Renato Cardoso, militante espiritualista da Filial Vicente de Carvalho (RJ), professor.
Caro leitor, este artigo faz parte do discurso que proferi como paraninfo por ocasião da formatura dos meus alunos do ensino médio do colégio onde leciono.
Entre outras mensagens do texto, destaco o seguinte trecho para reflexão.
“Passei algum tempo pensando o que eu poderia dizer a vocês e quase que imediatamente me veio a lembrança dois grandes educadores que muito contribuíram para o meu crescimento pessoal e intelectual. Minha mãe e meu pai!
Mamãe (quanta sabedoria!) com a simplicidade de uma costureira, dizia a mim e aos meus irmãos “que na vida sempre déssemos ponto sem nó”, ou seja, façam sempre pelo prazer de fazer sem esperar nada em troca!
Papai, como homem de marinha, ensinou-me a segurar firme no leme, dizendo: “imediato (apelido carinhoso quando se referia a mim com quatro ou cinco anos que é o oficial subsequente ao comandante do navio), não se iluda, ao contrário do que pensa a maioria, na vida não estamos todos no mesmo barco! Estamos sim, na mesma tempestade, mas os barcos são diferentes. Acreditem!
Trago, engatilhado na memória, muitas lições que eu ouvi da boca daquele homem que só tinha cursado até o terceiro ano primário, todavia os seus conhecimentos vinham da experiência de uma vida humilde, honesta e, principalmente, vibrante com várias leituras que consumiam o seu tempo!
Papai tinha uma forma curiosa de educar. Sempre o fazia através de histórias que contava enquanto reparava as bússolas das embarcações dos pescadores da Praça XV, numa pequena oficina que há no redondo de popa (nos fundos!) da nossa casa.
Suas histórias continham sempre algum fundo moral que, invariavelmente, finalizava dizendo: “Tá vendo, imediato? Tá vendo?”
Confesso que na minha inocência de tão pouca idade, quatro, cinco ou seis anos, era muito imaturo para entender o enredo daquelas histórias com as quais pretendia educar-me, mas aquele “tá vendo, imediato? tá vendo?” ficou gravado no meu subconsciente e hoje, depois de muitos longos anos, entendo que aquela frase, na verdade, era o gran finale que coroava de glorias uma atitude edificante ou evidenciara uma punição à alguém que cometera algo errado, num momento infeliz”.
A filosofia racionalista cristã, através das leituras editadas por sua Sede Mundial, vem ao longo dos anos fornecendo os instrumentos, material e espiritual, tão necessários para que sigamos neste mundo de escolaridade: com grandeza de espírito, com equilíbrio e discernimento, sem medo de errar e reavaliando processos, a ter maldade sem ser maldoso, ser firme, ser forte, ter calma, ter postura, ser ético, ter amor…de modo que ao final de cada jornada de estudo ou mesmo de trabalho, que ouçamos com orgulho e felicidade aquela voz que me dizia: “tá vendo, imediato? tá vendo?”