Comunicação à luz da espiritualidade

Sabemos que o convívio harmônico e equilibrado, seja no âmbito familiar, profissional ou social, além de pressupor o respeito às normas, regras e leis estabelecidas, depende da boa comunicação entre as pessoas. Diante dessas considerações, surge a indagação: como assegurar que nossa comunicação seja coerente e respeitosa, exprimindo de forma legítima o que pensamos e sentimos?

A presente reflexão tem por fim não apenas responder a esse questionamento, mas fornecer subsídios para uma melhor concepção do que seja a comunicação. Para tanto, havemos de analisá-la à luz da espiritualidade proposta pelo Racionalismo Cristão, nossa filosofia de vida.

O tema desta reflexão nos convida a pensar sobre a relação indissociável existente entre a comunicação e a espiritualidade. Nesse sentido, há que mencionar que o processo de comunicação entre as pessoas não se reduz ao mero intercâmbio de palavras e gestos, mas se desdobra em muitos e variados aspectos.

Ao comunicar-se, o ser humano – ainda que estudadamente se utilize de certos subterfúgios e manobras – acaba por expor, direta ou indiretamente, os traços característicos de seu modo de ser, revelando os princípios com os quais se afina e se vincula e os anseios e valores espirituais que acalenta.

Do que dissemos anteriormente, resulta o entendimento de que tanto mais profícua, coerente, sincera e impactante será a comunicação, quanto mais espiritualizada for a pessoa que transmite determinada ideia ou conceito.

O estudioso da espiritualidade divulgada pelo Racionalismo Cristão, em sua constante busca de aprimoramento ético-espiritual, é solicitado a comunicar-se com os semelhantes sempre de maneira altiva, respeitosa e empática, revelando em sua expressão os traços característicos de sua personalidade inclinada ao cultivo das mais sublimes e importantes virtudes.

A espiritualidade, por sua própria essência, enseja e estimula a comunicação plena, o diálogo produtivo, enfim, a troca sadia de ideias, conduzindo à interação com os semelhantes, à abertura ao fraterno convívio social e à empatia nas relações – jamais à timidez ou ao isolamento.

Se nossa capacidade de comunicação for impulsionada pelo benquerer, pelo respeito às diferenças, pela vontade de ajudar o próximo de maneira desinteressada e sobretudo pelo bom-senso, ela certamente nos proporcionará o alcance dos objetivos mais elevados e nobres que acalentamos em nosso interior. Não haja dúvida: a comunicação à luz da espiritualidade aprofunda suas raízes no amor ao próximo, princípio máximo da transcendência.

O uso adequado das palavras e a forma oportuna e respeitosa de empregá-las representam ações virtuosas que devem ser empreendidas por todos os seres humanos.  Temos dito reiteradas vezes que, no que diz respeito a relacionamentos mais próximos, o modo de formular perguntas, a sinceridade, o momento propício, o tom de voz e o tipo de abordagem são fatores determinantes para a eficácia da comunicação e para a conservação de uma relação feliz. Devemos admitir que, para que o diálogo seja proveitoso, é importante que se tenha algo que comunicar, e isso requer um conteúdo interior obtido por meio do estudo e de uma vivência fundamentada em princípios espiritualistas, que enobrecem e dignificam todas as manifestações humanas.

A ampliação do vocabulário a partir de leituras edificantes é muito importante para enriquecer o processo comunicativo. Não negamos, contudo, que mais importante do que o enriquecimento acadêmico, cultural e linguístico é o esclarecimento espiritual. É este que permite que as palavras brotem de sentimentos sinceros e elevados, que, sendo consequência de uma forma adequada de pensar, têm imensa força e penetração, mormente quando impregnados de expectativas legítimas.

Como estudiosos da transcendência e determinados a ampliar e desenvolver os atributos e faculdades espirituais, devemos nos empenhar ao máximo no sentido de comunicar-nos com todos sem preconceitos e distinções, transmitindo cotidianamente benquerer, respeito e solidariedade, a fim de que as pessoas com as quais nos comunicamos se sintam acolhidas, consideradas e impelidas a seguir nossos exemplos e a estudar os conteúdos a que nos dedicamos e que nos fazem tão bem. Percebam que a comunicação é uma das vias mais eficazes de testemunhar na prática os princípios racionalistas cristãos, com os quais nos identificamos.

Pela comunicação, estabelecemos laços, promovemos reconciliações, eliminamos exclusões, dissolvemos incompreensões e empreendemos de forma sustentável a autêntica paz social e o equilíbrio das relações.

Quando falamos em comunicação à luz da espiritualidade do Racionalismo Cristão, não nos restringimos aos meios tradicionais, mas estendemos nosso raciocínio às possibilidades tecnológicas de interação. No âmbito da comunicação digital, como os grupos de mensagens por exemplo, pugnamos pelo respeito, pela empatia e pelos demais sentimentos positivos anteriormente mencionados; o mesmo vale para as comunicações internacionais, institucionais e diplomáticas.

Amigos, desejamos fortemente que a presente reflexão leve as pessoas a redescobrir e a aprimorar esta dimensão espiritual tão importante e comum a todos os seres humanos: a comunicação.

Certo é que, ao nos comunicarmos com as pessoas sempre com sinceridade, confiança e equilíbrio, impulsionados por sentimentos e pensamentos elevados e positivos, além de promover de forma sustentável a autêntica paz social e o equilíbrio das relações, como dissemos anteriormente, estaremos dando um importante e significativo passo rumo ao amadurecimento e à evolução espiritual.