É muito conhecida a expressão “mente sã em corpo são” (em latim, “mens sana in corpore sano”), atribuída a Juvenal, poeta romano do final do primeiro século. Essa citação expressa a necessidade de os pais cuidarem com muito zelo da saúde física e mental dos filhos. Vamos desenvolver o conteúdo desse artigo em duas partes. Nesta primeira parte, vamos tratar de atender às demandas e necessidades infantis e, na segunda, dedicada principalmente aos jovens, vamos destacar a importância do ensinamento dos valores, sentimentos e emoções.
Cabe aos pais exercerem o seu direito de autoridade na educação dos filhos e formação de suas famílias, desempenhando papel de grande relevância na formação das sociedades modernas. Afinal, nenhum ser humano nasce já pronto para ser um membro da sociedade. Essa autoridade, própria da união conjugal, é básica para o desenvolvimento da personalidade e para a formação biológica dos seres humanos, que exigem longo período de cuidados especiais para que tenham condições de, no futuro, assumir o papel de adultos educados e responsáveis.
A melhor escola para as crianças aprenderem sobre seus valores e demandas sobre saúde e crescimento integrativo aos costumes e hábitos da sociedade onde vão viver como jovens e adultos é no próprio lar. Compete aos pais, em especial às mães, suprir essas necessidades e estabelecer a harmonia do bom viver no lar. Para tanto, há que se reservar tempo, não qualquer tempo, mas tempo de qualidade que aproveite o crescimento saudável dos filhos, principalmente durante a primeira infância, período dos dois primeiros anos, quando a criança está inteiramente à mercê das mães. De outro lado, cabe às escolas exercer o seu papel complementar no ensino e na socialização das crianças a partir dos seis anos com o melhor acompanhamento possível dos pais.
O período infantil. No Brasil, segundo a classificação estabelecida pelos pedagogos, o período infantil abrange as idades que vão do nascimento até os 12 anos, dividido em quatro etapas: a primeira, infância, estende-se do nascimento até os cinco anos; a segunda, dos cinco aos seis anos; a terceira, dos seis aos nove anos e a quarta infância, dos nove aos 12 anos. Segue-se a essas, a puberdade ou juventude, que se estende dos 12 anos até os 16, que é quando cessa a incapacidade para o exercício de alguns atos civis, segundo o artigo 3º do Código Civil Brasileiro.
As orientações que então se fazem necessárias expressam tanto as concepções dos pedagogos e psicopedagogos sobre as crianças e sua educação, como as necessidades das mães e suas responsabilidades quanto à relação de mútua dependência que se estabelece entre elas e seus filhos. Por isso, é muito importante definir essas necessidades. Essas orientações entre as famílias e os especialistas da infância tiveram início no Brasil apenas a partir das primeiras décadas do século XX.
3. A importância da dedicação afetiva. Os pais sabem muito bem que a eles se impõem deveres aos quais devem respeitar e seguir na educação de sua prole com muita dedicação e amor, abrangendo uma gama muito ampla de temas que fogem ao escopo do ensino escolar. Incluímos a título de exemplos, as explicações às crianças sobre o contexto da alimentação, os cuidados com as condições de higiene, o gerenciamento do tempo e das brincadeiras, bem como a participação nas tarefas de casa. Também é de primordial importância os pais acompanharem e auxiliarem seus filhos no cumprimento das tarefas escolares.
4. A missão dos pais. Houve um tempo em que os bebês nasciam em casa dos pais, pelas mãos de parteiras. Após o nascimento, as mães se valiam das avós, das tias, das comadres ou outras mulheres suas vizinhas que se encarregavam de auxiliar e orientar as mães que davam à luz ao primeiro filho. Essas mulheres usavam suas próprias experiências neste mister. Só nos primeiros anos do século XX, nas grandes capitais dos principais estados, começaram a aparecer os hospitais maternidade e os profissionais especializados – os médicos geriatras e pediatras, reduzindo apreciavelmente as taxas de mortalidade infantil em prol do crescimento populacional.
Com essa mudança vieram grandes benefícios relativos à saúde dos filhos, tais como acompanhamento da gestação, ficha médica cadastral do bebê, características do recém-nascido, doenças e aplicação de vacinas, introdução de novos alimentos, desenvolvimento, importância da amamentação materna e muitas outras orientações médicas. Soma-se a isso, ainda, a rotina recomendada para o horário da amamentação, os passeios e o regime de sono, formuladas com o objetivo de garantir a saúde e a disciplina no desenvolvimento e na educação das crianças. De outro lado, cabe às mães esses árduos deveres, associados a moderados exercícios, trabalhos domésticos, boa alimentação e tranquilidade de espírito, calibrando emoções e leituras agradáveis e instrutivas, com participação da afetividade do marido. Enfim, cumpre que seja regular e calma a vida no lar.
É importante lembrar que, a partir dos dois anos, as crianças já possuem autonomia para brincarem sozinhas, sendo necessário apenas disponibilizar o espaço para a diversão. É importante estimular nesta fase a criatividade e deixar que as fantasias possam acontecer. É sabido que a criatividade fortalece a imaginação, assim como a disposição para a vida e a invenção de maneiras de viver.
Como estamos fazendo, neste artigo, alusão à maternidade e à paternidade e, como um e outro geralmente ocupam-se ou trabalham em locais diferentes durante o dia, recomendamos que, quando estão presentes juntos com as crianças, estabeleçam uma rotina familiar de uso do tempo para melhor proveito de todos.
Uma boa prática é reservar tempo, não qualquer tempo, mas oferecerem um ‘tempo de qualidade’ aos seus filhos pouco antes de se recolherem para dormir. Recomenda-se, também, que os pais dediquem algum tempo às crianças logo após as refeições, pois essa é a única hora que podem estar disponíveis. Essas e muitas outras orientações estão sempre presentes nos manuais especializados e revistas do gênero. Aos manuais de puericultura foram somando-se, ao longo do tempo, as revistas especializadas, como por exemplo, a revista mensal Pais & Filhos.
Não se deve, em hipótese alguma, deixar de cumprir a disciplina dos horários para tornar o bebê disciplinado desde o início da vida. Só assim, a mãe ficará liberada para os afazeres domésticos e cuidados consigo mesmas. Uma criança disciplinada não dará aborrecimentos aos pais e aprenderá desde o berço que, nesta vida, só se tem o direito de exigir o que nos pertence e nas ocasiões oportunas. Essa disciplina influirá beneficamente no seu sistema nervoso e a fará compreender que ela não deve ser o centro de todas as atenções. A criança que não tem horário e não compreende o que é disciplina se torna infeliz e infelicita o lar.
5. Conclusão. Quanto mais envolvidos estiverem entre si, pais e filhos, mais afetividade se desenvolverá entre eles e, também, aliviará o estresse diante das adversidades vividas no dia a dia.