Comportamento inteligente

Podemos afirmar que: o comportamento mais adequado e inteligente de quem vivencia uma decepção ou adversidade consiste em reconhecer sua eventual parcela de responsabilidade quanto ao ocorrido e, em ato contínuo, recorrer aos próprios atributos espirituais, donde emanam a fortaleza e o vigor necessários para esclarecer ou resolver a situação. Quem assim se comporta age com honestidade, correção e sobretudo inteligência.

Ao falar sobre comportamento, devemos mencionar que os estudos que os vinculam tão somente aos aspectos materiais da vida costumam dar pouco espaço para as análises mais profundas acerca das iniciativas e atitudes eficazes, inteligentes e elevadas que o ser humano deve empreender diante de uma forte decepção ou infortúnio, a fim de conservar o equilíbrio emocional e psíquico tão necessário nessas horas.

Na verdade, quem pretende manter a coerência e a harmonia interior diante das situações desagradáveis que vivencia deverá aprofundar-se no estudo da espiritualidade, como a proposta pelo Racionalismo Cristão, e conhecer-se cada vez melhor, pois identificando suas limitações saberá, com humildade e sinceridade, rever posicionamentos e consertar erros, ao mesmo tempo que, vislumbrando suas potencialidades interiores, conseguirá se motivar e se fortalecer para superar com inteligência as circunstâncias difíceis, que não toleram soluções ilusórias e infantis.

Na direção do que dissemos anteriormente, o nível de superficialidade e materialismo com que se tratam, de forma geral, os comportamentos humanos se faz notar nos mais diversos setores da sociedade, sobressaindo mui flagrantemente nos alarmantes índices de desequilíbrio psíquico de que nos dão conta as pesquisas sobre saúde mental realizadas em diversos países. Sem estudar de maneira mais profunda as causas dos dramas humanos, a pessoa, ao sofrer o impacto de uma decepção ou adversidade, por não ter acesso amplo a subsídios fortalecedores e esclarecedores, como os que são defendidos e divulgados pelo Racionalismo Cristão, sente-se incapaz de, por meios próprios e recursos emocionais internos, superar o sofrimento que vivencia.

A análise mais profunda dos efeitos devastadores sobre o equilíbrio emocional em relação à pessoa que adota comportamentos irrefletidos e imaturos expõe dois grandes problemas: o desconhecimento da espiritualidade e o apego excessivo à matéria. Ambos se agravam de forma exponencial quando os seres humanos, deslumbrados pela vaidade, não se empenham em tomar decisões que, embora exijam disciplina e renúncia, ensejam bem-estar e tranquilidade de consciência.

Desculpem-nos, amigos, se nos posicionamos de maneira enérgica e enfática no tocante a essa questão, mas é inaceitável, a nosso ver, que o ser humano, portador de uma essência indestrutível e de uma imensidade de potencialidades, atributos e faculdades espirituais, se permita enfraquecer, acovardar e auto anular diante de situações delicadas e complexas que, em que pese a eventual carga de dramaticidade que venham a ter, permitem àqueles que se comportam elevada e inteligentemente colher lições de inestimável valor e importância.

Cabe destacar que o estudo sério e criterioso da espiritualidade tem como objetivo básico a clara identificação dos mais dignos comportamentos a ser assumidos diante das decepções e desenganos a que todos estão sujeitos neste mundo. Com certeza, tal identificação é o ponto de partida para as mais dignas e inteligentes decisões e condutas, por meio da articulação inteligente dos valores espirituais e a vivência cotidiana.

Ao mencionarmos a expressão “valores espirituais”, fazemos referência ao conjunto de atributos espirituais e princípios que transcendem os interesses imediatos, cuja importância não se mede com a régua do materialismo: falamos, por exemplo, da probidade, da sinceridade, da empatia, da solidariedade, da disciplina, da responsabilidade, do amor ao trabalho, enfim, do respeito à vida em todas as suas múltiplas dimensões. Em verdade, a vivência de tais princípios nos permite enfrentar com maturidade, serenidade, coragem e lucidez os desafios existenciais, com a certeza da vitória e do crescimento espiritual a ser conquistado e armazenado no indestrutível acervo das experiências.

O comportamento inteligente a que fizemos referência ao longo da presente reflexão só alcança sua plenitude quando fundamentado em uma ética espiritualista capaz de estimular o respeito próprio e ao semelhante e, sobretudo, a autoconfiança e a certeza da eficácia dos valores ou atributos espirituais que todos possuem. Uma última observação é digna de nota: dá-se com os comportamentos inteligentes o que se dá com os hábitos – ambos se conservam e se ampliam pela repetição e pela constância. Assim sendo, empenhemo-nos constantemente em nos comportar de acordo com os princípios e os valores da espiritualidade que absorvemos no Racionalismo Cristão.