Os ideais democráticos

A democracia é o sistema da livre iniciativa em que todos podem participar do trabalho e colher os frutos da economia. Havendo liberdade, faculta ao indivíduo o direito de escolha. A vontade própria é uma constante no desenvolvimento de aptidões, sem empecilhos que tolham movimentos. É um regime que faculta o uso dos recursos naturais do homem: raciocínio e inteligência, os quais lhe permite obter melhores condições de vida pelo esforço e pelo trabalho.

Representa, sem dúvida, uma escola de ensinamentos que prepara no sentido de libertar o homem da ignorância e da impostura, para ser confiante em si mesmo e consciente das suas próprias responsabilidades, quer como cidadão, quer como chefe de família. Ensina que cada um deve exercer governo sobre si mesmo, estudando, aperfeiçoando-se, para criar condições favoráveis ao progresso.

A democracia respeita a pessoa humana, dá-lhe incentivo, seleciona os capazes sem desmerecer os menos capazes; promove os meios de aceleração da evolução mental, extirpando o analfabetismo e as condições deficientes e primárias da sociedade, através de uma educação que proporcione o saber, o respeito mútuo, o amor à verdade e o respeito às leis.

Os ideais democráticos fundamentam-se nas leis naturais de que o homem é uma expressão, com direito de pensar e expressar, agir e decidir, escolher, criticar, locomover-se, criar e libertar-se da ignorância e do fanatismo.

Ninguém na democracia é um títere ou um girassol que se movimenta pela vontade de outrem. Todos têm uma individualidade que deve ser respeitada. É, assim, um sistema evolutivo, fundado em leis racionais e humanas, que oferece flexibilidade à ação mental, institui e dá sentido à evolução sem retrocessos próprios dos sistemas primitivos que cerceiam os impulsos espontâneos da alma, submetendo-a à vontade de outrem, esmagando a individualidade e neutralizando os estímulos da vontade e as aptidões naturais.

Na democracia o homem não é máquina, possui Consciência, senso e raciocínio, compreensão dos deveres, responsabiliza-se pelos seus atos, sente, deseja, cria, alimenta ideias progressistas, não é uma expressão sem forma atada a desmandos, escravo da imaginação dos totalitários, que se arrogam de defensores do povo para escravizá-lo. Enfim, a Democracia é o Governo do povo para o povo.

Publicado em 20 de junho de 1964.