Toda ação ou conjunto de delas tende a produzir consequências, efeitos, resultados. Tal afirmação pode ser constatada por meio da experiência prática, de modo que, nos limites do bom senso, ninguém em sã consciência lhe pode apresentar obstáculo.
Nessa linha de raciocínio, os que buscam alcançar um “novo sentido” à própria vida por meio da diminuição dos aborrecimentos diários, da neutralização dos conflitos pessoais e interpessoais, do aproveitamento do tempo e do estabelecimento de relações afetivas sólidas e duradouras somente poderão atingir esses legítimos e elevados objetivos se derem mais atenção a seus pensamentos e sentimentos, fundamentando suas ações nos princípios e valores da espiritualidade contidos nos ensinamentos do Racionalismo Cristão, tais como a honestidade, a empatia, a solidariedade, a humildade e o amor ao trabalho. Eis, em síntese, a essência do que procuraremos refletir e desdobrar no transcurso desta reflexão.
A vivência criteriosa da espiritualidade, ou seja, o estilo de vida da pessoa que, por empenho próprio e pelo bom uso do livre-arbítrio, conseguiu alcançar a lucidez espiritual fundamenta-se na disciplina e na compreensão sobre os aspectos transcendentes da vida – instrumentos imprescindíveis, por meio dos quais os valores do espírito são intensa e positivamente dinamizados.
A lucidez espiritual alicerça condutas e ações que ensejam um olhar otimista e confiante em relação ao futuro, permitindo que as pessoas respondam com dignidade e altivez aos complexos desafios dos tempos atuais.
Voltamos a mencionar a vivência criteriosa da espiritualidade proposta pelo Racionalismo Cristão para esclarecer que ela consiste em um processo de autoaperfeiçoamento capaz de gerar efeitos positivos para além da esfera individual. Tal profusão de efeitos merece destaque sobretudo em um momento histórico como o nosso, em que o individualismo se consolida e as atitudes calculadas, interesseiras e mesquinhas parecem sobressair.
Falávamos no início sobre a implacável repercussão dos atos humanos. Sim: não há dúvida de que, também do ponto de vista espiritual, a toda ação corresponde uma reação. Tal consequência gerará múltiplos e positivos frutos, para além do campo individual, se repercutir uma atitude ou ação interpenetrada de justiça, benquerer e solidariedade – virtudes próprias, insistimos, da experiência espiritualista.
Querendo ou não, sabendo ou não, a maior parte dos seres humanos age segundo critérios e parâmetros armazenados em seu corpo fluídico, ou seja, em seu subconsciente. Esses critérios e parâmetros costumam, todavia, ser utilizados irrefletidamente, sem que a própria consciência pondere seu valor, seu conteúdo e suas possíveis consequências. Tal realidade só pode ser positivamente alterada pelo esclarecimento espiritual proporcionado pelo Racionalismo Cristão, que fortalece e encoraja os seres humanos à autorreflexão, à análise, ao autoconhecimento e, sobretudo, à substituição dos arquivos mentais inadequados e perniciosos armazenados no corpo fluídico por conteúdos qualificados, sãos, elevados e dignos. Estes, por sua vez, dão suporte a ações retas e a gestos nobres, cujas consequências benfazejas rapidamente se espalham para a coletividade.
Com a presente reflexão, pretendemos oferecer aos nossos leitores uma contribuição efetiva, substanciada em conceitos e conteúdos transcendentes e universais, para que cada um possa dar sentido à própria vida. Não falamos, contudo, de um sentido qualquer, mas de um sentido de aperfeiçoamento e crescimento ético, moral e espiritual. Como alcançá-lo? Por meio de pensamentos de valor, que impulsionam experiências dignas e aprendizados frutuosos, capazes de enriquecer, por seu turno, o patrimônio espiritual da pessoa, gerando um círculo virtuoso de ações e consequências elevadas que influencia positivamente não apenas o próprio ser, mas todo o conjunto humano, como nos mostra o Racionalismo Cristão.