O aprimoramento moral e ético almejado legitimamente pelos seres humanos, sobretudo por aqueles que despertaram para a realidade espiritual explanada pelo Racionalismo Cristão, não se consolida sem o sincero empenho em agir de forma exemplar. Para tanto, é fundamental compreender que as ações não devem apenas exteriorizar pensamentos e sentimentos elevados, mas também promover reflexões e aprendizados efetivos. Procuraremos analisar tal temática na presente reflexão.
As pessoas que adotam a equidade, a honestidade e a operosidade como princípios norteadores da vida dão ao mundo uma poderosa demonstração de respeito a si próprias e à humanidade, inspirando outros seres humanos a agir da mesma forma, ao mesmo tempo que bloqueiam em si os impulsos egoísticos que impedem a construção de sua própria felicidade. Dessa forma, os exemplos positivos fortalecem as relações e consolidam os vínculos afetivos. Atribui-se a François La Rochefoucald um enunciado com o qual concordamos inteiramente: “Nada é tão contagioso como o exemplo”.
Efetivamente, não basta reconhecer a importância do bom exemplo: é preciso um passo a mais. Faz-se necessário desenvolver um agudo senso de responsabilidade e empreender atitudes que se traduzem objetivamente na conduta, em consonância com padrões éticos e de elevada espiritualidade, que se revelam na disposição de promover o bem-estar da coletividade e a ampliação dos níveis de espiritualidade em todo o mundo. Para isso, é muito importante pôr-se no lugar do semelhante, a fim de compreendê-lo e auxiliá-lo sem jamais julgá-lo ou constrangê-lo.
Importantíssimos são os exemplos positivos que nos oferecem as pessoas que, independentemente da idade, mantêm vivas no espírito as salutares lembranças da infância, fase em que o aprendizado as envolvia por todos os lados. Isso nos leva a uma profunda reflexão: é na infância e na adolescência, etapas da vida plenas de emoções e sensações à flor da pele, que os bons exemplos assumem maior significação. Inegavelmente, as crianças e jovens necessitam de referências e exemplos de valor, pois as lições de sabedoria e virtude fortalecem a boa índole.
A falta de bons exemplos por parte de quem tem o dever de dá-los promove feridas sociais de difícil cicatrização. Não raras vezes, a pessoa premida de orientações e aprendizados tem sua coragem diminuída e seus melhores projetos convertidos em despeito e frustração. Daí a necessidade de multiplicar atitudes positivas, para que os exemplos, à semelhança de boas sementes lançadas em um solo fértil, possam render frutos abundantes.
Para que sejamos capazes de exteriorizar atitudes exemplares, é de fundamental importância que nos esclareçamos espiritualmente de forma autêntica, como são os ensinamentos defendidos pelo Racionalismo Cristão, uma vez que o desprezo à espiritualidade conduz o ser humano ao desprezo de todos os deveres éticos e morais que lhe impõe o viver neste mundo de escolaridade. Há que ter em mente que, enquanto os bons exemplos estimulam a criatividade, os maus exemplos a bloqueiam; enquanto os bons exemplos restituem virtudes ao ser humano, os maus exemplos lhas retiram.
Para concluir, desejamos, sinceramente, que as pessoas entendam que a eficácia de um bom exemplo é garantida pela sinceridade que o fundamenta. Ora, bons exemplos não combinam com artificialismos. Muitos indivíduos se utilizam de gestos estudados e atitudes teatrais como forma de impressionar determinado grupo; todavia, a máscara da mesquinhez e as estratégias de que se utilizam para disfarçar a hipocrisia retiram qualquer valor de suas iniciativas.
Por tudo o que abordamos nesta reflexão, fica evidente que o ser humano, por meio de cuidados básicos em relação a seus pensamentos e emoções e do desenvolvimento consciente de seus atributos espirituais, pode interferir positivamente nos mais diversos cenários da vida social, elevando-os e transformando-os com o vigor de seus pensamentos, com a nobreza de seus sentimentos e, sobretudo, com a força de seus exemplos.