Assim como existem doenças físicas, as próprias do planeta Terra e, muitas vezes, produto do livre-arbítrio de cada ser humano, há também as doenças da alma, as quais perturbam, obsedam e deixam cicatrizes morais tão profundas que concorrem para o seu estacionamento e atraso espiritual. É bem certo o ditado de que “conforme se pensa assim se atrai”. O pensamento é uma força poderosíssima e grandemente perigosa, quando mal dirigida. Do seu bom ou mau emprego podem resultar boas ações ou distúrbios físicos e psíquicos.
Ensina o Racionalismo Cristão que “a força do pensamento pode proteger a saúde física e mental”. O espírito exerce influência considerável sobre o corpo; portanto, matéria e alma estão de tal forma unidas por laços fluídicos que não deveriam quebrar, mas essas correntes às vezes se rompem, despedaçam, devido à fraqueza espiritual, à indecisão, à distração e ao mau uso do livre-arbítrio. O espírito enfraquecido e perturbado dá guarida a sentimentos inferiores, tais como a raiva, a inveja, o ciúme, o mau humor, a malquerença e o ódio, que se transformam em verdadeiras doenças, podendo levá-Io à obsessão e assim à alienação mental.
Ora, se a saúde do corpo está intimamente ligada à saúde da alma e se não há manifestação psíquica que se não faça sentir no organismo, está claro que esses sentimentos inferiores se refletem no corpo físico, por meio de vibrações fluídicas, através do sistema nervoso.
A raiva se estampa no rosto, deixando-o congestionado e pálido. A inveja deprime, amesquinha e desgosta o ser humano, por não prosperar e possuir posição social idêntica ao seu semelhante. O ciúme embrutece o indivíduo, tornando-o desprezível e comparável a qualquer irracional. O mau humor torna o homem incivil, grosseiro e mal educado. A malquerença provoca inimizades, torna a criatura antipática e de má índole. O ódio é um sentimento de rancor, de ira, próprio de espíritos de categoria inferior.
O ser humano dotado dessas mazelas morais é capaz de, através do pensamento, fulminar e aniquilar o seu semelhante, pois todos nós possuímos uma força íntima, um poder irradiativo que, quando empregado e orientado para o bem, produz coisas maravilhosas, mas quando dirigido para o mal torna-se funesto e grandemente prejudicial.
Um corpo doente reflete uma alma enferma. Isto demonstra que os sofrimentos morais enfraquecem o organismo, debilitam certos órgãos, imprimindo ao físico uma velhice precoce. As emoções desagradáveis e tristes predispõem o organismo à doença, enquanto os sentimentos agradáveis produzem saúde, alegria e bem-estar. A maior parte das enfermidades tem como causa uma perturbação nervosa, uma vida psíquica mal vivida e irregular. Algumas dessas doenças são o produto de um espírito viciado, desorganizado e cheio de manias, cismas e males imaginários.
Sejamos otimistas, encaremos a vida como ela se apresenta, livres de vaidades e ideias preconcebidas. Não tenhamos rancor, ódio ou inveja do nosso semelhante. Lembremo-nos de que muitas doenças mentais originam-se de uma vida errada, sem equilíbrio moral. Procuremos trilhar o caminho certo da vida e sintamos a alegria de viver, não a alegria dos prazeres materiais, mas aquela que proporciona ao homem poderes extraordinários para vencer-se a si próprio, pautando o seu viver dentro de princípios cristãos e sentimentos honrados.
Publicado em 8 de dezembro de 1961.