Higiene mental e física

Maria Luiza Nanci

Todo aquele que quiser gozar de relativa saúde terá forçosamente que tomar uma série de providências necessárias, mas terrivelmente desagradáveis. Citaremos algumas:

Ninguém gosta de ir ao médico, mas é preciso fazê-lo.

Não é agradável fazer exame de sangue, preparar-se para certas radiografias, engessar pernas ou braços. Tampouco extrair amígdalas, apêndice, vesícula e até órgãos de maior importância.

Não há quem tenha prazer em ir ao dentista, mas isto é inevitável.

Poucas pessoas têm visão perfeita, chegando algumas a sofrer operações no globo ocular. Quase ninguém dispensa óculos ou lentes de contato.

Enfrenta-se todo e qualquer desconforto por um pouco de saúde. Esses cuidados, porém, serão inúteis, se não cuidarmos também do espírito, que é quem irradia sobre o corpo, dando-lhe calor, movimento e vida. Portanto, ele não deve ser negligenciado.

Assim como nosso corpo precisa de higiene para se manter livre de germes, nosso espírito sente também necessidade de limpeza psíquica que o livrará dos fluidos deletérios a que todos nós estamos sujeitos neste planeta. Ele carece ainda de alimentos que lhe vigore as forças, e tem necessidade de despojar-se dos maus hábitos que o inferiorizam e degradam.

Se os males físicos são enfrentados com coragem, também é preciso arrostar com destemor os obstáculos que aniquilam a saúde mental e impedem a visão espiritual.

Há indivíduos que por covardia fecham os olhos aos sintomas das enfermidades que os afligem, quer físicas, quer morais, para só os abrir quando não há mais nada a fazer. Acontece, então que os males físicos, agravados pela cegueira espiritual, qual bola de neve a correr encosta abaixo, vão-se avolumando até chegarem ao desfecho final: a desencarnação.

Publicado em 19/11/1983