Capacidade intuitiva

A presente reflexão objetiva lançar luzes sobre o tema da intuição pela ótica do Racionalismo Cristão, a fim de que as pessoas compreendam seu valor e se capacitem para, com confiança em si mesmas, discernir, no conjunto dos estímulos que espontaneamente lhe vêm à mente, entre quais devem ser observados e concretizados por se originarem dos conhecimentos intrínsecos e das Forças do Bem e quais devem ser enérgica e resolutamente rechaçados por serem oriundos das astutas, sutis e malfazejas correntes do pessimismo e do materialismo.

Os seres humanos não podem assimilar as oportunidades de crescimento espiritual que surgem a sua volta tampouco desfrutar de suas faculdades, vocações e habilidades, sem o contributo das boas intuições. Precisamente por essa razão, todos são indistintamente dotados de capacidade intuitiva.

O conhecimento da realidade que acabamos de mencionar tem implicações diretas na forma como a pessoa se relaciona consigo mesma e com o próximo. Daí a importância prática do assunto que ora abordamos nesta reflexão.

A história da humanidade está repleta de casos de pessoas que realizaram coisas inimagináveis, incluindo descobertas que marcaram a vida de gerações, a partir de insights e ideias espontâneas, inéditas e surpreendentes, não de maneira convencional ou cientificamente esquematizada. Seriam essas pessoas seres privilegiados? À luz dos conhecimentos filosófico-espiritualistas que nos proporcionam o Racionalismo Cristão, responderemos categoricamente que não.

Não nos interessa demonstrar que notáveis cientistas, pioneiros e inventores se valeram da intuição – não só dela, mas também de muito empenho e dedicação – para deixar seu nome indelevelmente registrado através dos tempos. Queremos, isto sim, deixar claro que todos, sem exceção, podem, conscientemente, valer-se das boas intuições na superação dos desafios cotidianos. Enfatizamos o advérbio “conscientemente” não por acaso. Estamos convictos de que as intuições de valor podem e devem emergir na mente das pessoas de maneira lúcida e de certa forma controlada, como consequência direta da qualidade de seus pensamentos e de sua conduta.

O bom uso da capacidade intuitiva e o esclarecimento espiritual que nos proporciona o Racionalismo Cristão não representam opções distintas e excludentes, mas duas realidades que formam uma unidade e se direcionam para um mesmo fim, qual seja, o desenvolvimento dos atributos espirituais e o aperfeiçoamento da personalidade. Com certeza, as metas não se alcançam com o simples desejo ou com a manifestação imatura da vontade, mas com a força da intuição e com o esforço disciplinado e persistente.

Na época atual, em que a sociedade se ressente das influências de um mundo ultradinâmico, no qual as transformações se dão em um ritmo extremamente acelerado, valorizam-se – e com razão, principalmente na vida corporativa, mas não só nela – a criatividade e a capacidade de encontrar soluções rápidas, eficazes e possíveis para os problemas que surgem a todo momento. Nesse contexto, cumpre-nos asseverar que o ser humano que tem tais qualidades é deveras intuitivo, sendo certo que sua capacidade de resolver situações complexas e de se desembaraçar de circunstâncias desafiadoras será tanto mais desenvolvida quanto mais atento ele for aos valores imperecíveis e imutáveis do espírito.

Amigos, a presente reflexão terá alcançado seu objetivo principal se aqueles que nos leem tiverem conseguido compreender que o desenvolvimento positivo e consciente da capacidade intuitiva proporciona autoconfiança, resiliência e sabedoria, além de fomentar soluções integradoras e venturosas, práticas e sustentáveis, para os desafios que surgem no lar, no trabalho, na comunidade e onde quer que a pessoa desenvolva suas tarefas, cumpra com as suas responsabilidades e intencione alcançar resultados não apenas satisfatórios, mas realmente surpreendentes, inovadores e duradouros, como nos assevera o Racionalismo Cristão.