Agir em um sentido racional significa analisar as ações e suas consequências antes de executá-las. A atitude racional, considerada por uma perspectiva ampliada, é fruto de um processo consciente de abertura para a espiritualidade.
O recurso às fontes da espiritualidade baseado em princípios ético-morais nos fornece elementos positivos para afirmar que uma forma segura de nos desviar, em certa medida, das adversidades da vida é orientar nossa existência sob a égide da razão.
A ação correta, quando desempenhada com o fim exclusivo de livrar a pessoa de eventuais situações angustiantes, não deixa de refletir, em verdade, um pensamento mesquinho que sustenta uma sociedade que tende a tornar-se cada vez mais egoísta, que acredita que os meios justifiquem os fins. Se alguém busca se esclarecer espiritualmente com o objetivo de auferir tão somente benefícios pessoais, não encontrará êxito em sua trajetória.
O esclarecimento espiritual proporcionado pelo Racionalismo Cristão só pode ser considerado como tal quando sustentado por valores éticos-morais, sem os quais o ser humano se vê perplexo diante dos embates da vida. Sempre que a pessoa age no sentido de respeitar a si própria e a seu semelhante como uma extensão de si mesma, age racionalmente, trabalha na edificação de uma vida mais suave e consegue superar os desafios que se lhe apresentam através esclarecimento espiritual que com muito esforço conquistou.
Um primeiro passo decisivo para avançar através da senda do esclarecimento espiritual é a atitude de despojamento do egoísmo. Não nos parece desnecessária esta observação se recordarmos o fato de que não conhecemos ninguém que seja esclarecido espiritualmente e ao mesmo tempo egoísta, posto que são duas realidades que não podem coexistir em um ser humano.
Com certeza, podemos distinguir os níveis de esclarecimento num âmbito prático; ou seja, é esclarecido quem é trabalhador, quem é sensível, quem é justo, quem honra o monumento da família (célula mater da sociedade), quem é responsável, quem é conciliador e, sobretudo, quem é humilde.
Para tornar a sociedade mais humana e, por conseguinte, mais digna, é necessário torná-la mais espiritualizada. Não se pode regular a vida com o único objetivo de buscar o prazer ou evitar a dor. É legítima toda ação que procura evitar o sofrimento. Queremos deixar claro, porém, que é por meio do esclarecimento espiritual que o ser humano pode ampliar positivamente sua própria realidade, impactando o mundo a sua volta.
A mudança à qual nos referimos não se traduz na anulação da realidade material. Quem acredita ser possível uma vivência espiritualizada apartada da realidade material engana-se totalmente. Espiritualidade e materialidade não são separadas, nem conceitos que se anulam.
A questão do livre-arbítrio é correlata ao tema desta nossa reflexão. Entendemos que o poder do ser humano se limita à esfera pessoal e se exprime através do exercício de seus atributos e faculdades. Cada comando, cada determinação de comportamento constitui expressão de sua vontade, gerando consequências na razão direta dos pensamentos e sentimentos que o animam. Portanto, a pessoa espiritualmente esclarecida não se permite pensamentos negativos e sentimentos malfazejos; na realidade, sente repulsa por tais manifestações, principalmente pelos impulsos à transferência de responsabilidade, cujo negativismo característico põe em relevo as faltas e defeitos alheios, talvez para escamotear os próprios complexos existenciais de quem assim procede. Percebam os amigos a importância do esclarecimento espiritual para a harmonia da sociedade como um todo.
Sabemos que não é fácil para o ser humano visitado pela dor e pelo sofrimento manter o equilíbrio e a calma na apreciação dos fatos. Todavia, temos profunda convicção de que o esclarecimento espiritual adquirido pelo desenvolvimento dos atributos do espírito fornece a cada um os subsídios necessários para o alcance da verdadeira felicidade, que não tem relação direta com a ausência plena da dor.
Quando despertamos para a espiritualidade, ficamos mais livres e de preocupações quanto aos julgamentos alheios. Conscientes de nossa essência espiritual e de nossa origem, como nos ensina o Racionalismo Cristão, sentimo-nos íntegros e saudáveis. As dores e os sofrimentos não encontram receptividade em nosso interior. No momento em que nos compenetramos dessa realidade, os sentimentos negativos se transformam pela ação do esclarecimento espiritual, nossas ações racionais produzem bem-estar e satisfação e, por conseguinte, a vida começa a fluir positivamente, independentemente dos desafios e percalços a que todos estamos sujeitos.
Muito Obrigado!