“Em meio às adversidades, pensamentos positivos constituem um dos melhores caminhos para as soluções” – eis um enunciado rico em significações e de múltiplas facetas. Pela emoção que desperta e o sentimento que suscita, prescinde-se, muitas vezes, de uma análise mais rigorosa acerca de sua força e profundidade.
Embora matizadas de tonalidades afetivas e expressões subjetivas, a ideia de que o pensamento altruístico e a disposição psíquica inclinada a auxiliar o ser humano na superação de seus problemas constituem valiosíssimos instrumentos para atenuar a onda de desânimo e rivalidade que permeia a estrutura psíquica do planeta é válida, oportuna e digna de todo o crédito.
Nesta reflexão, procuraremos demonstrar a eficácia das considerações sensatas e dos pensamentos elevados tanto na superação das dificuldades pessoais quanto na edificação de um mundo melhor.
A natureza integral do ser humano o coloca em contato com duas realidades distintas, ainda que indissociáveis: o espírito e a matéria. Esse é o fundamento do edifício dos conhecimentos que nos propomos a divulgar e defender, sempre à luz dos excelsos ensinamentos do Racionalismo Cristão.
Desprezar os fatores extramateriais – quais sejam, psíquicos, emocionais, sentimentais e espirituais – em sua autenticidade e abrangência para analisar a ação dos elementos puramente materiais, perceptíveis pelos imprecisos sentidos físicos, é simplificar e reduzir demasiadamente a apreciação dos problemas e dramas vivenciados por homens e mulheres nas mais distintas épocas e regiões do planeta Terra.
Toda análise, ainda que sumária e superficial, do percurso histórico da humanidade não poderá omitir que as transformações e mudanças que se registraram ao longo do tempo aparecem estritamente relacionadas com a forma de pensar do agrupamento humano, nos mais diversos recortes temporais. Tal verificação nos impõe, então, como irrecusável o entendimento da importância e do poder do pensamento na estruturação da realidade concreta. Toda visão que seja refratária à influência do espírito e suas manifestações, como soem ser a intencionalidade, a cogitação e o pensamento, torna-se limitadíssima, para não dizer improdutiva.
A preocupação e o cuidado com o teor e a qualidade dos pensamentos irradiados exercem um papel preponderante no questionamento acerca de quais sentimentos devem ser cultivados e acalentados e quais devem ser suprimidos e desconsiderados. Este balanço íntimo possibilitará à pessoa aceitar a verdade dos fatos com mais facilidade e segurança. Nessa perspectiva, é válido salientar que o raciocínio, como atributo do espírito, é reconhecidamente uma das dimensões fundamentais do ser humano, de tal modo que seu exercício o auxilia consideravelmente na seleção e organização de seus pensamentos.
Assim sendo, a razão desempenha uma função moral de grande importância no que diz respeito à execução dos atos humanos e no que diz respeito às articulações no campo mental, como a análise dos pensamentos e das irradiações emitidas. Estas, com efeito, devem ecoar, inequivocamente, uma disposição interna à reflexão, ao exame criterioso, ao cultivo das virtudes e à busca pela ampliação do senso moral, pois assim o ser humano estará exercendo uma forte influência positiva no conjunto das intenções e pensamentos que preenchem um campo invisível – mas não imperceptível – a que denominamos no Racionalismo Cristão de atmosfera fluídica do planeta. Esta poderá, aliás, tornar-se “irrespirável” se os seres humanos, em seu conjunto, não despertarem para os valores da espiritualidade.
Organizando seus pensamentos de forma a potencializar aqueles que são positivos e promovem a dignidade humana, ao mesmo tempo que elimina os que o retém doentiamente na malha insidiosa do vício e da preguiça, da inércia e da autocompaixão, o ser humano se fortalecerá e, por conseguinte, superará com mais facilidade as situações dramáticas com que porventura se depare. Não poderá haver, portanto, autêntico desenvolvimento humano senão com a devida atenção à qualidade e ao teor dos pensamentos emitidos.
Estando à margem de qualquer dúvida a estreita ligação entre o pensamento e a realidade, também não se deve ignorar a relação que, por força dessa circunstância, se estabelece entre a conduta prudente – que é austera sem ser rígida e observante sem ser limitada – e a paz de espírito, tão almejada pelo gênero humano.
As irradiações associadas aos pensamentos nobres e elevados consubstanciados com leituras amenas e instrutivas realizadas pelo ser humano consciente do valor do trabalho honesto e benfeito têm, sem dúvida, o poder de neutralizar vícios e alimentar virtudes, primeiro do próprio emissor, depois de todos aqueles que tenham força de vontade para seguir-lhe o exemplo.
Em uma quadra histórica como a nossa, permeada de tantas dúvidas e divisões, violências e preconceitos, em que os autênticos valores são constantemente invertidos e, em alguns casos, até mesmo anulados por mentalidades fúteis e irresponsáveis, em uma época em que sobram discursos de paz e solidariedade sem que haja, no campo prático, a passagem da teoria para o ato, aparece-nos felizmente como uma luz norteadora a concepção de que as irradiações de nossos pensamentos podem alterar, em parte, a realidade que nos envolve. Aproveitemo-la.
Consciente da dinâmica articulação entre pensar e viver, entre meditar e agir, a pessoa sai como que da voz passiva dos verbos para assumir um protagonismo cada vez maior na sociedade contemporânea, tão carente de referenciais verdadeiros. O cultivo dos pensamentos de valor inicia-se com a disposição férrea do ser humano em manter disciplina na vida cotidiana, apurar as virtudes, ter controle sobre a administração do tempo, não se permitir dissipar em tolas especulações, concentrar-se em suas atividades, enaltecer o trabalho digno, pensar sempre favoravelmente no próximo, eliminando todo impulso à maledicência e ao pessimismo.
Meus amigos, há que fazer da vida um serviço para o bem, porque esta é a maneira mais eficaz de dar sentido à própria vida e nutrir os melhores pensamentos. Só pratica o bem quem pensa bem.
As considerações realizadas ao longo desta reflexão procuraram transmitir espontaneamente uma visão espiritualista sobre o tema, apontando caminhos sem jamais impor estilos de vida. Contudo, a meditação suscitada chama a atenção para o que é importante – a espiritualidade –, embora o importante nem sempre seja evidente. Para aqueles que duvidam de tal afirmação, sirva-lhes de resposta a réplica do inspirado escritor francês Antoine de Saint-Exupéry: “o essencial é invisível aos olhos”.
Uma exposição filosófico-espiritualista não deve ser uma simples repetição de conteúdos do senso comum nem uma coletânea de tópicos mais ou menos correntes sobre um assunto. Não deve falar mais do mesmo, e sim oferecer uma visão diferenciada, abrir novos caminhos, ampliar horizontes com vistas a capacitar o estudioso do Racionalismo Cristão a nutrir bons sentimentos com energia e vivacidade, a almejar com sutileza os tesouros do espírito, a irradiar pensamentos com elevação e brilho e, acima de tudo, a manter-se firme na repugnância ao que não engrandece nem dignifica o ser humano.
Muito Obrigado!