A consciência dos erros

A lei de causa e efeito é extensiva a todos por ser lei natural e imutável. São as ações, pensamentos e sentimentos práticas reflexivas de que as consequências são inevitáveis. Desculpas são gestos que representam o reconhecimento consciente dos erros e consequente arrependimento, porém não anulam o erro cometido, pois este ficou condicionado à lei de causa e efeito.

Atitudes alinhadas ao bom comportamento social são representadas pela cortesia, respeito e civilidade, que favorecem a construção de relações saudáveis. A atitude do outro está vinculada à nossa própria atitude.

Se queremos ser bem tratados, devemos tratar na mesma medida nossos semelhantes. Cada um responde com ações compatíveis ao seu próprio nível de espiritualidade, isso é certo, porém isso não nos exime de sermos cidadãos amantes de hábitos benéficos e favoráveis aos bons relacionamentos.

Desculpar é próprio do ser espiritualizado, pois sabe que na Terra não existe perfeição. Não aceitar as desculpas daquele que cometeu um erro e não tem esclarecimento espiritual é, por vezes, demonstração de vaidade por considerar-se infalível em suas atitudes. Não nos esqueçamos de que pensamentos e sentimentos são vibrações e formam, de acordo com sua natureza, campos vibracionais correspondentes desencadeando ações equivalentes de mesma sintonia. Atitudes errôneas e incorretas de nossos semelhantes devem ser ignoradas porque quem faz para si está fazendo. Devemos recolher o aprendizado resultante do momento e nos lembrar de que quem não tem não pode dar. Se eventualmente o erro é cometido, cumpre ao faltoso retratar-se.

“Errar, dizem, é dos homens, mas teimar no erro é dos irracionais. Quando a pessoa erra e reconhece o seu erro, deve dar a mão à palmatória, deve penitenciar-se, procurando resgatar o seu erro e passando a viver uma vida equilibrada e sensata, fazendo desaparecer o mais possível a mancha que se tornou indelével e que se reflete sobre o espírito, sobre a consciência.” (Luiz de Mattos).

Façamos a nossa parte e o nosso dever, pedindo desculpas pelo erro cometido e aguardando serenamente a decisão do nosso semelhante em aceitar ou não nosso pedido de desculpas. O Racionalismo Cristão, através de sua disciplina de hábitos salutares e sua ética espiritualista, ressalta, cultiva e faz brotar nos seres humanos o que neles há de melhor, para que abandonem práticas e costumes errôneos que impedem o avanço espiritual. A palavra “racionalismo” está associada à expressão “racional”, daí figurar entre as orientações desta filosofia espiritualista a recomendação para que todos os atos e decisões dos seres humanos tenham o uso do raciocínio ponderado, sensato, lógico e claro para que os erros sejam evitados e os acertos sejam em maior número. Onde se cultiva e predomina a espiritualidade não existe espaço para incompreensões, desentendimentos e atitudes que não sejam condizentes com os bons relacionamentos humanos. Isto quer dizer que ao ser espiritualizado compete a ação consciente de reparar erros cometidos, sejam os que comprometem a própria evolução ou os erros que prejudicaram o semelhante. Nada mais danoso para estremecer as relações humanas, no lar, no trabalho ou no meio social, do que ações e palavras de efeito destrutivo que não passaram pela apreciação e análise do raciocínio, do bom senso e da prudência.

 Nas decisões a serem tomadas, nas palavras a serem proferidas e nas atitudes convém que se coloquem em prática as normas da prudência, da ponderação e do bom senso para que não sejam criadas animosidades nos relacionamentos que, por vezes, custam a passar.

É preciso calma, serenidade e entendimento, pondo em ação o pensamento e o raciocínio de modo construtivo e a vontade voltada para os ganhos e o progresso espiritual, para que se resguarde com respeito a opinião e modo de pensar alheios evitando desgastes psíquicos. A conduta correta é procurar não errar, porém se aqui estamos neste planeta-escola Terra é para aprender com nossos erros para não os repetir, tornando essa passagem por este plano terreno mais proveitoso. Para isso é necessário que nossas ações estejam conectadas com o uso correto do livre-arbítrio, raciocinando com ponderação, bom senso e justiça. Uma vez cometido o erro, fica estabelecido o débito para o seu autor. Em lado oposto, o agente passivo que recebeu a ação inadequada ou a palavra mal colocada, está em seu livre-arbítrio e livre decisão aceitar ou não o pedido de desculpas. Mesmo nossos pedidos sendo aceitos, isso não traz paz para nós. O que realmente dá serenidade, equilíbrio e harmonia ao espírito é a consciência tranquila depois da luta empreendida com justiça, coragem e valor para a prática das ações corretas e dignas.