“Cuidado com seus pensamentos, pois eles se tornam palavras.
Cuidado com suas palavras, pois elas se tornam ações.
Cuidado com suas ações, pois elas se tornam hábitos.
Cuidado com seus hábitos, pois eles se tornam o seu caráter.
Cuidado com seu caráter, pois ele se torna o seu destino”.
Franks Outlaw
Este conjunto de frases de efeito que enriquece o nosso artigo define muito bem o comportamento humano em todos os seus aspectos, nos valores e nas atitudes comportamentais. Mas nós, racionalistas cristãos, sabemos que o destino não existe, por isso gostaríamos de mudar a última frase para “Cuidado com seu caráter, pois ele define sua personalidade”. É o que vamos detalhar, a seguir.
Atitudes. Um grupo de pesquisadores da Universidade de Michigan – EUA conduziu uma ampla pesquisa de campo sobre atitudes, intenções e comportamentos com doadores de sangue. Posteriormente, essa pesquisa foi aferida através dos registros da Cruz Vermelha, organização americana humanitária, responsável por essa promoção. Por esse estudo ficou claro que a atitude precede e é causa do comportamento que, por sua vez, é influenciado por meio do impacto dado pela intenção. Portanto, temos aqui três fatores que operam em conjunto, atuando uns sobre os outros: intenção, atitude e comportamento. Mas, note-se bem, uma atitude não significa que a pessoa realizará a intenção, ainda que a tenha. Daí porque a atitude não precede necessariamente o comportamento. Embora exista uma relação causal entre atitude, intenção e comportamento, os pesquisadores destacaram que a relação entre atitude e comportamento é pequena, sendo até mesmo reduzida, principalmente quando se leva em conta o passado. O que isso quer dizer? Significa que a atitude influencia o comportamento, porém com uma intensidade relativamente menor. Vale dizer, ainda, que o comportamento passado reduz o impacto das intenções sobre o comportamento atual à medida que o hábito aumenta, pois nesse caso o habito se torna uma resposta aprendida, subjaz ao subconsciente e, portanto, menos sujeito fica à vontade racional. Além disso, os pesquisadores concluíram que as intenções trazem um efeito direto no comportamento somente no curto prazo. Nossa conclusão é que há aqui um relação triunívoca.
Vê-se, portanto, que não é fácil definir atitude. Eis aqui uma que me parece mais lógica e racional: atitude é a concretização de uma intenção em forma de procedimento que leva a um determinado comportamento.
Sob o ponto de vista da Psicologia, atitude é comportamento típico e habitual que ocorre em circunstâncias diferentes. A vida anímica da pessoa determina a atitude que ela pretende exercer, muitas vezes repetidamente. A atitude tem grande importância e aplicação no estudo do caráter, seja ele inato, adquirido, estável ou instável, para sentir e atuar de uma forma determinada.
A Pedagogia define atitude como sendo uma disposição subjacente que, juntamente com outras influências, contribui para definir e determinar uma variedade de comportamentos. Ela sempre inclui a afirmação de convicções e de sentimentos ao nosso próprio respeito no sentido de atrair ou repelir as ações de outras pessoas. Além de ensinar, é importante destacar que um dos objetivos da educação é estimular as crianças à formação de atitudes favoráveis ao seu equilíbrio psíquico para que possam, ao longo de sua formação até a fase adulta, serem bons cidadãos na sociedade em que atuarem.
No âmbito da Sociologia, atitude consiste em adotar um sistema de valores e crenças, com certa estabilidade no tempo. Isso vale tanto para um indivíduo como para um grupo que se predispõe a expressar seus sentimentos e emoções de uma determinada maneira quando submetido a certas informações e estímulos. Por exemplo, um determinado comportamento de uma torcida de time de futebol, que ganhou o jogo, pode partir para a agressão da torcida rival.
Muitas pessoas não dão a mínima para a Filosofia, mas ela é o caminho de quem ama a sabedoria. Assim, uma atitude filosófica significa que só devemos aceitar algo que é considerado por muitos como “verdade absoluta”, depois de pensar muito sobre uma “suposta verdade”. Ela nos ensina a ter pensamentos críticos, fundamentados na razão e no bom senso em vez de no senso comum, este que sempre nos leva a erros e enganos.
Materialmente falando, a atitude comumente pode manifestar-se em posturas corporais, inclusive faciais.Por exemplo, uma atitude ameaçadora é uma postura corporal que expressa agressividade, e pode atuar como um mecanismo de defesa ou uma forma de intimidação. Basta observar as pessoas com quem você lida que encontrará esse tipo de atitude nos seres humanos e em muitas outras espécies do reino animal, principalmente quando acuados.
Valores. Já tratamos dos valores no artigo anterior. Mas, dada à sua importância para definir o tipo de atitude, positiva ou negativa, voltamos ao assunto. Anat Bardi e Shalom H. Schwartz investigaram a relação entre valores e comportamento no seu artigo Valores e comportamento: força e estrutura de relações (Values and behavior: strength and structure). Segundo esses autores, valores são importantes na compreensão de muitos fenômenos da Sociopsicologia, concluindo que a manifestação do comportamento é, seguramente, uma consequência importante e direta dos valores do indivíduo. Essa relação entre valores e comportamento faz sentido com os esforços que as pessoas fazem para estabelecer e mudar comportamentos e hábitos em suas vivências.
É inegável que os valores desempenham um importante papel em nossas vidas, principalmente os valores abstratos representados pelos atributos espirituais que compõem o caráter da pessoa que, em primeira instância, é de natureza moral. Mas é preciso levar em conta que um determinado valor manifesta-se de forma diferente de pessoa para pessoa na razão direta do seu grau de evolução. Segundo a Psicologia, os valores são fenômenos motivacionais que conduzem a objetivos amplos, bem definidos para uso em diferentes contextos e momentos. Apesar desses cuidados, a maioria de nossos comportamentos é espontânea, não resulta do uso do raciocínio e, portanto, é preciso ter muito cuidado para não trazerem complicações em nosso viver.
É do próprio Schwartz a afirmação de que a maioria de nossos valores é espontânea. Ele estudou profundamente os valores e definiu uma categorização para os dez valores de maior espectro, de acordo com a motivação subjacente a cada um deles: poder, realização, hedonismo, estimulação, autodireção, universalismo, benevolência, tradição, conformidade e segurança, todos muito apreciados na vida. O importante é descobrir que valores influenciam quais, e em que intensidade, nossos comportamentos e ações. Fica claro que ele deixou à parte os valores espirituais, aqueles que definitivamente formam o nosso caráter exteriorizado pela nossa personalidade.