A conduta ética autenticamente considerada em nada se assemelha aos atos protocolares, artificiais, momentâneos, radicais e interesseiros que clamam por visibilidade passageira e compensações efêmeras, gerando, no mais das vezes, desgastes, decepções e consideráveis dívidas espirituais. Certo é que a tão almejada paz interior, fundamento da felicidade, é conquistada de forma segura pela pessoa que, com critério e racionalidade, estabelece relacionamentos sinceros e honestos, cumprindo com a palavra empenhada e, sobretudo, conduzindo-se cotidianamente de forma respeitosa, cordial e ética, como nos ensina o Racionalismo Cristão.
É relevante destacar que a alegria oriunda de uma experiência de vida firmada nos princípios da espiritualidade, na prática do bem e no respeito ao ser humano é capaz de transformar condutas e lapidar comportamentos. A vivência diária dos princípios da espiritualidade propostos pelo Racionalismo Cristão alegra, suaviza, inspira, renova e revigora o ser humano, incentivando atitudes corretas.
A certeza de que existe uma realidade espiritual que tudo sustenta e interpenetra imprime um relevante impulso ao compromisso de cada ser humano no que diz respeito a sua conduta, que deve ser sempre reta e decente, sem manifestações mutantes e contraditórias, típicas da consciência de quem admite certa elasticidade de caráter, tão imprópria quanto inadequada.
No transcurso da luta interior que as pessoas espiritualmente esclarecidas travam contra os maus hábitos e as imperfeições com o objetivo de alcançar o aprimoramento ético e moral, faz-se necessário examinar quais pontos da personalidade necessitam de maior atenção, ou seja, quais aspectos aninhados na mente absorvem as melhores energias, desviam a atenção e agitam o espírito, causando desarmonia emocional e comportamentos inadequados. Na verdade, é na direção desses obstáculos interiores, sabotadores das conquistas, que todos devem direcionar os melhores pensamentos, contra-atacando com a conduta ética e espiritualizada, que viabiliza um viver sadio, produtivo e leve.
Desprezando o comportamento ético, o ser humano é dominado pelas incertezas e circunstâncias adversas que o envolvem; tomado por tais circunstâncias obscuras, torna-se emocionalmente instável e espiritualmente enfraquecido, distanciando-se cada vez mais de seus reais objetivos de vida.
É preciso não confundir, como aliás ressaltamos no início, comportamentos exteriormente adequados e honestos com a verdadeira conduta ética, fundamentada no esclarecimento espiritual. O comportamento estudado e artificioso se serve da aparência ética como um instrumento para o alcance de objetivos falsos e ilícitos. Tal comportamento nada tem de sério; não gera frutos duradouros, tampouco produz tranquilidade emocional – o que é bem evidente em diversos setores da vida contemporânea. Na prática, o ser humano desonesto, que se vale dessa ambiguidade comportamental, impõe a si mesmo uma grave ruptura em seu processo de desenvolvimento moral e espiritual.
As ponderações levantadas nesta reflexão nos permitem concluir que a conduta ética, nos moldes aqui considerados, viabiliza grandes realizações e valorosas conquistas. Falamos daquelas que, por repercutirem em favor das pessoas e da sociedade, realmente valem a pena. Contudo, é oportuno ressaltar que a conduta ética pode e deve começar por gestos simples e que estão ao alcance de todos, como a empatia para com o semelhante, a dedicação ao trabalho e o cultivo de bons pensamentos. Além disso, o enfoque espiritualista que sempre perpassa nossas reflexões enseja uma significativa ampliação de perspectivas dos comportamentos e condutas humanas, que pode ser traduzida em ações objetivas, como a valorização da simplicidade, do autoconhecimento e do empenho em autotransformar-se para melhor acolher e respeitar a si mesmo, à família e à comunidade em que se está inserido.