Políbio (c. 210-128 a.C.), militar, político, historiador e geógrafo greco-romano, nasceu na cidade grega de Megalópole, mas viveu em Roma grande parte da vida. É autor da obra Histórias, que o tornou famoso em sua época.
A partir de 198 a.C., os romanos dominaram completamente a Grécia durante 40 anos. Em 168 a.C., após a batalha de Pidna, levaram, como reféns, mil gregos para Roma – um deles era Políbio.
Em virtude, porém, de sua grande cultura, ele logo seria admitido na casa de Lúcio Emílio Paulo (228-160 a.C), vencedor da Terceira Guerra Macedônica. Políbio não haveria de demorar também a merecer a amizade do general e estadista Públio Cornélio Cipião Emiliano Africano (185-129 a.C.), mais conhecido como Cipião Africano Menor ou Cipião Emiliano. Em suma, Roma adotou Políbio como filho e foi, na verdade, segundo ele, sua “segunda pátria”.
Enquanto Políbio escrevia os 40 livros, ou volumes, de sua obra, que conta a história do mundo mediterrâneo no período que vai de 220 a 146 a.C., conseguiu, graças a Cipião, acesso privilegiado aos arquivos públicos. Teve, então, diz o autor de Histórias, “oportunidade de compulsar cuidadosamente as numerosas fontes documentais existentes”.
Testemunha ocular. Em 147 a.C, Políbio se tornaria testemunha ocular da destruição de Cartago. Com efeito, não estava a passeio, e sim como historiógrafo, ao acompanhar, naquele ano, seu amigo Cipião à África. Pois a viagem do experimentado general não visava a outra coisa senão assumir as funções de novo comandante das tropas romanas envolvidas no conflito armado entre Roma e a cidade de Cartago, conhecido como Terceira Guerra Púnica, que àquela altura já durava dois anos.
O final da guerra, com a vitória dos romanos e a total destruição de Cartago, no entanto, não aconteceria senão depois de mais um ano de sangrentas, ferozes, encarniçadas batalhas, ao cabo das quais teriam restado, das hostes cartaginesas, poucos sobreviventes.
Após a morte de Cipião, em 129 a.C., Políbio, já encanecido e saudoso da primitiva pátria, houve por bem regressar, por fim, depois de 17 ou 18 anos, à sua Grécia, mais especificamente à sua Megalópole, cidade onde, um dia, quando cavalgava, literalmente caiu do cavalo, morrendo, então, em consequência da queda, aos 82 anos.
Ascensão à moda romana. Segundo a historiadora Camilla Nunes Campos, a obra de Políbio nos permite perceber também os reais fatores históricos da tão rápida e tamanha ascensão dos romanos, que puderam, em cinco décadas apenas, conquistar tão vasta extensão do mundo então conhecido. E isso contado por um historiador grego que fôra levado como cativo para Roma, depois de terem tornado seu país parte de uma imensa colônia romana, que abrangia, além da Grécia, a Macedônia e o sul da Tessália.
A obra Histórias, de acordo com outro estudioso, “prima pela objetividade e baseia-se em sólida análise das fontes e da tradição. Além disso, descreve com vivacidade os acontecimentos, as motivações e valores subjacentes, tendo como objetivo uma visão global dos acontecimentos e não uma simples cronologia de fatos”. Razão por que, acrescente-se, Políbio, em termos de cientificidade na análise histórica, chegou a ser comparado a Tucídides, um dos “pais da história”.
A exemplo desse seu compatriota, Políbio também formulou sua concepção a respeito dessa então jovem ciência. De fato, foi um dos primeiros historiadores a considerá-la uma sequência lógica de causas e efeitos, e sua obra e suas ideias constituíram um importante avanço da história no Período Helenístico.
Sentido da história. Segundo Políbio, essa ciência obedece a leis rigorosas que lhe conferem um sentido preciso e inevitável.
Por sentido da história entenda-se, diz ele, um ciclo decorrente dessas leis a que estão sujeitas as civilizações, as quais, como a vida, passam por fases de nascimento, desenvolvimento e decadência, seguidas de novo recomeço. Ou seja, opina a historiografia moderna, de certo modo, algo semelhante ao que hoje se dá o nome de “filosofia da história“.
A obra de Políbio influenciaria diversos políticos e pensadores, de modo especial Cícero, político, escritor, orador e filósofo romano do século I a.C., e Montesquieu, político e filósofo iluminista francês do século XVIII d.C. O trabalho historiográfico de Políbio serviria também de fonte a diversos historiadores posteriores a ele, como o romano Tito Lívio, por exemplo, que viveu de 59 a.C a 17 d.C.