Ao iniciar o presente artigo, pretendemos destacar que toda pessoa comprometida com seu aprimoramento espiritual se sente impelida à interiorização. Acreditamos que uma grande parte da sociedade, depois de vivenciar um período de entrega aos conteúdos do progresso estritamente material, começa a entrar numa época de maior conscientização. Percebemos um crescente número de pessoas sensíveis à realidade espiritualista, o que reflete, em última análise, uma autêntica preocupação com a vida em seu sentido abrangente.
A autorreflexão significa para o espírito abertura para novas perspectivas, que sejam incondicionadas e livres de preconceitos. É na intimidade que todos têm possibilidade de se reconhecer, entendendo a essência e o sentido da vida.
Esse tema ecoa essa necessidade do ser humano entender a si próprio para depois compreender seu semelhante. Portanto, a autorreflexão enseja um caminho de vivência dos valores que devem nortear a vida do ser humano.
Na pauta das mudanças, que porventura surjam nos momentos de introspecção, a pessoa deve utilizar como referencial seguro os princípios divulgados e defendidos pelo Racionalismo Cristão.
Qual a hora de parar e rever o trajeto? Sabemos que o dinamismo do Universo é uma realidade inexorável. Nesse sentido, quando propomos uma pausa para reflexão não estamos dizendo que a inércia seja uma possibilidade admitida por nossa Filosofia. Estamos, tão somente, nos utilizando de uma figura de linguagem para transmitir um conhecimento importante.
A filosofia racionalista cristã orienta a todos que mantenham o pensamento firme e elevado em todos os momentos da vida, porque são as verdadeiras convicções que impulsionam o ser humano e o fortalecem para superar as adversidades e desafios da vida. Assim sendo, é importantíssimo que façamos diariamente uma introspecção, a fim de reavaliarmos a qualidade dos nossos pensamentos e sentimentos, dos relacionamentos que estamos estabelecendo e dos ambientes que frequentamos. Como dissemos no início deste parágrafo: são as verdadeiras convicções que impulsionam o ser humano e o fortalecem. Nesse sentido, temos que revisitar regularmente nossas convicções. Que devem dirigir-se sempre para a prática do bem.
Não há por que existir concorrência entre as atividades ditas materiais e as atividades espiritualistas: uma implica na outra, e cada qual tem o seu espaço próprio de realização. Aponta nesta direção a síntese dos princípios racionalistas cristãos, quando realça a virtude de comedimento, no sentido que devemos dividir inteligentemente nosso tempo e dividi-lo é uma questão de disciplina de vida.
Qual é, afinal, o conteúdo e o sentido da limpeza psíquica recomendada pelo Racionalismo Cristão? Eis uma pergunta atualíssima e que interessa de perto a todos que buscam encontrar-se através dos princípios divulgados pelo Racionalismo Cristão.
A limpeza psíquica é uma prática de higiene mental que conduz à harmonia interior, possibilitando, assim, a tomada de decisões acertadas. Essa higiene mental é, fora de dúvida, o meio eficaz para disciplinar a vontade. Exercitando a calma e a serenidade a pessoa se libertará dos impulsos que a retêm no seu trajeto evolutivo.
A limpeza psíquica é, sem exagero, uma necessidade imperiosa do ser humano. Sendo ele um ser espiritual vivenciando uma experiência física, precisa religar-se às dimensões sutis da espiritualidade, a fim de se revigorar e edificar uma vida repleta de realizações. Afirmamos isto com base no entendimento racional e lógico de que a pessoa é mais que o seu corpo material, na verdade, sob a ótica racionalista cristã, o ser humano é o conjunto de três dimensões, que são: o espírito, o corpo fluídico e o corpo físico. Depreende-se daí uma conclusão. Da mesma forma que o corpo físico tem suas necessidades, as demais dimensões do ser humano também as têm, e elas são supridas pela prática da limpeza psíquica.
No momento em que as irradiações são proferidas, com sinceridade de propósitos, serenam-se as emoções e pensamentos e aclaram-se o discernimento e a prudência, harmonizando-se, por conseguinte, os sentimentos. Por esta razão, a limpeza psíquica deve ser feita com atenção e critério, e não de forma mecânica e rígida, em ambiente reservado, asseado, tranquilo e agradável, quando possível, facilita a concentração.
Tenha-se em mente que o conhecimento não se obtém apenas pelo estudo sistemático e acadêmico ou pela observação do mundo e da história, mas supõe como indispensável o intercâmbio fluídico; de onde surgem as inspirações e se evidenciam as intuições. Diante do exposto, fica nítida a importância da autorreflexão, como mecanismo eficaz na elaboração do conhecimento.
À medida que amplia seus conhecimentos no campo da espiritualidade, o ser humano se interessa cada vez mais pelas consequências de seus atos. Compreende a sua responsabilidade e o valor de seus atributos, libertando-se dos impulsos místicos que reduzem seu campo de visão.
Não é fechando-se em si mesmo que o ser humano alcançará a sua evolução, mas abrindo-se para as dimensões que o transcendem é que ele se liberta. Daí a importância da limpeza psíquica, como prática facilitadora da autorreflexão. O Racionalismo Cristão valoriza a limpeza psíquica mas não a superexalta, pois sabe que ela é uma ferramenta, mas o artífice é o espírito, é ele quem comanda as ações.
Mais do que metas o espiritualista tem ideais, e refletindo sobre tudo o que foi dito constata-se o quão profundamente se interpenetram a vontade de progredir em todos os campos da vida e a necessidade constante de reflexão.
Não se deve confundir autorreflexão com alienação mental, conceito que muitas vezes se traduz em fuga dos compromissos e responsabilidades. Orientamos que se reservem alguns minutos, diariamente, para o fortalecimento do senso de compromisso e para uma revisão de perspectivas.
Com as considerações feitas, alcançamos a compreensão de que a autorreflexão facilitada pela limpeza psíquica é um porto seguro para revermos nossos posicionamentos e avançarmos convictos de que estamos no caminho certo, iluminado por nossa querida Filosofia.