A sociedade é constituída de tal sorte que existe uma hierarquia entre os indivíduos, a qual estabelece distinções e subordina uns aos outros, como se fossem parte de um todo, ou de uma máquina cujas peças se associam e interdependem no seu funcionamento. Se as peças dessa máquina não se ajustam perfeitamente na engrenagem, surgem invariavelmente os atritos, os emperramentos, a desordem mecânica.
Assim, os homens dependem de uma organização sócia, a qual lhes propicia o método, a ordem e a disciplina, como princípios fundamentais de boa vivência, como elo de subordinação consciente, exercendo cada um dentro do seu setor, a autoridade que lhe cabe, sem, contudo, tornar-se absoluto nas decisões que possam criar choques ou injustiças, para não desvirtuar a dignidade da pessoa humana, suprindo os conceitos da ética que representam a evolução individual e os meios pelos quais se desenvolve a personalidade.
A liberdade de ação há que se limitar a normas salutares que não prejudiquem nem afetem a harmonia do conjunto, mas concorra para o equilíbrio mental, para o esclarecimento da razão entre os indivíduos, para estimular princípios verdadeiros e instituir caracteres cimentados na virtude, em que prevaleçam sempre o respeito em obediência à hierarquia social.
O excesso de liberdade está gerando males irreparáveis, criando mentalidades autoritárias, dispersivas, inconstantes, que não tem uma direção certa, vão para qualquer lado, de acordo com o sopro do vento, não possuem aquela firmeza de atitudes capaz de objetivas conscientemente.
Vivem para o momento, não constroem para o futuro. O que lhes interessa é o jogo das paixões, dos sentimentos indignos gerados pela mentira, pela deslealdade. Faltou-lhes escola, entregaram-se em demasia aos desmandos físicos e morais, pela desobediência, pelo desejo de satisfazer vaidades, de querer sobrepujar e de demonstrar o que não é e nem pode ser.
A quem cabe a responsabilidade desses desvios mentais que estão à vista? Sem dúvida, os pais têm a maior parte de responsabilidade. Os mestres, os preceptores não estão isentos. Ali se observam, de início, as tendências, o valor de cada um, a ascendência natural em inteligência e virtude, necessitando apenas quem oriente os jovens dentro de padrão que corrija as tendências prejudiciais e estimule as boas qualidades, e para tanto é preciso que haja exemplos de honradez e justiça.
Publicado em 19 de janeiro de 1980