A maldição do desespero

Grande número de pessoas insurge-se contra o fato de a vida neste mundo ser um verdadeiro campo de batalha, onde as vitórias só se conquistam através de uma luta sem fim contra inumeráveis obstáculos. Na maioria das vezes, quando tangidos pelas dificuldades, os carentes de recursos deixam-se enfraquecer, não fazendo gravitar em torno de seus espíritos, o conhecimento das responsabilidades que lhe são inerentes no perfeito equilíbrio do conjunto humanitário. Nesse enfraquecimento, perdem as vítimas o controle emocional, com sérios prejuízos para a saúde não só da mente, mas, também, do corpo físico, com o desarranjo em algumas de suas células.

Essas vítimas nunca chamam em seu auxílio as próprias forças iminentemente reservadas em si mesmas; pelo contrário, mostram-se, quase sempre, desanimadas e até se julgam com falta de “sorte”.

Nos dias atuais, quando as circunstâncias adversas mais exigem serenidade, autodomínio, espírito de renúncia, de abnegação e de amor ao trabalho construtivo, observa-se o quanto vem aumentando o número de pessoas inferiorizadas pelo desespero. Parece mesmo uma maldição esse avassalador desequilíbrio mental que, originando-se de outros fatores predisponentes, é, pelo menos, agravado pelas próprias vítimas inconscientes das responsabilidades de todos os seres humanos na construção de um mundo onde cada um possa viver melhor. Desesperado, como poderá ele desafiar os mais diversificados impedimentos do progresso? Jamais alguém terá condições de fazer frente aos implacáveis inimigos do bem-estar tão almejado neste planeta inferior.

Arrefecendo o entusiasmo de ação, a coragem, o valor moral e outras qualidades atributivas do caráter, os desequilíbrios da mente não deixam as almas ignaras conceder a si mesmas a determinação de fundamentar a vida na superioridade espiritual. Não sabem essas almas que as leis representativas da Natureza imperam com infalível precisão e, dentro dos seus dispositivos reguladores da evolução, nenhum abatimento poderá proporcionar aos espíritos encarnados os recursos reclamados pela solução dos problemas verificados nos painéis da existência terrena. Obedecendo aos imperativos dessas leis, foi criado o homem para desenvolver todos os seus dotes morais e espirituais, sendo, pois inconcebível que ele venha a ser dominado ou escravizado pelas fraquezas, quando as perspectivas se lhe apresentam tétricas ou sombrias no caminho da vida,

Publicado em abril de 1985.