A experiência da transcendência assume papel central na vida do estudioso do Racionalismo Cristão, na medida em que permite a abertura para acolher a vida, em toda a sua complexidade, como um caminho de aperfeiçoamento ético e espiritual. Apesar de coexistir no mundo uma multiplicidade de grupos de pessoas, cada qual com distintas formas de pensar e interpretar a realidade, os autênticos princípios espiritualistas são universais e atemporais, permitindo ao ser humano atento a essa realidade amadurecer emocional e psiquicamente.
As objeções à vivência de valores que transcendem ao imediatismo, ao consumismo e à busca incessante por prazer partem de setores da sociedade que defendem a finitude da vida ou a reduzem apenas ao ciclo vital. Tais objeções, infecundas e, em certa medida, irracionais, são duplamente deletérias: desestabilizam emocionalmente as pessoas e fomentam o desequilíbrio psíquico dos povos, em flagrante violência à essência espiritual do ser humano, que propende sempre para a espiritualidade.
Uma concepção de mundo que dissipa preconceitos e interpela para a mudança de hábitos, ressignificando o viver e direcionando o ser humano ao desenvolvimento de seus atributos e ao cultivo das virtudes, implica o abandono voluntário do materialismo obscurantista e a adesão total aos princípios da espiritualidade, como sãos os divulgados e defendidos pelo Racionalismo Cristão, tão importantes quanto fundamentais para o amadurecimento psíquico.
Quando o ser humano, fazendo uso da liberdade que o distingue, canaliza suas energias para as disciplinas construtivas da vida e para o bem-estar próprio e coletivo, está, na verdade, exteriorizando uma de suas mais importantes dimensões: o amor. Sim, fecunda e produtiva é a vida de quem nutre amor ao próximo, ao trabalho, à organização e à ordem. O amor verdadeiro não é passivo, muito pelo contrário: é a mola propulsora que dinamiza a existência.
Referenciais de vida que se reduzam a teorias normativas ou a regras de convívio são incapazes de promover estabilidade emocional ou de garantir o bem comum. Para alcançar níveis desejáveis de estabilidade e segurança psíquica, o ser humano necessita de um referencial seguro, que não apenas aponte caminhos, mas que também ofereça argumentos substanciais e racionais, que lhe permitam articular e coordenar de forma objetiva as demandas da vida.
A dramática situação que coletivamente vivenciamos, além de nos mostrar a importância da solidariedade e da pesquisa científica, que em nada se aparta da verdadeira espiritualidade, fornece-nos uma destacada oportunidade para que muitos abandonem o período da infantilidade psíquica em que se comprazem e, sacudidos pela realidade que os envolvem, amadureçam e assumam as rédeas da própria vida, respondendo por seus atos, acolhendo as responsabilidades que lhes tocam e jamais projetando nos outros as frustrações de que eventualmente sejam portadores.
Há que reconhecer que a temática que envolveu a presente reflexão vai de encontro à tendência à infantilidade emocional, tão em voga na contemporaneidade. Tal tendência fantasia e distorce a realidade objetiva. Infelizmente, não é insignificante o número de pessoas que se alienam e se perturbam por desconhecer a existência de um aspecto espiritual que interpenetra, sustenta e dá sentido à existência física. É no intuito de esclarecer essas pessoas que se elaborou o presente trabalho.
Pode-se concluir, depois de se meditar sobre o conteúdo ora publicado, que o amadurecimento é um processo em que se busca reconhecer, com uma nitidez ascendente, a importância dos atributos e faculdades espirituais ínsitos na estrutura humana, de modo a elevar e a promover a dignidade espiritual do ser humano. De maneira ainda mais concreta, o amadurecimento psíquico é o ponto de partida para uma experiência de vida em que a paz de espírito e a harmonia dos pensamentos sejam sólidas e constantes, como nos esclarece o Racionalismo Cristão.
Muito Obrigado!