A força do bem se esteia nos sentimentos elevados, altruísticos e nobres, próprios das almas desprendidas e cristãs, educadas dentro dos princípios da boa moral. A formação espiritual do ser, reflete-se na sua vida, dando-lhe força e poder, na solução de seus problemas, sejam de que ordem forem, pois os pensamentos que animam repercutem nos seus atos e criam uma personalidade vigorosa, reta e justa.
A maioria dos homens se ilude, porque, desconhecendo as leis que regulam a vida, no seu sentido moral, espiritual e material, deixam-se arrastar pelos impulsos do eu, materializado e egoísta, trazendo a intranquilidade ao espírito. O mal uso que fazem do livre-arbítrio, tem consequências, por vezes, danosas, na solução de problemas que poderiam ter solução fácil e adequada.
É pelo raciocínio, bom senso e pela razão que poderá haver entendimento. Fugir daí é precipitar-se no lamaçal da desordem e da intriga. Pensar bem antes de agir, ponderar e exercer moderação, fazem muito bem à clareza de raciocínio, à prudência que dá equilíbrio espiritual, para que se possa julgar com discernimento.
Ninguém poderá julgar com acerto, se o espírito se deixa envolver pela paixão e pelo fanatismo. Julgar em tal estado de espírito, é revelar parcialidade porque não haverá raciocínio claro quando os pensamentos tendem para o interesse.
Para se sentir a verdadeira justiça, é preciso haver inteiro desprendimento, valor e senso de retidão, coisas raras nos dias em que vivemos, pois os interesses de toda ordem constituem o motivo material, com todo o seu cortejo de ambições, anseios de elevação, satisfação de desejos materiais e tudo mais que atormenta os espíritos insatisfeitos e egoístas.
Este é o mundo atual onde os homens transitam, a maioria desconhecendo a própria origem, os seus deveres na Terra. Se se conhecessem e os seus deveres para consigo e seus semelhantes, outra seria a situação das criaturas. Não haveria os desentendimentos, nem as paixões lhe toldariam o raciocínio. Saberiam agir desprendidamente sem acirrar ódios ou sentimentos inferiores que as arrastam a situações infelizes. Não fora a força do bem, da qual se armam os espíritos bem formados, o mal teria campo muito maior nas lutas, nas disputas em que o mundo se agita.
Esperemos dias melhores para a humanidade, que a paz tão desejada não seja um engano ou uma ilusão, mas uma realidade para felicidade de todos que vivem lutando e sofrendo neste mundo de misérias em busca do aperfeiçoamento espiritual.
Publicado em 8 de dezembro de 1955.