tieck e Novalis.
Obras de Schelling. Sistema do idealismo transcendental (considerado seu livro mais importante); Filosofia e religião; Ideias para uma filosofia da natureza; Da alma do mundo; Sobre a história da filosofia moderna; e Primeiro esboço de um sistema da filosofia da natureza.