Nicolás Maduro diz o que quer e o Brasil baixa as orelhas, acovarda-se e não reage à altura do desacato. Ou reage agora ou poderá não ter outra oportunidade. Acredita-se que será fácil calar o valentão, que se fia na produção de petróleo e gás sem se dar conta de que a fartura de hoje é finita, amanhã poderá faltar, e o país vai viver de quê? Seu povo vai viver de quê, se hoje não se beneficia das vantagens proporcionadas pela exportação do petróleo e praticamente morre de fome.
Em tímida reação, o governo brasileiro lançou uma nota, via Itamaraty, protestando contra a ameaça “quem se mete com a Venezuela, se dá mal”. O Brasil avaliou que o país não deveria calar-se diante do mal uso de símbolos nacionais, como a imagem da Bandeira brasileira, mas não pretende divulgar outra réplica.
Venezuela, a quinta maior economia da América Latina, depois do Brasil, México, Argentina e Colômbia, produz cana-de-açúcar, milho, mandioca, cacau e café, mas o povo foge com fome de alimentos e de liberdade. O Brasil mantém as portas abertas aos infelizes esfarrapados e famintos, que precisam calar seu líder, que, pelos organismos que sustentam a ditadura, divulga bobagens. O país tem carência de milho, arroz, trigo, derivados de soja e carne bovina.
O fluxo de retirantes venezuelanos no Brasil tem crescido consideravelmente nos últimos anos. Este ano, o Brasil acolheu mais de 125 mil migrantes e refugiados venezuelanos por meio da Operação Acolhida. De janeiro a agosto, mais de 60 mil venezuelanos entraram no Brasil por Pacaraima, o que representa média de 250 pessoas por dia, e o presidente do Brasil diz que o país continuará a receber refugiados. Dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), agência das Nações Unidas, dão conta de que de janeiro de 2017 até julho deste ano 1.134.532 migrantes venezuelanos entraram no Brasil. Deste total, 532.773 já haviam deixado o país até setembro de 2024. Nos últimos cinco anos, o Brasil registrou a entrada de mais de 700 mil venezuelanos.
Pesa sobre Maduro a acusação de haver fraudado as últimas eleições presidenciais. Entre os que levantam suspeição está o Brasil. Como poderia, então, aceitar um país em tais condições como integrante dos Brics. Vetou seu ingresso e vetou bem. Daí a indignação de Maduro e a ameaça aberta ao governo brasileiro e ao Brasil. Diria um brigão de rua: “o vento que venta lá venta cá”. E um mais esquentado, grosseiro e decidido chamaria para a briga nos termos “cai dentro”.
Não se trata de adotar posição de beligerância, não é esse o escopo deste artigo, mas fazer entender o ofensor que poderá encontrar reação. E reação pesada. Cabe lembrar o conceito do Apóstolo da Amizade, repetido até nossos dias: violência gera violência. O objetivo aqui é a sustentação da dignidade de uma nação que não pode ser ofendida nem ameaçada por um estranho qualquer, menos por alguém que tem a moral estraçalhada por acusações das quais não consegue defender-se.
0 regime ditatorial venezuelano vive crise com o Brasil nos últimos meses e chegou ao auge quando a Polícia Nacional Bolivariana da Venezuela, controlada pelo chavismo, publicou clara ameaça ao Brasil: “quem mexe com a Venezuela se dá mal”. Que fará a ditadura bolivariana da Venezuela? Invadirá o Brasil? Ai, que medo!
A ameaça avança, num atrevimento desmedido: “nossa pátria é independente, livre e soberana. Não aceitamos chantagem de ninguém, não somos colônia de ninguém. Estamos destinados a vencer”. Brasil é um país pacífico, ordeiro, respeitador e respeitável, não pode ser desacatado. E por quem? Por um personagem que angariou a desconfiança das nações ao proclamar-se vencedor de eleição sem comprovar a vitória. Devia ter vergonha de ser alvo da desconfiança mundial por estar ocupando um cargo a que não tem direito. Antes de qualquer coisa, é um usurpador. Os desentendimentos e a violência que fere a diplomacia recrudesceram com o impedimento brasileiro de inclusão da Venezuela nos BRICS.
Originalmente chamado de BRIC, e depois de BRICS, com a aceitação da África do Sul, o bloco tem atualmente como membros plenos Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além dos recém-incorporados Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Irã. Os BRICS representam uma característica da Nova Ordem Mundial que está corretamente indicada na alternativa ação comercial. A Nova Ordem Mundial é caracterizada pela multipolaridade, ou seja, pela existência de vários centros de poder no mundo. Os BRICS são um grupo de países emergentes que promovem o crescimento econômico e o desenvolvimento socioeconômico sustentável entre eles.
O governo venezuelano convocou seu embaixador no Brasil para consultas, em meio à crise desencadeada pelo veto brasileiro ao ingresso da Venezuela no BRICS, imposto durante a cúpula do bloco do qual o Brasil foi cofundador em 2009, realizada entre 22 e 24 de outubro na cidade russa de Kazan, e pelos questionamentos sobre a reeleição do presidente Nicolás Maduro, em julho. O encarregado de negócios do Brasil em Caracas também foi convocado.
A linguagem deseducada, agressiva e desafiadora adotada no comunicado sobre as convocações registra: “Denunciamos o comportamento irracional dos diplomatas brasileiros, que, contrariando a aprovação dos demais membros dos BRICS, assumiram uma política de bloqueio”. O assessor de política externa do presidente brasileiro, que foi observador nas eleições presidenciais na Venezuela, disse que a decisão no BRICS se deveu a uma “quebra de confiança” com a Venezuela após o pleito. O Brasil, em linha com outros países da América Latina, além dos Estados Unidos e da União Europeia, não reconheceu os resultados oficiais das eleições de 28 de julho devido à falta de transparência no escrutínio.
Minha avó diria, delicada e educadamente, “toma vergonha na cara, menino levado”. Como ela não está mais entre nós, mando o recado: irmãos venezuelanos, entoem, compenetrados: ”Vade retro, Nicolás Maduro”. E ponham fé na força, hospitalidade, solidariedade e independência deste Brasil de rimas mil.