Na primeira parte desse tema deixamos claro que a aura é um campo energético de matéria e energia muito sutil que vibra na frequência já alcançada por cada espírito ao longo de seu processo evolutivo e como ela é vista e sentida pelos médiuns videntes. Quem pratica a alta espiritualidade sabe que a percepção da aura por meio da clarividência é algo que, embora nato, pode ser desenvolvido através de técnicas e práticas de visualização. Agora, nesse artigo, vamos apresentar as tentativas de identificá-la e fotografá-la com técnicas e equipamentos desenvolvidos para tal fim ao longo da evolução científica da história da humanidade.
Embora já conhecida desde o Antigo Egito (cerca de 1500 a. C, com Trismegisto) e na Grécia antiga (700 a. C), o estudo sistemático das emanações da aura (eflú vios ou emanações ódicas) só tiveram lugar a partir de meados do século XIX, com as ocorrências das manifestações mediúnicas na Europa e nos Estados Unidos, das quais surgiram o Espiritismo e, na década de 1910, o Espiritismo Racional e Científico Cristão, conhecido hoje com o nome de Racionalismo Cristão. Neste artigo vamos fazer um percurso histórico sobre o que ocorreu a partir da segunda metade do século XVII.
Remontamos o conhecimento sobre o assunto ao ano de 1679, quando o médico escocês W. Maxwell foi o primeiro a escrever a respeito das “radiações humanas”. Cerca de cem anos mais tarde, Anton Mesmer, médico vienense (Áustria) retomou os estudos de Maxwell, designando o fenômeno caracterizado por um fluido magnético luminoso com o nome de “magnetismo animal”. As atividades objetivando a cura de certas moléstias psicossomáticas mediante a manipulação desse fluido ficaram conhecidas na Europa dessa época com o nome de “mesmerismo”.
Quase duzentos anos após, em 1855, o barão Karl Von Reichenbach, doutor em Ciências Naturais em Tubingen, na Alemanha, realizou trabalhos experimentais iniciais sobre as emanações emitidas e recebidas por sensitivos especiais no campo da mineralogia e geologia. Foram, também, iniciados trabalhos mediúnicos, citados por alguns autores como o teósofo W. C. Leadbeater, o parapsicólogo Paul Joire e outros.
Eflúvios ódicos. Foi Reichenbach quem deu o nome de eflúvios ódicos (título de uma de suas obras) às citadas emanações. A palavra ódico deriva da palavra sânscrita od, que significa “o que penetra tudo”. Os eflúvios ódicos eram observados em torno dos seres humanos por algumas pessoas “sensitivas” ou paranormais. Reichenbach realizou suas experiências durante 20 anos, tendo como colaboradores mais de 500 sensitivos provenientes de diversos países da Europa.
Esses sensitivos, em experiências realizadas em uma sala escura e sem janelas, completamente fechada, observavam, ao final de uma hora ou mais, certos fenômenos luminosos inexplicáveis. Nesses trabalhos, em volta das mãos aparecia uma espécie de nuvem cinzenta esbranquiçada, seguida de uma luminosidade azul celeste do lado direito e alaranjado do lado esquerdo. Saiam radiações da boca e do nariz e, mais intensas ainda, dos olhos.
Em 1882, o Comandante Darget, do exército francês, fez registros fotográficos envolvendo duas placas fotográficas separadas e isoladas por papel preto uma da outra, sendo que numa delas colocou uma folha de papel branco com várias figuras desenhadas. Essas duas chapas, com a chapa contendo as figuras, foram envolvidas por outra folha de papel preto isolando-as da luminosidade exterior e colocadas sobre a barriga de uma pessoa durante duas horas. Revelada a placa superior, nela foram encontradas as figuras que estavam na folha de papel junto à barriga. Darget afirmava que as figuras foram sensibilizadas pela passagem das emanações ódicas da pessoa. Mas esta experiência bastante simples teve seus opositores (Guillaume de Fontenay, Warcollier e Saint Albin), que alegaram que o resultado era obtido por intermédio de reações químicas da tinta ao calor e às secreções da pele.
Quinze anos após, em 1897, foi Jules Bernard Luys (1828-1897), médico e neurologista francês, diretor do Asilo Lunático de Ivy, quem inventou uma nova forma de fazer o registro fotográfico da aura. Ele mantinha os dedos durante 10-20 minutos sobre o lado gelatinoso de uma placa fotográfica mergulhada em uma solução de hidroquinona, obtendo registros com certa luminosidade. Os registros eram variáveis, em função de cada pessoa e do seu estado psicofísico. Esse método também recebeu muitas críticas dos céticos com explicações que teriam a ver com a ocorrência de calor, secreções da pele, erros metodológicos e até a ocorrência de uma “luminescência remanescente”.
Mas estas técnicas foram depurando-se e refinando-se através dos trabalhos de numerosos pesquisadores, no final do século XIX, entre eles Henry Baraduc, O.C. Lichtemberg, o polonês Lodco-Narcovitz e até mesmo do cientista brasileiro padre Roberto Landau de Moura, com sua teoria do perianto (aura ou corpo bioplasmático), cujas experiências precederam as do cientista russo Kirlian. Com técnicas mais sofisticadas e menos sujeitas ao erro, não seria justo deixar de fora do elenco histórico desses pesquisadores os nomes de Hector Durville (autor do livro O fantasma dos vivos) e Gabriel Delanne (grande expoente do espiritismo de Alan Kardec), que fizeram trabalhos demonstrando através de efluviografias a existência do fenômeno.
Também, nessa trajetória histórica vamos encontrar, em 1879, Walter John Kilner (1847 – 1920), licenciado em Medicina e responsável pelo Departamento de Eletroterapia do Hospital St. Thomas, de Londres, que realizou experiências com base nos trabalhos de Reichenbach, a fim de investigar, também, o fenômeno das emanações ódicas, como era conhecido na época. Em 1908, Kilner chegou à conclusão de que qualquer pessoa poderia observar as referidas emanações, desde que fosse auxiliada por um estimulante externo da visão. Ele conseguiu os melhores resultados com o uso da dicianina, que é um corante derivado da anilina e foi usado na indústria fotográfica como sensibilizador para as radiações infravermelhas. Em 1920, ele publicou o seu livro A aura humana. Provavelmente, Luiz de Mattos estudou essa e outras obras. É de se notar que nessa época as técnicas fotográficas eram tomadas em preto-e-branco e muito rudimentares.
Máquina Kirlian. Eis aqui a técnica usada por Kilner: ele trabalhava observando a pessoa despida, bem iluminada pela luz do dia contra um fundo negro. O observador ficava de costas para a fonte luminosa e entre ele e o fundo negro era colocada uma cuba transparente, contendo solução de dicianina. Os relatos da época indicaram que 95% das pessoas com visão normal conseguiam ver a sua aura, representada por um nevoeiro tênue e luminoso em volta do corpo. As luminescências observadas apresentavam formas diferentes para homens e mulheres.
A fotografia do halo energético emanado dos corpos de todo e qualquer ser vivo consagrou definitivamente o pesquisador eletricista russo Semyon Davidovitch Kirlian (1900-1980) e sua esposa assistente, Valentina Chrisanfovka Kirlian. Eles inventaram uma máquina fotográfica e obtiveram imagens desse halo energético, em 1939, ficando reconhecido cientificamente no que respeita à obtenção e conservação de imagens do fenômeno. Seu equipamento ficou conhecido como Máquina Kirlian.
A grande importância dessa descoberta reside no fato de que as emanações energéticas fotografadas pela Máquina Kirlian são dinâmicas e variam de cor, de tamanho, de aspecto e de forma de acordo com a condição psicológica da pessoa, podendo ser caracterizado nos fotogramas os estados de tristeza, alegria, amor, ódio, saúde, doença, angústia, estresse e tantas outras emoções e sentimentos que refletem o estado de alma da pessoa.
Essas constatações abriram um interesse de utilização da fotografia Kirlian em Medicina e em vários outros campos profissionais, mostrando que o “efeito Kirlian”, nome pelo qual ficou conhecido o fenômeno, é algo muito sério. Afirmamos, contudo, sem negar a grande importância da descoberta de Kirlian, que as kirliangrafias não podem ser chamadas propriamente de fotografias da aura. De Kirlian e sua máquina, suas aplicações e suas limitações, seguido dos avanços mais recentes, inclusive da fotografia digital, vamos tratar no próximo artigo.