Convicção imprescindível (II)

Na presente reflexão, daremos continuidade e conclusão às análises trazidas artigo anterior, com esse mesmo título, com o intuito de fortalecer o entendimento acerca de tão importante tema. Referimo-nos ao conhecimento germinal e básico por meio do qual é possível cultivar as mais elevadas virtudes e absorver os mais elaborados conhecimentos. Sim, o autêntico sentido da responsabilidade social, da empatia, da humildade, da solidariedade, do respeito aos diversos modos de ser e mesmo o da saúde psíquica dependem de uma concepção abrangente da vida e de uma convicção que transcenda o panorama dos valores materiais.

Permitam-nos fazer uma analogia: quando uma pessoa se propõe a adquirir um bem material de valor economicamente relevante, ela, mesmo que de forma espontânea, realiza procedimentos de planejamento e pesquisa, a fim de bem selecionar o patrimônio pretendido. Antes da aquisição de uma casa, por exemplo, a pessoa identifica sua necessidade, define o imóvel apto a suas demandas, verifica a documentação e os eventuais custos acessórios, avalia seus recursos financeiros e, por fim, opta pela melhor proposta para a aquisição do bem. Ora, com muito mais razão e critério precisamos realizar ações semelhantes no que concerne a nossa vida, que traz implicações mais sérias e vinculações afetivas, sociais, éticas, morais e espirituais bastante complexas. Devemos planejar objetivos, selecionar pensamentos e comportamentos, identificar e definir prioridades e escolher sempre o que promove nosso aprimoramento ético-espiritual. Com certeza, certamente alcançaremos tal objetivo se nos apoiarmos em uma visão transcendente da vida e dos fenômenos a ela inerentes, como nos mostra o Racionalismo Cristão, que nos permita sanar dúvidas existenciais e desestabilizantes e sobretudo conferir dignidade à própria existência.

A convicção da realidade transcendente demonstra que é possível garantir comportamentos elevados a partir da absorção de ideias de valor e da associação mental com princípios espiritualistas – portanto, atemporais – que fortalecem e instruem os seres humanos. Tal convicção representa um singular manancial informativo que a pessoa deve absorver e vivenciar para atender dignamente a suas demandas evolutivas, das quais não pode jamais se afastar, visto que, em última análise, elas constituem o objetivo principal da existência terrena.

A consolidação do entendimento da fugacidade dos fenômenos físicos e da imutabilidade da realidade transcendente alicerçará a coerência das decisões tomadas pela pessoa, coerência que há de se manifestar em cada circunstância de sua vida, como testemunho vivo de uma profunda e madura experiência espiritualista.

A convicção na realidade transcendente comporta o entendimento de que a Realidade (com “R” maiúsculo) e o Universo se estruturam a partir de princípios imutáveis e inteligentes, os quais, devido a nossas limitações, costumamos ter dificuldade de compreender em sua amplitude, mas que são propulsores de aprimoramento contínuo. Por essa razão, a certeza de que tudo se encaminha para o bem e para a evolução nos é de grande valia, principalmente nos momentos em que as coisas não sucedem como esperávamos ou mesmo se apresentam contrárias a nossas mais sinceras expectativas.

Sabemos que de pouco adianta apresentar discursos e narrativas de valorização e exaltação da realidade transcendente, citando textos e livros importantes que tratam do tema, se não trouxermos a questão para o campo prático, racionalizando o entendimento e oferecendo ferramentas que promovam a vanguarda do esclarecimento espiritual e a autonomia substancial do ser humano. Foi justamente o que procuramos fazer ao longo de dois artigos.

O materialismo em suas diversas dimensões, ao atacar frontalmente os princípios da espiritualidade, acaba atacando, em última análise, a humanidade como um todo, e os resultados nefastos de tal gesto pode ser comprovado pelos alarmantes índices de desequilíbrio psíquico registrados em todo o planeta.

Como uma legítima reação a esse estado de coisas, procuramos desdobrar, com maior profundidade, o presente tema, que encerra um conhecimento essencial, que é real e não ideal, que é objetivo e não platônico, imprescindível para a compreensão de inúmeros outros conhecimentos e circunstâncias que nos envolvem.

Amigos, na verdade, quando estamos convictos da realidade espiritual explanada pelo Racionalismo Cristão e nos empenhamos em vivenciar os libertadores princípios a ela inerentes, quando nos conscientizamos de sua abrangência e máxima significação, pondo-nos sempre receptivos às lições da vida, vemo-nos capazes de encarar com coragem os desafios da vida e com humildade as situações incontornáveis, o que nos torna pessoas melhores.