Razão iluminada

No harmonioso conjunto dos atributos espirituais, a razão se notabiliza por sua singular importância como fator distintivo do gênero humano e como fundamento do verdadeiro desenvolvimento espiritual.

Na presente reflexão, procuraremos demonstrar que a razão, quando iluminada pela espiritualidade explanada pelo Racionalismo Cristão, coordena as decisões segundo critérios lógicos e transcendentes. Sem jamais subordinar-se a imposições inexplicáveis, agita-se na busca por soluções diante do conflito de ideias, reage ante a disparidade de opiniões e se insurge contra as manifestações arbitrárias, contraditórias e destituídas de bom senso.

A lúcida racionalidade, além de oferecer ao ser humano, em matéria de percepção da realidade, horizontes cada vez mais amplos, legitima com eficácia a segurança emocional. Dessa forma, os pensamentos emitidos e os sentimentos acalentados, formadores do equilíbrio interior, assumem qualidade, vigor e relevo quando fundamentados no discernimento, delineados pelo bom senso e emoldurados pela razão.

Ora, se a razão capacita o ser humano a agir com discernimento e equilíbrio, ela deve necessariamente ser iluminada pelos princípios do Racionalismo Cristão, a fim de que a insensibilidade e o ceticismo não bloqueiem sua expansão e positivo desenvolvimento.          

Aqueles que dão valor somente às coisas da matéria, ao pugnar pelo uso da razão, geralmente o fazem com intuitos reducionistas ou reprováveis; não por acaso vacilam em muitas de suas decisões, embaraçados que estão pelo estreito entendimento que nutrem em relação à razão e sobretudo em relação à vida.

Ao longo das últimas décadas, o imenso desenvolvimento do saber tecnológico e científico tem revelado, haja vista a alarmante desigualdade social e econômica verificada em grande parte do mundo, o direcionamento da racionalidade na obtenção quase que exclusiva de oportunidades de investimento e lucro, quando, na verdade, o importantíssimo atributo espiritual da razão deve ser direcionado no sentido da promoção da dignidade humana.

O mau uso da razão, que decorre necessariamente da falta de espiritualidade, se não for corajosamente enfrentado – e isso se dá mediante disciplina e força de vontade para renovar hábitos e costumes –, poderá conduzir a pessoa ao desprezo das valiosas potencialidades que tem, fazendo-a descambar, de maneira traumática, no terreno movediço da falta de ética e da frustração, que a sufoca dia a dia.

A razão, interpenetrada e orientada pelos princípios da transcendência, como decorrência da busca pelo esclarecimento espiritual, se, por um lado, torna a tomada de decisões mais adequada às situações do cotidiano e às grandes questões da vida, por outro lado, impõe que o ser humano mantenha uma conduta exemplar, intensificando o controle de seus pensamentos, o que é, de fato, muito bom.

Os sintéticos apontamentos até aqui explanados são, a nosso ver, suficientes como rememoração do enorme valor da razão. Para concluir nossa reflexão, reiteramos que, quando a racionalidade recebe o poderoso influxo dos valores espirituais, os avanços humanos se tornam sustentáveis, efetivos, sólidos e duradouros. A razão não deve apenas oferecer os meios para a produção de bens e serviços ou permitir a articulação e a obtenção de transformações de caráter material; deve antes promover o desenvolvimento integral do ser humano, mas para tanto há que interpenetrá-la pela espiritualidade, insistimos.

Amigos, abordar o tema da razão iluminada pela espiritualidade proposta pelo Racionalismo Cristão significa falar de uma realidade que possibilita intensa e positiva transformação comportamental, que, por seu turno, é o eixo do aprimoramento e da evolução espiritual.