Como se perceberá do estudo da presente reflexão, preocupamo-nos em demonstrar o imenso valor da ampliação dos atributos do espírito e procuraremos expor didaticamente os passos que, por assim dizer, conduzem a tal desenvolvimento.

Ao tomar consciência das inúmeras potencialidades internas que lhe são próprias, a pessoa em busca de esclarecimento espiritual estabelece com entusiasmo um novo estilo de vida, passando a imprimir um renovado impulso a seus planos. Contudo, não raras vezes, encontra, ao longo de sua trajetória, obstáculos e condições adversas. Daí sucede a necessidade de saber reagir com firmeza e dar passos consistentes ao longo do itinerário de desenvolvimento espiritual. Assim procedendo, suas metas não serão entrecortadas por cansaços insuperáveis ou decepções paralisantes.

A inconstância das circunstâncias e a instabilidade das situações que envolvem o ser humano neste planeta oprimem, debilitam e desequilibram aqueles que ainda não conseguem concentrar sua atenção, suas energias e sobretudo seus pensamentos em princípios sólidos e estáveis, que não se encontram nas coisas superficiais e efêmeras, mas no campo da espiritualidade, de onde emana uma força que revigora, fortalece e ilumina. Com certeza, a harmonia do pensar, que é o primeiro passo a ser dado rumo ao desenvolvimento espiritual, consiste em manter os pensamentos elevados e concentrados nas virtudes que dignificam a condição humana e cujo valor imutável proporciona bem-estar e paz interior.

A época atual, o mundo contemporâneo, distingue-se por uma profunda e doentia agitação. Por isso, alguns estudiosos afirmam que se vive hoje uma era de incertezas. Tal fato repercute negativamente nos sentimentos humanos, que tendem ao desequilíbrio diante desse cenário. Fundamentados nos conteúdos filosófico-espiritualistas oferecidos pelo Racionalismo Cristão cabe ressaltarmos que a estabilidade dos sentimentos se alcança com o autoconhecimento e com a capacidade – que todos temos de cultivar – de nos concentrarmos em nós mesmos, ou seja, de criarmos raízes profundas no solo de nossa alma. Vocês perceberam que, para que uma árvore se desenvolva, equilibre e dê bons frutos, precisa estar bem enraizada? Concentrar-se em si mesmo: eis o segundo passo rumo ao desenvolvimento sustentável dos atributos espirituais.

Não há dúvida de que importantíssimos são os passos anteriormente destacados. Claro está que devemos manter nossos pensamentos elevados e longe das preocupações desestabilizantes deste mundo. Devemos, além disso, conhecer-nos cada vez melhor, a fim de imprimir estabilidade a nossos sentidos e sentimentos, o que nos leva ao amadurecimento intelectual. No entanto, as orientações até aqui expressas restringem-se ao campo da subjetividade, ou seja, estão ligadas às atitudes interiores e à configuração da personalidade. Elas só terão coerência e consequências positivas se forem exteriorizadas por meio de uma conduta digna, de ações que concretizem claramente tanto a harmonia dos pensamentos quanto o equilíbrio dos sentimentos. Chegamos, portanto, ao terceiro e definitivo passo que conduz ao desenvolvimento simultâneo de diversos atributos espirituais e, por conseguinte, à plenitude do viver.

Vimos que o desenvolvimento dos atributos espirituais principia pela harmonia do pensar, passa pelo equilíbrio do sentir e se consolida na dignidade do agir. Podemos concluir que seguir esses passos nos coloca em condições de soerguimento e reestruturação diante das mais duras provas da vida, pois quem souber manejar e desenvolver seus instrumentos internos será sempre um vencedor.

Nos dias atuais, mais do que nunca, é extremamente necessário que as pessoas entendam, a partir de uma perspectiva ampliada, o peso e a importância do desenvolvimento consciente de suas potencialidades, que constituem a um só tempo suas defesas internas e as ferramentas mais eficazes para a edificação da própria felicidade. Contudo, não basta constatar o valor de tais atributos: é imperativo desenvolvê-los, e nesse viés podemos afirmar que a presente reflexão foi pródiga em oferecer subsídios à luz da espiritualidade proposta pelo Racionalismo Cristão e estabelecer diretrizes que, por seu turno, são fontes de paz e entendimento. Vamos praticar esses três passos?