Caminhos para o pleno emprego
Opinião mais contundente aponta que será institucionalizada a precarização do emprego e trabalho com a extinção explícita das atividades fim. Seja um médico ou um professor concursados, não importa. Em um movimento grevista, justo, eles podem ser substituídos por terceirizados. O tempo dirá se, após a implantação das reformas, haverá diminuição do número de desempregados, que oscila em torno de 13 milhões. Número que não computa os que já desistiram de procurar ocupação e os que desempenham suas atividades em meio expediente em virtude da recessão da economia.
Existem instrumentos eficazes que podem colaborar para redução desse espantoso número de cidadãos sem trabalho. O cooperativismo é uma dessas atividades. Representa um dos mais antigos instrumentos associativos da história da humanidade. Inúmeras formas das pessoas, sobretudo, de menor poder econômico, se agruparem de modo parecido foram registrados desde a Antiguidade.
O cooperativismo moderno, no entanto, na maneira como hoje são conhecidas as sociedades similares, surgiu em 1844, na cidade inglesa de Rochdale, quando 28 tecelões fundaram uma cooperativa de consumo. Desde essa época remota, as organizações cooperativas têm proliferado em todo o mundo e vêm ampliando-se até os dias de hoje.
Precursores. Os pequenos agricultores, artesãos e operários foram alguns dos precursores desse movimento, pois se organizaram de modo a poderem sobreviver frente às situações impostas pelo mercado. Atualmente, perto de 1bilhão de pessoas fazem parte de alguma forma de associações cooperativas que representam um canal valioso para ascensão social deste enorme contingente de trabalhadores.
Para que haja sucesso na implantação dessa forma valiosa para criação de trabalhos e empregos, é mister que se faça uso de conhecimentos consagrados no Mundo do Gerenciamento de Projetos e/ou área de atividades similares, como no caso específico, do Project Management Institute (PMI). Enquadram-se de modo especial os pequenos e médios produtores agrícolas, as demais profissões com menos preparo educacional e tecnológico e até as de nível superior, que também têm sido vítimas do desemprego desenfreado.
O setor sucroalcooleiro representa um exemplo singular no que se refere à aplicabilidade do cooperativismo assessorado pelos métodos de gerenciamento de projetos. Com a utilização das melhores práticas de gerenciamento de projetos cujo uso, já praticamente perpetuado, ocorre desde os idos anos de 1980. Portanto, já se passaram três décadas, principalmente no chamado mundo industrializado, com notável contribuição para melhorar a estatística de sucesso na implantação dos empreendimentos.
Para subsidiar essa informação, registramos que estudos feitos pelo Standish Group em 2004 indicam que apenas 29% dos projetos mundiais são bem-sucedidos no cumprimento do orçamento, cronograma e qualidade planejados. No entanto, os mesmos estudam indicam a taxa de sucesso de 75% para os projetos que empregam os conceitos de gerenciamento de projetos.
Capacitação. Conjugado com a possibilidade de aquisição de maiores competências pelos cooperados para gerenciar os seus negócios, existe um panorama favorável a esse tipo de iniciativa para contornar a citada crise do emprego e trabalho. No aspecto de capacitação há inúmeros organismos governamentais nas três esferas – federal, estadual e municipal – que oferecem cursos gratuitos de como montar uma cooperativa.
Eletricistas, bombeiros gasistas e hidráulicos, costureiros, auxiliares de serviços gerais etc. são profissionais com perfil muito bom para se agruparem através de um modelo de cooperação. Pesquisas realizadas por institutos que estudam a oferta de emprego e trabalho mostram que grande parte dos cidadãos almeja abrir o seu próprio negócio. É a chamada era do empreendedorismo que o mundo está vivendo, a qual nos parece irreversível. Nesse contexto o cooperativismo ganha relevância importante em virtude da sinergia que permite entre diversos tipos de profissionais. “É aquela famosa frase que diz que a união é fortalecedora”.
Hoje há muitas instituições que dão assessoria financeira como ter acesso ao melhor crédito para investimento nas atividades produtivas. Os marcos regulatórios para as cooperativas no ambiente brasileiro já passaram pelo processo de maturação, havendo vasta legislação específica para o setor. Podemos citar também que as cooperativas sinalizam como instrumento muito bom para assimilar as ocupações tipicamente familiares em que se encontram mão de obra pouco qualificada e permitem melhor perspectiva de seu sustento econômico-financeiros. Existem fartas iniciativas para que o País tenha uma nova fase de pleno emprego, mas não há ilusão, pois é inexorável que a história não admite saltos, e o percurso frequentemente é penoso e inexistem atalhos e/ou estradas vicinais para que a nação trilhe esse caminho em direção ao pódio dos países considerados desenvolvidos.
Hilton Ferreira Magalhães
Engenheiro e Professor