Amai-vos uns aos outros – eis o que ensinou o meigo Nazareno. Mas, que lição difícil! Que conselho tão duro, que poucos o guardam! Não obstante a sabedoria, a eloquência do Mestre, a sua lição de amor ainda não foi assimilada, in totum, pela humanidade, apesar dos séculos que marcam o seu evento, porque a ignorância embota-lhe o raciocínio, o “eu” verdadeiramente egoístico a impede de praticá-la. Assim, é que o mais belo ensinamento cristão vai ficando no olvido. As criaturas, ao contrário do “amai-vos uns aos outros”, odeiam o seu semelhante.
Pais e filhos discordam entre si. Irmãos não se entendem. Estranhos não se compreendem. E tudo isso acontece justamente porque são maus discípulos, e como tais terão de pagar caro a negligência de pensar, de pôr em prática quão sublime ensinamento. Tornando-se refratários ao progresso espiritual, – causa precípua da existência do ser humano neste vale de lágrimas…
Se as criaturas, mormente as ditas religiosas, fossem melhores na forma e no fundo. Fossem elas mais devotadas ao amor fraternal, como irmãs que são na essência; não desejassem a outrem o que não desejariam para si mesmas, o mundo não seria palco onde se encenam tristes dramas, em atos da dramaticidade de um homicídio, um fratricídio e dos mais horripilantes crimes. Da mesma forma, o ódio, a maledicência, o sentimento de vingança, de perversidade não seriam alimentados até mesmo por aqueles que se julgam intérpretes dos ensinamentos firmados por Cristo, mas que – na realidade – os desfiguram.
Publicado em 20 de junho de 1964