Cólica renal

Cólica renal – o que é preciso saber
1. As cólicas renais são influenciadas pelo estilo de vida da pessoa ou existem fatores genéticos, malformação anatômica, substâncias alteradas na urina e sangue e outras causas?
A cólica renal é causada pela presença de um ou mais cálculos, mais comumente conhecida como pedras nos rins. Existem vários fatores que causam cálculos renais, relacionados com o próprio rim ou originários em outros órgãos, que produzem substâncias que são eliminadas pelos rins e formam cálculos. As substâncias mais comuns que causam cálculos são cálcio, oxalato, ácido úrico, fósforo, em níveis elevados na urina, diminuição de citrato, e aumento de cistina (mais comum em crianças).
O cálculo pode ser formado por uma ou mais substâncias associadas. O mais comum é o de oxalato de cálcio. Doenças de outros órgãos que produzem excesso de cálcio, ácido úrico, oxalato, fósforo e cistina podem levar à formação de cálculos, e o médico precisa estar atento para descartar um diagnóstico de doença sistêmica (doença da paratireoide, gota, doenças intestinais ou hematológicas).
Doenças genéticas podem levar à formação de cálculos e presença de familiar com cálculo aumenta a incidência na família, mas muitos pacientes que apresentam cálculo não têm história familiar. Se o paciente tem na urina as alterações que predispõem a formar cálculos e não se hidrata adequadamente, apresenta maior chance de desenvolver um ou mais cálculos. Doença dos Rins Policísticos (doença genética) predispõe à maior formação de cálculos.
2. Quais são os sintomas relacionados ao cálculo renal?
Dor em cólicas na região dorsal torácica inferior e lombar, dor abdominal anterior, no trajeto das vias urinárias (quando o cálculo está no ureter em direção à bexiga, dor na parte baixa do abdômen (hipogastro) quando está na bexiga, dor peri-umbilical com posterior localização dorsal, dor dorsal quando houver dilatação do rim com obstrução do ureter, dor pélvica (na mulher) e dor testicular no homem mas pode não dar sintomas.
3. O que caracteriza a insuficiência renal?
A Insuficiência Renal ou Doença Renal pode ser aguda, crônica ou crônica agudizada. Existem milhares de causas. Significa diminuição na filtração dos rins. A Lesão Renal Aguda reverte na maioria dos casos, raramente evolui para Doença Renal Crônica. A Doença Renal Crônica, dependendo da causa, pode evoluir para Doença Renal Crônica Dialítica e necessitar de um transplante de rim. Muitas causas, quando tratadas adequadamente, podem não evoluir para diálise e transplante. Quando um evento agudo acontece em paciente que apresenta Doença Renal Crônica, após a reversão do quadro, o paciente pode voltar à filtração renal anterior ou não, se o processo deixou sequelas. O cálculo pode levar à Lesão Renal Aguda, Crônica ou Crônica Agudizada. Aguda, quando obstrui o ureter e a pessoa tem um rim apenas ou, tendo dois rins, apresenta infecção associada (Pielonefrite Aguda). Pode obstruir o ureter e o paciente não ter dor e manter o rim dilatado por muito tempo e este não se recuperar mais, mesmo após a desobstrução. Pode também o cálculo aumentar de tamanho e ocupar o rim, associado a infecção de difícil tratamento e levar à perda do rim. Ao estar associado a muitas infecções renais, pode levar à Pielonefrite Crônica e perda da filtração. Portanto, é muito importante acompanhar com consultas periódicas e exames de imagem (Ultrassom ou Tomografia) a evolução do cálculo. A perda crônica de cálcio pela urina pode levar à osteoporose, portanto o paciente deve ser avaliado com densitometria óssea para descartar este problema.
4. Depois que o paciente tem a primeira crise, é importante investigar a causa? É possível diferenciar cada caso?
Sim, na maioria dos casos, pode-se identificar uma ou mais causas, mas existem casos em que não encontramos alterações conhecidas. Às vezes, torna-se necessário repetir os exames de urina de 24 horas, uma ou mais vezes, para descobrir a causa. Fazem-se as dosagens no sangue de cálcio, ácido úrico, fósforo e outros exames para ver doenças de outros órgãos e na urina de 24 horas, as mesmas substâncias e oxalato, citrato, cistina e sódio. De acordo com o resultado, o tratamento é individualizado, com medicações para corrigir o que estiver alterado.
5. O que fazer quando identificado o cálculo renal?
Depende se é único ou não, localização no rim, tamanho que possa ser eliminado sozinho ou com a associação de aumento de líquidos e medicações, se infecção está presente ou não, se está ou não obstruindo o rim ou causando dor intensa; se necessita ou não de intervenção do Urologista. A conduta médica depende de cada caso; conduta clínica ou intervenção por endoscopia, laparoscopia ou cirurgia. A investigação da causa è muita importante, depois do quadro agudo, para evitar novos cálculos ou diminuição na formação dos existentes. Sugerimos uma avaliação conjunta com o nefrologista, além do urologista.
6. Quais as melhores formas para evitar as cólicas renais?
Quais modificações nos hábitos devem ser adotadas? Cada caso deve ser orientado individualmente. Deve-se diminuir a ingestão de sal, proteínas vermelhas e para alguns pacientes o excesso de ingestão de cálcio, ácido úrico, fósforo ou oxalato. Não havendo contraindicação médica (doenças cardíaca, hepática e renal avançadas), orienta-se ingerir pelos menos 2,5 litros de líquidos, suco de limão ou melão, por conter citrato, medicações específicas para as alterações encontradas no paciente (diuréticos tiazídicos, para diminuir a eliminação de cálcio na urina; alopurinol para diminuir o ácido úrico na urina, citrato de potássio para aumentar o citrato na urina e outros tratamentos). Essas orientações devem ser prescritas pelo médico e não utilizadas sem a devida orientação. O citrato contém potássio e os sucos cítricos também. Se o paciente já apresenta queda da filtração, poderá aumentar muito o potássio no sangue e ter problemas com cãibras, paralisia muscular e arritmia no coração.
7. O paciente que apresenta cálculo renal deve ir ao médico?
De acordo com tudo que foi exposto e as complicações que podem ocorrer, a resposta é sim.
8. Como problemas emocionais podem agravar ou gerar cólica renal?
Não tenho conhecimento de estudo que faça esta correlação.
Jorge Alexandre Fares
(O autor é nefrologista, presidente da Filial Santos do Racionalismo Cristão)